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Flores a Maria

Flores a Maria ou Mês de Maio consagrado à Santíssima Virgem Mãe de Deus

Mês de Maio consagrado à Santíssima Virgem Mãe de Deus

Coordenado pelo Pe. Martinho A. Pereira da Silva (1812 – 1895)

Flores apparuerunt in terra nostra – “Apareceram as flores na nossa terra” (Ct 2, 12)

Salve Maria!

Mais uma obra piedosa para o mês dedicado à Nossa Mãe Santíssima. É de imensa alegria poder trazer títulos assim, repletos de ensinamentos e que ao mesmo tempo são muitíssimos práticos para o nosso dia a dia, mais ainda por se tratar de obras que nos aproximam ainda mais da Mãe de Nosso Senhor, nossa Dulcíssima Esperança!

Flores a Maria é uma obra bem completa e prática, como mencionado, mas é preciso deixar frisado o que aqui diz o próprio autor a respeito do modo de praticar esta nobre devoção que “adverte-se que para celebrar o Mês de Maria e lucrar as indulgências concedidas a estes exercícios, não é necessário seguir todas as práticas que aqui se indicam, o principal é observar com fidelidade e perseverança as que se escolheram”, portanto, cada um que desejar acompanhar este itinerário ao longo deste mês, se prepare como pode e de acordo com seu estado de vida e realidades, a fim de, na constância e no amor, oferecer muitas, mas muitas flores à Nossa Senhora como frutos das meditações aqui colhidas.

Totis medullis cordium, tolis praecordiorum affectibus, omnibus Mariam hanc veneremur, quia sic est voluntas ejus, qui totum nos habere voluit per Maria.

“Veneremos a Maria com o mais íntimo do coração, com entranháveis afetos e máximo empenho, porque tal é a vontade do Senhor, que quis que pelas mãos de Maria recebêssemos todo o bem”

São Bernardo, Sermão da Natividade da B. V.

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ÍNDICE

Breve Biografia do Pe. Martinho António Pereira da Silva
Ao Santíssimo e Imaculado Coração de Maria
Protestação do editor
Ao leitor
Instrução sobre a origem e prática do Mês de Maria
Atos Preparatórios
Atos para depois da Meditação
Encomendações e outras orações
Ladainha de Nossa Senhora
Dia 30 de Abril. Motivos que devem incitar-nos a celebrar este mês com fervor
Dia 01 de Maio. A Predestinação da Santíssima Virgem
Dia 02 de Maio. A Imaculada Conceição da Santíssima Virgem
Dia 03 de Maio. A Natividade da Santíssima Virgem
Dia 04 de Maio. O Augustíssimo Nome de Maria
Dia 05 de Maio. Apresentação da Santíssima Virgem
Dia 06 de Maio. A Santíssima Virgem no Templo
Dia 07 de Maio. Os desposórios de Maria Santíssima
Dia 08 de Maio. Anunciação da Santíssima Virgem Maria
Dia 09 de Maio. Virtudes de Maria no mistério da Encarnação
Dia 10 de Maio. Sobre a Saudação Angélica
Dia 11 de Maio. A Visitação da Santíssima Virgem
Dia 12 de Maio. Sobre a dúvida de São José
Dia 13 de Maio. Expectação do Parto da Santíssima Virgem
Dia 14 de Maio. A jornada de Nazaré a Belém
Dia 15 de Maio. O nascimento do Salvador
Dia 16 de Maio. A Purificação de Maria
Dia 17 de Maio. Profecia de Simeão
Dia 18 de Maio. Fugida para o Egito
Dia 19 de Maio. Perda de Jesus no Templo
Dia 20 de Maio. A vida oculta da Sagrada Família em Nazaré
Dia 21 de Maio. Maria acompanha Jesus na vida evangélica
Dia 22 de Maio. Dores de Maria Santíssima na Paixão e Morte de seu Divino Filho
Dia 23 de Maio. Aparição de Jesus a sua Mãe depois de ressuscitado
Dia 24 de Maio. Sentimento de Maria Santíssima na Ascensão de seu Filho
Dia 25 de Maio. Gozo de Maria Santíssima na descida do Espírito Santo
Dia 26 de Maio. Socorros que os primeiros cristãos recebiam da Santíssima Virgem
Dia 27 de Maio. A morte da Santíssima Virgem
Dia 28 de Maio. A Assunção de Maria
Dia 29 de Maio. O puríssimo Coração de Maria
Dia 30 de Maio. Motivos de confiança no Patrocínio de Maria Santíssima
Dia 31 de Maio. A nossa Consagração à Santíssima Virgem
Consagração à Santíssima Virgem
Obséquios à Santíssima Virgem
Cânticos

Breve Biografia do Pe. Martinho António Pereira da Silva

Presbítero secular, examinador pró-sinodal do arcebispado de Braga; professor de teologia moral no seminário bracarense, etc.

Nasceu em Braga a 8 de outubro de 1812, faleceu em Vila do Conde a 9 de abril de 1875. Tomou ordens de presbítero em dezembro de 1843; foi nomeado professor de Teologia no ano de 1859. A este padre deve Braga a ideia da construção da estátua de N. Sr.ª do Sameiro, que do alto desse monte como que abençoa a cidade, e que um raio destruiu há bastantes anos, sendo depois reconstruída. Ia pregar na igreja do convento do Vairão, quando o surpreendeu uma doença que nem o deixou voltar a Braga, e ficando em Vila do Conde, ali faleceu.

Escreveu: Resumo da vida de Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da congregação do Santíssimo Redentor, etc., traduzido do francês, e seguido da novena do mesmo santo, traduzida do italiano, Porto, 1850; é sua só a tradução da Vida; enquanto à Novena, é reimpressão doutra mais antiga, já impressa em Lisboa; Manual do romeiro, ou visita ao real santuário do Bom Jesus do Monte, nos subúrbios da cidade de Braga, por um devoto, Porto, 1852; segunda edição, Porto, 1855; Programa para a solene dedicação ou consagração do magnifico templo do real santuário do Bom Jesus do Monte, nos subúrbios de Braga, aprovado pelo ex.mo e rev.mo sr. Arcebispo primaz, Lisboa, 1857; Dedicação ou consagração solene do magnifico templo do real santuário do Bom Jesus do Monte, etc., celebrada em 10 de agosto de 1857 pelo. ex.mo e rev.mo sr. Arcebispo primaz, Braga, 1857; saiu com as iniciais M. A. P. da Silva; Flores a Maria, ou o mês de maio consagrado à Santíssima Virgem mãe de Deus, etc., Braga, 1859. Depois da sua morte o Dr. Luís Maria da Silva Ramos coligiu no Porto em 1878 os sermões do padre Martinho, em três volumes, com o título: Sermões seletos do falecido padre Martinho António Pereira da Silva, coordenados e enriquecidos com uma noticia biográfica, e ilustrados com o retrato do autor, etc.

Ao Santíssimo e Imaculado Coração de Maria

Accipe quascumque exiles, quascumque meritis tuis impares gratiarum actiones
Santo Agostinho

Augusta, Imaculada e Santíssima Virgem, Mãe de Deus, Rainha dos céus e da terra, minha terna Mãe e poderosa Advogada, ao vosso amantíssimo e amabilíssimo coração, primor de obra da destra do Onipotente, abismo de graças e misericórdias, ofereço e consagro esta obra destinada a promover os vossos cultos, a celebrar as vossas glórias e aumentar a devoção para convosco. Invocando o vosso patrocínio a comecei, confiado nele a continuei e conclui, e agora, prostrado a vossos pés, vo-la apresento com amor e humildade em testemunho de gratidão. Acolhei-a benignamente, Senhora: abençoai-a, e por vossa intercessão fazei que ela produza abundantes frutos de piedade para a maior gloria de Deus e vossa, e proveito espiritual dos fiéis.
É a recompensa que deste trabalho vos pede o vosso mais miserável servo e indigno filho Martinho.

Protestação

Obedecendo aos Decretos do S. P. Urbano VII, de gloriosa memória, protesto que aos milagres, revelações, casos e graças de que se fala neste livro, não pretendo atribuir mais autoridade do que a puramente humana, exceto ao que já está aprovado pela Santa Igreja Católica Romana e Sé Apostólica, da qual me confesso obediente filho, e me sujeito ao seu juízo em tudo quanto publico neste livro com a mais inteira e filial submissão.

O Editor.

Ao Leitor

A bela e tocante devoção do Mê de Maria tem-se felizmente propagado entre nós com grande aproveitamento das almas. É um sintoma consolador de que o sentimento religioso ainda se conserva vivo no coração do povo português, não obstante os esforços incessantes da impiedade para o perverter, e a corrupção dos costumes que trabalha deveras para o materializar. Para coadjuvar o zelo das pessoas devotas, que se têm empenhado em promover tão saudáveis exercícios, empreendeu-se a presente publicação, para a qual se aproveitou a maior parte do livrinho O Novo Mês de Maria, por um sacerdote da diocese de Belly, obra de muito mérito, mas que hoje se tornou bastante rara. Não pequenas alterações se lhe fizeram, pois que algumas meditações se substituíram por outras que falavam de mistérios da Virgem, como dos Desposórios, Expectação, etc.

Substituíram-se os exemplos já demasiado sabidos, por outros quase todos da atualidade extraídos dos anais da Arquiconfraria de Nossa Senhora das Vitórias, do Mês de Maria do padre Debussi, do Apostolado das Filhas de Maria, e do excelente livrinho Le salut assuré par la dévotion á Marie. Dos antigos exemplos apenas ficaram dois por assim o exigir o fim
a que nos propúnhamos, o aumento e propagação da Confraria do Santíssimo Imaculado Coração de Maria para a conversão dos pecadores.

Em cada dia também se encontrará uma lição espiritual sobre alguma virtude análoga ao Mistério de que trata a meditação, quase sempre extraída do excelente livro Imitação da Santíssima Virgem; e em seguida uma máxima espiritual. Para jaculatórias empregam-se os versos das Ladainhas Lauretanas, divididos pelos dias do mês.

Finalmente ajuntaram-se alguns cânticos próprios para o mês de Maria e suprimiram-se as orações para a Missa e atos para a comunhão, já porque temos notado que este livrinho não despensa os fiéis do seu manual ordinário de orações; já porque em grandíssimo número de igrejas e casas particulares, o exercício do mês de Maio é feito de tarde, quando não tem aplicação aquelas orações.

Por esta franca exposição se pode bem entender que na presente composição nada entra de cabedal próprio de quem se encarregou desta nova edição; e isto certamente tornará a obra mais apreciável ao devoto leitor, a quem o atual editor pede por caridade que em suas fervorosas orações se lembre dele, e de quem primeiro o editou.

O Editor

Instrução sobre a origem e prática do Mês de Maria

I. Origem desta Devoção

Em todos os séculos da Igreja as grandezas e sublimes prerrogativas da Mãe de Deus tem sido objeto da profunda veneração dos fiéis; as eminentes virtudes, de que foi adornada, o alvo de sua admiração e imitação; e o poderoso crédito de que goza para com seu divino Filho, o motivo de sua firme confiança e terna devoção para com esta Mãe de misericórdia. Não é possível explicar, quanto o zelo pela glória desta incomparável Virgem tem sido engenhoso em inventar novos modos de a honrar, e de dar mais solenidade ao seu culto. Cada século tem visto estabelecer-se na Igreja uma infinidade de práticas santas, destinadas a animar a devoção de Maria, e a chamar sobre seus fiéis servos os tesouros de graças de que ela é dispensadora. Desta sorte a instituição das diversas festas em sua honra: o estabelecimento do rosário, da corôa, do Angelus, as devotas romarias, as procissões, os hinos, os cânticos, as ordens religiosas, as congregações, as confrarias erigidas debaixo de sua invocação, e tantas outras práticas que fôra mui longe enumerar, são outros tantos frutos preciosos da devoção a Maria, e novos meios de a honrar, sucessivamente propostos à piedade dos fiéis. O empenho com que estas santas práticas foram acolhidas por toda a parte, as bênçãos que aprouve ao Senhor ligar-lhes, os favores espirituais com que a Igreja as tem enriquecido, para as propagar e acreditar entre seus filhos, sobejamente provam quanto são saudáveis e conformes ao espírito de nossa Santa Religião. Assim tem acontecido em nossos dias a respeito do Mês de Maria, desta prática tão útil e grata às almas devotas, a qual parece ter sido reservada para estes últimos tempos, a fim de reanimar, nos tíbios corações dos cristãos, vivíssimos afetos para com a mais terna das mães.

O mesmo sentimento de devoção que desde longo tempo havia inspirado aos servos de Maria, que a honrassem três vezes ao dia, pela manhã, ao meio dia, e à noite; que lhe consagrassem um dia cada semana, o sábado; e que celebrassem ao menos uma festa cada mês em sua honra; lhes sugeriu a feliz lembrança de lhe consagrarem um mês inteiro no decurso do ano.

«Ora, quando se faz uma oferta,diz engraçadamente o Pe. Lalomia, deve sempre apresentar-se o melhor; por isso se escolheu de preferência o mais formoso mês do ano, o mês de Maio, que pela renovação da natureza e agradável variedade de flores de que a terra se esmalta, parece convidar a alma a renascer também para a graça, enfeitar-se com os mais belos atos de virtude e a formar deles como uma corôa à Rainha do universo»

Outro motivo não menos louvável deu causa ao estabelecimento desta devoção; foi afastar o povo dos perigosos prazeres que a primavera traz consigo, e aos quais o mês de Maio era quase inteiramente dedicado em algumas partes da Itália. Este mês era em muitos lugares um tempo de dissipação, que se costumava passar em festas e divertimentos profanos, tantas e tantas vezes funestos à inocência. Por meio desta feliz devoção, esse tempo de desordem se achou em breve transformado em dias de salvação.

Não se pode formar ideia do fervor, que durante o mês de Maria reina na Itália, tanto nas cidades, como nos campos. Por toda a parte se ouvem ressoar os louvores de Maria: é nas Igrejas, nos oratórios, nos mosteiros, nas casas particulares e até nas ruas e praças públicas, onde o povo se reúne certas horas do dia diante de alguma imagem da Mãe de Deus, para lhe pagar um tributo solene de amor, de veneração e louvor.

Nada há mais edificativo, do que a pontualidade e zelo, com que a França são igualmente seguidos estes santos exercícios em muitas comunidades religiosas, nos seminários, nos estabelecimentos de e educação, e nas mesmas oficinas e casas particulares, onde reina o santo temor de Deus.

Não é menos consolador o empenho, com que, há alguns anos, se tem propagado entre nós estes piedosos exercícios, ao mesmo tempo que se vão multiplicando as associações em honra do Santíssimo e Imaculado Coração de Maria, pois que estas devoções, ainda que distintas, admiravelmente se combinam e mutuamente se auxiliam.

Parece que as almas fiéis se voltaram, como que espontaneamente, para a poderosa Protetora dos portugueses. Pensamento animador, que nos dá a esperança de ver a religião florescente em um reino consagrado a Maria, e pelo qual ela se tem sempre interessado com tanta bondade! Não, Portugal não perecerá; a religião nunca sairá de seu seio, porque este reino está debaixo da proteção especial daquela Virgem que tudo pode para com Deus; porque os portugueses, cheios de confiança em Maria, se reúnem ante seus altares para celebrarem os louvores e implorarem os auxílios de tão eficaz Padroeira. Dez justos teriam bastado para salvar Sodoma. Não o duvidemos; os votos ardentes de tantas almas santas, de tantos servos fiéis de Maria, se elevará até ao trono doesta Mãe de misericórdia, e falarão eficazmente a seu Coração maternal.

É muito digno de um pastor, segundo o coração de Deus, favorecer este entusiasmo religioso para com a Santíssima Virgem; fazer conhecer aos fiéis, confiados a seus cuidados, uma devoção tão saudável e vantajosa; convidá-los a reunir-se pela manhã, ou à tarde, junto do altar de Maria para lhe tributarem seus louvores; e presidir ele próprio a estes santos exercícios, como já se pratica com tanta edificação em muitas paróquias. Oh! Quem poderá dizer os tesouros de graça, que tais reuniões atraem sobre o pastor e o rebanho, durante este mês abençoado! Não, não é possível que Maria deixe de aceitar agradavelmente uma devoção, que reúne durante um mês inteiro a seus pés tantos cristãos fervorosos, para todos os dias celebrarem seus louvores. Se por algumas boas obras pouco consideráveis em si mesmas, por um jejum, uma esmola, uma corôa rezada em sua honra, esta grande Rainha de misericórdia tem algumas vezes alcançado a conversão e salvação dos mais obstinados pescadores, que bênçãos não pedirá ela a seu divino Filho em recompensa de tantos atos de piedade, consagrados à sua glória, em favor do digno pastor, que tiver introduzido esta devoção em sua paróquia, e dos fiéis, que a houveram constantemente praticado?! Há tantos países desgraçados, onde, por um lamentável efeito de diminuição da fé, a Mãe de Deus é desconhecida, abandonada, algumas vezes até mesmo exposta aos insultos e ultrajes! Onde seus altares se acham absolutamente desertos, e num estado de pobreza e desalinho deplorável! Com que bondade, direi até, com que reconhecimento não acolherá esta terna Mãe as adorações dos cristãos fiéis, que trabalharem por compensar- lhe com seu amor e devoção a indiferença e desprezo de tantos corações ingratos? Sem dúvida que fará refluir sobre eles as graças preciosas que tinha preparadas para outros, que indignamente as recusaram.

Porém que digo? Não há paróquia tão abandonada, onde se não encontrem ainda algumas almas fiéis, alguns corações sensíveis aos encantos da piedade, que nutram sentimentos de confiança e amor para com a melhor das mães. Se não podem pois estabelecer-se publicamente os santos exercícios do Mês de Maria, não poderão por ventura, convidar-se as pessoas devotas a praticá-los em particular, fazendo-lhes apreciar as vantagens que deles poderão tirar para sua santificação, para a salvação das almas que lhes são caras, e das quais talvez muitas se achem bem apartadas de Deus? Ah! Se estas almas, resgatadas com o sangue de Jesus Cristo, se perdem em grande número neste século desgraçado; se a santa religião é atrozmente afrontada pela torrente do vício e da imoralidade; se a impiedade e a licença caminham ousadamente e ameaçam tudo submeter a seu terrível império; que barreira poderá opor-se a este flagelo devastador? A proteção de Maria, uma viva, sincera e firme confiança em Maria. É ela o refúgio dos pescadores, o socorro dos cristãos, a saúde dos enfermos: o seu nome sagrado foi sempre o terror do inferno. A história da Igreja nos oferece milhares de exemplos do seu poder contra os inimigos da salvação. Muitos fatos, referidos nesta obra, provam evidentemente a eficácia de sua intercessão para com Deus, a fim de obter a conversão dos pecadores mais desesperados, e devem excitar todos aqueles que ainda conservam algum zelo, a abraçar com empenho as santas práticas do Mês de Maria, que se lhes propõe.

«É verdade, diz o piedoso Muzarelli, que esta devoção não é tudo quanto pode fazer-se nos tempos em que vivemos, pela salvação das almas. É pouco, eu o confesso; mas contudo é alguma coisa; até julgo que é muito, pela benção que espero da parte da Mãe de Deus em favor daqueles que a praticarem com fervor»

Finalmente para incitar mais eficazmente os fiéis à santa prática de que falamos, acrescentaremos que o S. P. o Papa Pio VII, de santa memória, quis que todo este mês fosse um mês privilegiado, um mês de perdão e de santificação, durante o qual os tesouros espirituais da Igreja não cessassem de derramar-se todos os dias em favor de seus filhos. Por um Rescrito de 21 de Março de 1815, este venerável pontífice concede a todos os fiéis que fizerem cada dia, durante o mês de Maio, alguma oração pública ou particular, ou qualquer outra obra de piedade em honra da Santíssima Virgem, 300 dias de indulgência em cada dia; e uma indulgência plenária no dia do mesmo mês, que quiserem escolher, confessando-se, comungando e orando pelas necessidades da Igreja. O mesmo rescrito concede aos fiéis a faculdade de aplicar estas indulgências pelas almas do Purgatório.

II. Prática do Mês de Maria

O Mês de Maria não é uma devoção difícil e penosa, pelo contrario, pode dizer-se que entre as práticas de devoção consagradas a honrar a Santíssima Virgem, talvez não haja outra mais fácil, mais suave, e até mesmo mais agradável, pela escolha e variedade dos exercícios que a compõe, e que vamos explicar miudamente.

1. Prepara-se antecipadamente, no lugar da casa mais acomodado para o recolhimento, uma espécie de altarzinho, no qual se coloca respeitosamente a imagem da Santíssima Virgem, enfeitada com asseio e gosto. Em volta da sagrada imagem devem dispor-se na ordem conveniente luzes e vasos de flores, próprias da estação, que se renovarão com cuidado de tempo em tempo no decurso do mês. Não se imagina quanto este aparato exterior é próprio para inspirar sentimentos de devoção, e sustentar o fervor durante o tempo destes santos exercícios. Na França costumam em muitas casas erigir este oratoriozinho na sala do trabalho, ou do estudo, e ainda na casa da recreação. É um meio excelente de santificar estes logares e de fazer que as pessoas que ali estão pratiquem todas as suas ações com mais regularidade, como quem se acha sempre, por assim dizer, na presença de Maria. Nisto pode cada um seguir o que lhe ditar sua devoção; parece contudo que, podendo ser comodamente, a Igreja é o lugar mais conveniente para estes santos exercícios, os quais se tarão sempre com mais fervor junto do altar da Mãe de Deus, na casa consagrada à oração.

2. Celebrando-se com solenidade, poder-se-á seguir a prática usada já em algumas igrejas. No dia 30 de Abril à tarde faz- se o exercício de preparação. Um sacerdote ou clérigo paramentado de pluvial branco, vai presidir junto do altar de Nossa Senhora, o qual deve estar adornado de lumes, e vasos de flores; levanta o Deus in adjutorium, etc., a que os cantores respondem, e em seguida cantam o Hino do Espirito Santo — Veni creator ou a Sequentia Veni Sancte Spiritus, Et emitte, etc., com o Emitte Spiritum tuum etc., e o prestes canta a oração Deus, qui corda, etc. Logo um clérigo de sobrepeliz lê do púlpito os atos preparatórios e a meditação, com vagar e gravidade, fazendo uma pausa no fim de cada ponto, para que cada um possa refletir nas verdades que se propõem, e entregar-se aos sentimentos que devem despertar no coração; no fim da meditação lê a oração e os atos de conclusão. Segue-se uma prática instrutiva sobre a devoção do Mês de Maria, se houver orador que a faça; se não, pode suprir-se, lendo-se a primeira parte da presente instrução sobre a origem e desta devoção. Depois fazem-se as encomendações de necessidades espirituais e temporais que houverem, rezando-se uma Ave-Maria e a deprecação de São Bernardo: Lembrai-vos ó piíssima Virgem, etc. Canta-se a Ladainha de Nossa Senhora, Sub tuum præsidium, verso e oração, pelo prestes; e logo três quadras, às quais o povo repete. Ultimamente distribuem-se a sorte bilhetes em que estão apontados obséquios à Mãe de Deus, Jaculatórias e atos de virtudes, para se praticarem neste mês. Esta distribuição se renova nos dias décimo e vigésimo.

3. Em todos os dias do mês de Maio segue-se a mesma ordem, exceto que para a invocação do Espírito Santo, em lugar do hino, se pode cantar a Antifona: Veni Sancte Spiritus, etc., e depois dos atos da conclusão da meditação, lê-se um dos dois exemplos que vão para cada dia, a lição espiritual, máxima e jaculatória, e se fazem as encomendações, seguindo-se tudo o mais acima indicado. Na celebração particular desta devoção fica ao arbítrio de cada um aproveitar o que as circunstâncias permitirem.

4. De qualquer modo que se façam estes santos exercícios, uma vez que seja com devoção e perseverança, ninguém deixará de conhecer quanto eles são próprios para reanimar a piedade e atrair sobre os que são fiéis em praticá-los, a proteção especial da Mãe de Deus. Mas querendo-se tirar deles todas as vantagens espirituais que lhes estão ligadas, cumpre acrescentar as práticas seguintes, que são tão importantes, como fáceis de guardar na memória:

a) Unir-se cada um em intenção com todos os fiéis, que trabalham em honrar a Maria com um culto especial durante este mês.

b) Oferecer todos os dias para glória de Jesus e de Maria as suas orações, obras, trabalhos, penitências e privações que experimentar.

c) Recordar-se muitas vezes da virtude, obséquios e jaculatória indicada no bilhete que lhe coube por sorte, assim como da prática espiritual, assinada no fim de cada meditação; e não deixar passar dia nenhum, sem produzir alguns atos dela, dos quais formará como um ramalhete de místicas flores para oferecer à Rainha dos Santos.

d) Começar e acabar o mês recebendo os Sacramentos, fazendo-o também, segundo o conselho do confessor, nos domingos e dias santos, com as melhores disposições que puder.

e) Considerar todo o mês como um tempo consagrado à Mãe de Deus, e vigiar de tal modo sobre si mesmo, que não faça coisa alguma que possa desagradar-lhe.

f) Aplicar-se especialmente a combater a paixão dominante, implorando todos os dias para este fim o socorro da Santíssima Virgem.

5. O último dia do mês de Maio, ou o domingo seguinte, é destinado para fazer, a consagração a Maria, a qual deve coroar todos os exercícios. É conveniente que se dê a esta tocante cerimônia uma solenidade capaz de fazer viva impressão nos espíritos e nos corações; para que todos aqueles que tiveram a ventura de santificar este mês em honra de Maria, considerando-se dali em diante como ditosos servos, e filhos queridos da Rainha do céu, trabalhem por não degenerar de tão augusta qualidade, e procurem merecer cada vez mais o seu amor e proteção, por meio de uma constante fidelidade em seguir os seus exemplos e imitar as suas virtudes. Em algumas igrejas remata-se este belo mês com uma esplendida solenidade, precedendo vésperas cantadas na tarde do dia 30; na manhã seguinte faz- se Comunhão geral e solene, à hora competente Missa cantada, de tarde sermão, e Te Deum laudamus em ação de graças pelos benefícios recebidos por intercessão de Maria Santíssima neste mês abençoado.

6. A estas diversas práticas do Mês de Maria poder-se-ía acrescentar o Exercício das flores espirituais, que o Pe. Muzzarelli aconselha como um dos mais agradáveis à Santíssima Virgem, e dos mais úteis para nós, durante este mês. Este exercício, que algumas pessoas julgarão por ventura uma devoção pueril, não é outra coisa mais que o exame particular, segundo o método de Santo Inácio de Loyola, e a devota prática que São Francisco de Sales recomenda na sua Introdução à vida devota com o nome de Ramalhete espiritual. Ora, quando caminhamos após tais guias, não podemos ter receio de cair nas ilusões de uma devoção vã e inútil, pelo contrário, devemos esperar que as práticas, pelas quais estes grandes homens se santificaram, não nos serão menos proveitosas do que a eles, se as fizermos com aquela simplicidade de fé e terna devoção que os animava.

Eis aqui em que consiste o Exercício das flores espirituais:

Já dissemos que no princípio do mês de Maio, e em outros dois dias determinados, no decurso do mesmo mês, se distribuem bilhetes em que se acham escritos diferentes atos de virtudes e obséquios, que cada um deve praticar em honra e imitação da Santíssima Virgem. Além disto, no fim da meditação e exemplos de cada dia, vai proposta uma lição espiritual sobre alguma virtude, em que particularmente devemos exercitar-nos naquele dia, uma máxima para se refletir, e uma jaculatória para se recitar; todas estas práticas são como outras tantas flores espirituais, que se devem colher com grande cuidado durante o dia, porque desta fidelidade é que depende principalmente o fruto que se deve tirar do Mês de Maria. Mas para cada um se precaver contra a leviandade e inconstância, tão naturais ao espírito humano, devem escrever-se estes atos de virtudes em um papel com este título:

Grinalda de flores espirituais, escolhidas por mim, pobre pecador, para oferecer a Maria, minha divina Mãe

Depois se escreverão neste mesmo papel todos os dias do mês, do modo seguinte:

1.° dia.
2.° dia.
3.º dia.

À noite deve cada um examinar se praticou as virtudes, ou colheu as flores, que lhe estavam indicadas, isto é, a que lhe saiu por sorte, e a pertencente ao respectivo dia. Se teve essa ventura, ponha duas cruzes no dia, em que está; se não, ponha dois zeros, propondo ser mais fiel no dia seguinte. Se praticou uma das virtudes e a outra não, ponha uma cruz e um zero; se fez muitos atos da mesma virtude, poderá indicá-los com outras tantas cruzes.

Exemplo:

1.° dia ==†† == ou ==00== ou ==†0== ou em fim ==††††==

Acrescentando deste modo algumas flores em cada dia, se achará no fim do mês um tão número delas. No último dia, ou no dia escolhido para fazer a consagração, depois de uma comunhão fervorosa, se apresentará a Maria esta grinalda, ganhada com o precioso sangue de seu Divino Filho, e devemos ter a firme confiança de que esta Mãe de misericórdia aceitará de bom grado esta pequena oferta, e em troca nos alcançará abundantes graças.

7. Concluindo esta instrução, adverte-se que para celebrar o Mês de Maria e lucrar as indulgências concedidas a estes exercícios, não é necessário seguir todas as práticas que aqui se indicam, o principal é observar com fidelidade e perseverança as que se escolheram. O Beato João Berchmans da Companhia de Jesus, perguntando-lhe seus companheiros, quando estava no leito da morte, qual era o obséquio que deviam oferecer à Santíssima Virgem, para mais lhe agradarem e alcançarem a sua proteção, respondeu-lhes:

Quidquid minimum, dummodo sit constans – «A mais pequena coisa, contanto que seja feita com constância»

Oh quantas almas, diz a este respeito Santo Afonso Maria de Ligório, se teriam salvado, se continuassem a honrar a Maria com os obséquios que uma vez começaram! Quantas outras pelo contrário são devedoras da felicidade eterna à sua perseverança em honrar esta divina Mãe!

Invoção ao Espírito Santo

Veni, Sancte Spiritus, reple tuorum corda fidelium, et tui amoris in eis ignem accepde.

V/. Emitte Spiritum tuum et creabuntur.
R/. Et renovabis faciem terrae.

Oremus. Deus, qui corda fidelium Sancti Spiritus illustratione docuisti, da nobis in eodem Spiritu recta sapere, et de ejus semper consolatione gaudere. Per Christum Dominum nostrum. R/. Amen.

Em português

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do vosso amor.

V/. Senhor, enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R/. E renovareis a face da terra.

Oração. Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso. R/. Amém.

Atos Preparatórios para antes da Meditação

Eis-me aqui, ó meu Deus, na Vossa divina presença; Vós me vedes, me ouvis, e penetrais até ao íntimo da minha alma, descobrindo nela os seus mais recônditos pensamentos e afetos. Oh! Como poderei permanecer diante da face do Deus de toda a santidade, sendo tão miserável pecador? Quando penso em minhas numerosas infidelidades, em tantos e tão enormes crimes, que tenho cometido contra o meu Criador, o temor e o remorso se apoderam de mim, e quase não me atrevo a levantar os olhos para o céu….

A vós, recorro, ó divina Maria. Por toda a parte vos ouço chamar o refúgio dos pecadores, a consolação dos aflitos, a Mãe de misericórdia; sede, pois, o meu refúgio, a minha esperança, minha mãe! E alcançai-me o perdão de vosso adorável Filho….

Piedosíssima Virgem, bem conheceis minha ignorância e fraqueza; sem os auxílios da graça não sou capaz de bem algum; nem ainda posso ter um bom pensamento, nem excitar um bom sentimento em minha alma. Dignai-vos vós mesma ensinar-me a orar; desviai de mim todas as distrações, derretei o gelo do meu coração, inspirai-me atenção, recolhimento e fervor, para fazer bem esta oração.

(Segue-se a meditação do dia competente)

Atos para depois da Meditação

Bendito sejais, meu Deus, pelas graças que acabais de conceder-me durante esta oração, pelas luzes e bons pensamentos que nela me destes, pelas santas impressões com que movestes o meu coração, pelas saudáveis resoluções que me inspirastes. Perdoai-me a tibieza e a resistência às Vossas graças, as distrações e as negligencias de que me tornei culpado.

Virgem Santíssima, minha amável e terna mãe, confiadamente me lanço nos vossos braços, e espero encontrar no vosso santíssimo Coração um seguro asilo contra todos os perigos a que puder achar-me exposto: tomai-me debaixo da vossa proteção, vigiai em minha defesa, trazei-me à memória muitas vezes as minhas resoluções, e alcançai-me a graça de as praticar fielmente. Amem.

Encomendações e outras Orações

Meus caríssimos irmãos, recorramos ao Santíssimo Imaculado Coração de Maria, e oremos pela exaltação da Santa Igreja, pelo nosso Santo Padre o Papa, por todos os prelados e ministros de Cristo, pela nossa pátria, pelas casas religiosas, pelos seminários em geral e especial pelo desta diocese, pelas missões católicas, pelas necessidades deste reino, pela extirpação das heresias e cismas, pela paz e concórdia entre os príncipes cristãos, pela conversão dos pecadores, por todos os enfermos, cativos, tentados e aflitos por todas as necessidades, pelas quais temos obrigação de pedir, pelas que nos tem sido recomendadas, particularmente por… (aqui se especificarão as encomendações que houverem, tendo cuidado, tratando-se de pecadores, de não declarar o nome ou circunstâncias, por onde se possa conhecer quem são).

Por todas estas tenções em geral e cada uma em particular, bem como por todos os que concorrem para estes santos exercícios com suas esmolas, serviços ou assistência, e em união com todos os fiéis que os celebram no mundo católico, rezemos a Ave-Mana, e a súplica de São Bernardo. — Ave, Maria.

Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por vós desamparado. Animado, pois, com igual confiança, a vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de vós me valho, e, gemendo sob os pesos dos meus pecados, me prostro a vossos pés. Não rejeiteis as minhas súplicas. Ó Mãe do Filho de Deus humanado, dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos peço. Amém

Façamos dedicação de nós mesmos a Maria Santíssima para obter a vitória contra as tentações, especialmente contra as tentações impuras. — Ave, Maria.

Consagração a Nossa Senhora

Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a vós, e em prova da minha devoção para convosco, vos consagro neste dia e para sempre, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como propriedade vossa.

Aspiração

Lembrai-vos que vos pertenço, terna Mãe! Senhora nossa! Ah! Guardai-me e defendei-me como coisa própria vossa (1)

(1) O SS. P. Pio IX concedeu 100 dias de Indulgência, que poderão lucrar-se uma voz no dia, recitando-se de manhã e de tarde, com o coração ao menos contrito, uma Ave-Maria com esta oração e aspiração, para obter da Santíssima Virgem a vitória das tentações, especialmente contra a castidade; e recitando-se em todos os dias durante um mês, indulgência plenária em qualquer dia do mesmo mês, com tanto que se confessem, comunguem visitem alguma igreja ou oratório público, e aí orem segundo a mente de Sua Santidade. Assim também concedeu a Indulgência de 40 dias de cada vez que, ao ataque de qualquer tentação, recorram à Santíssima Virgem, recitando somente a dita aspiração.

Louvor ao Santo Nome de Deus

Pelo amor que devemos a Deus e pela honra de Seu santo e adorabilíssimo Nome, recitemos o seguinte devoto louvor em reparação das gravíssimas ofensas que se lhe fazem com tantas blasfêmias.

Bendito seja Deus,
Bendito seja seu santo nome.
Bendito seja Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Bendito seja o nome de Jesus.
Bendito seja o seu sacratíssimo Coração.
Bendito seja seu preciosíssimo Sangue.
Bendito seja Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento do Altar.
Bendito seja o Espírito Santo, Paráclito.
Bendita seja a grande Mãe de Deus, Maria Santíssima.
Bendita seja a sua gloriosa assunção.
Bendita seja a sua santa e Imaculada Conceição.
Bendito seja o nome de Maria, Virgem e Mãe.
Bendito seja São José, seu castíssimo esposo.
Bendito seja Deus nos seus anjos e nos seus santos.

A quem recitar este ato de louvor, são concedidas as seguintes indulgências:

  • Por cada vez que recitar: Indulgência de um ano (Pio VII, rescrito de 28 de Junho de 1801)
  • Indulgência plenária uma vez no mês a quem o recitar todos os dias, ao menos uma vez, contanto que se confesse, comungue, visite uma igreja ou oratório público, e ore segundo as intenções de Sua Santidade (Pio IX, Decreto de 8 de Agosto de 1817).

Estas Indulgências são aplicáveis às almas do Purgatório.

Ladainha de Nossa Senhora

São concedidos 300 dias de indulgência a quem devotamente a recitar (Decreto de 30 de setembro de 1817).

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai celeste que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus,
Santa Virgem das Virgens,
Mãe de Jesus Cristo,
Mãe da divina graça,
Mãe puríssima,
Mãe castíssima,
Mãe imaculada,
Mãe intacta,
Mãe amável,
Mãe admirável,
Mãe do bom conselho,
Mãe do Criador,
Mãe do Salvador,
Virgem prudentíssima,
Virgem venerável,
Virgem louvável,
Virgem poderosa,
Virgem clemente,
Virgem fiel,
Espelho de justiça,
Sede de sabedoria,
Causa da nossa alegria,
Vaso espiritual,
Vaso honorífico,
Vaso insigne de devoção,
Rosa mística,
Torre de David,
Torre de marfim,
Casa de ouro,
Arca da aliança,
Porta do céu,
Estrela da manhã,
Saúde dos enfermos,
Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos,
Rainha dos anjos,
Rainha dos patriarcas,
Rainha dos profetas,
Rainha dos apóstolos,
Rainha dos mártires,
Rainha dos confessores,
Rainha das virgens,
Rainha de todos os santos,
Rainha concebida sem pecado original,
Rainha elevada ao céu,
Rainha do sacratíssimo Rosário,
Rainha da paz,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

Antífona

À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó virgem gloriosa e bendita. Amém.

V/. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R/. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos. Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria.
Por Cristo Nosso Senhor. R/. Amém.

Consagração à Santíssima Virgem

Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e minha Mãe, rainha do céu e da terra, obra prima das mãos do Onipotente, digno objeto das complacências da Santíssima Trindade, espelho admirável de todas as virtudes, permita que, no fim deste mês de salvação e de graças, me lance a vossos pés para vos oferecer a homenagem do meu eterno reconhecimento, vos fazer a minha inteira consagração. Desejara, ó Mãe de bondade, possuir os corações de todos os homens, para vo-los apresentar; quisera a cada instante tributar-vos todas as honras que os anjos e santos vos tributam e hão de tributar para sempre no céu. Mas, sendo-me impossível realizar estes desejos, quero ao menos fazer tudo quanto está ao meu alcance. Prostrado junto do vosso trono, com o coração repassado da mais profunda veneração e entranhável amor, na presença do Santo Anjo da minha guarda e de toda a côrte celeste, vos escolho pro minha rainha, soberana e senhora, protetora e mãe; e nesta qualidade vos consagro pro uma dádiva inteira e irrevogável os meus bens, o corpo, a alma, os meus sentidos, as minhas faculdades, a minha pessoa e a minha vida. Tomo a resolução de nunca me envergonhar do vosso culto, de defender a vossa honra contra aqueles que quiserem atacá-la na minha presença, e de me gloriar sempre de ser vosso servo, vosso filho submisso e dedicado. Nunca deixarei passar um só dia, sem que vos tribute a minha vassalagem, e dirija as minhas orações. Ó minha amável Mãe, como poderia eu esquecer-me de vós um só dia, se todos os dias vos lembrais de mim, se não cessais de ocupar-vos da minha felicidade?

Virgem Santíssima, eis-me aqui, pois, todo consagrado ao vosso serviço. Sou vosso, pertenço-vos inteiramente. Quanto não posso, quanto não devo eu esperar debaixo de vosso amável império! Permita que no meio da alegria que sinto ao considerar tanta ventura, comece a por em prática a piedosa confiança que me inspirais. Deste vale de lágrimas invoco o vosso socorro, bem vedes os escolhos que me cercam, o furor dos inimigos que me atacam, não me desampareis. Sois tudo para com Deus, sois minha Mãe, a mais terna das mães, quanto não devo esperar de vós! Será possível, ó Maria, que vos interesseis menos na minha salvação do que o inferno se interessa na minha condenação? Ó Mãe de bondade, Mãe de misericórdia e amor, tende compaixão de uma alma que se gloria de pertencer-vos. Afastai os perigos a que estou exposto, dissipai os meus cruéis inimigos, sustentai a minha fraqueza, assisti-me em todos os momentos da vida, dirige-me até ao fim da minha carreira no mar tempestuoso deste mundo, e conduzi-me ao porto da feliz eternidade, aonde espero bendizer-vos, louvar-vos e amar-vos com todos os escolhidos por todos os séculos sem fim. Amém.

OBSÉQUIOS

Que o cristão devoto pode praticar em honra de Maria Santíssima

1. Todos os dias.

— Rezar de manhã e à noite três vezes a Ave-Mana com esta deprecação antes de cada uma:

Minha Mãe, ajudai-me hoje, para que não ofenda a Deus

Propondo nunca mais pecar.

— Fazer pela manhã e à noite a dedicação a Maria Santíssima, que se acha acima.

— Rezar a Ave-Maria todas as vezes que o relógio der horas ou quartos.

— Ouvir Missa em honra da Mãe de Deus.

— Visitar a sua imagem em alguma igreja, ou mesmo em casa.

— Rezar a corôa, ou o Terço do Rosário, ou o Mistério do Rosário vivo, ou a Corôa da Imaculada Conceição, a Corôa das doze estrelas, a coroinha do Imaculado Coração de Maria, a Ladainha de Nossa Senhora etc.

2. Todas as semanas.

— Rezar o Rosário; jejuar no sábado, ou praticar alguma mortificação, ou dar uma esmola especial em honra de Maria Santíssima.

3. Todos os meses.

— Confessar-se e comungar,se o não poder fazer mais amiúdo, e fazer um dia de retiro em honra de Maria Santíssima.

4. Todos os anos.

— Dedicar-lhe um mês, e praticar em todo ele os obséquios que se praticam no mês de Maio em honra e louvor da mesma Senhora.

5. Celebrar com devoção as novenas das principais festividades de Maria Santíssima, e no dia da festa receber os santos Sacramentos e renovar a consagração de si mesmo à Senhora.

6. Repetir frequentes vezes as seguintes jaculatórias:

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Pela vossa santíssima virgindade e Imaculada Conceição, o puríssima Virgem, fazei puro o meu corpo, e santa a minha alma.

Bendita seja a santa, imaculada e puríssima Conceição da bem-aventurada Virgem Maria.

Ó Coração de Maria,
Doce, amante Coração,
Quer na vida, quer na morte,
Sede a minha salvação.

Sete vezes a seguinte jaculatória com uma Ave-Maria antes de cada vez.

Santa Mãe, isto vos peço,
Fique o peito bem impresso
Das Chagas do Crucifixo.

N. T. — Estas três últimas jaculatórias são indulgenciadas.

Cânticos a Nossa Senhora

Que podem entoar-se nos exercícios do Mês de Maria

Cântico I

1.º

Ó Virgem amável
Celeste Maria,
Nossa luz e guia,
Nossa dita e amor:

2.º

Vossos dons e graças,
Todos exaltemos,
Todos entoemos
O vosso louvor

3.º

Dos tristes alívio
Sois, ó Virgem pura;
Toda a criatura
Vos deve louvar;

4.º

Das divinas graças
Sois dispensadora,
Soberana Senhora,
Virgem singular.

5.º

Qual celeste orvalho
Em manhã serena,
Com doçura amena
Todos consolais:

6.º

Se a vós recorremos,
Ó Virgem piedosa,
Qual Mãe carinhosa,
Socorro nos dais.

7.º

Vós do céu sois porta,
Vara florescente,
Virgem excelente,
Mãe do Salvador;

8.º

Sois brilhante aurora,
Matutina estrela,
Toda pura e bela,
Modelo do amor.

9.º

Qual Ester formosa,
Mãe dos desvalidos,
Os nossos gemidos
Amante acolheis:

10.º

De graças tesouro,
Vós aos pecadores
Prestais mil favores,
De mil bens encheis.

11.º

Dos que vos invocam
Sois escudo forte;
Consolais na morte,
Na vida amparais;

12.º

Sois dos portugueses
Terna Padroeira,
Sois medianeira
Dos filhos que amais.

13.º

Ouvi, ó Maria,
O nosso pedido;
Ah! Seja atendido
Nosso clamor:

14.º

Neste mês de bênção,
A vós consagrado,
Seja renovado
O nosso fervor.

15.º

Em nós se desperte
A fé mais ardente;
Seja permanente
Nossa devoção.

Cântico II

Coro

Virgem santa, Mãe celeste.
Cheia de graça e doçura,
Vossa proteção divina
Nos dê paz nos dê ventura.

1.º

Ó Maria, ó Virgem pura,
Vossos louvores cantamos
Neste mês de graça e bênção
Cultos mil vos consagramos.

2.º

Lá desde o seio materno
Sem mancha fostes criada,
E da morte e do pecado
Felizmente exceptuada.

3.º

Quebraste o altivo império
Da serpente venenosa:
De seus pérfidos enganos
Triunfastes gloriosa.

4.º

Isenta de toda a culpa,
A nós culpados amais,
E da eterna desventura
Compassiva nos livrais,

5.º

Para ser Mãe do Homem-Deus
Só vós fostes escolhida:
Aos mortais que vós se abriram
As portas da eterna vida.

6.º

Do seu triste cativeiro
Por vós foram resgatados;
Sacrificou-se o Inocente,
Para salvar os culpados.

7.º

Sim, por nós, por nos salvar
O vosso Filho nasceu;
Para a todos dar a vida
O vosso Jesus morreu.

8.º

Da nossa dita e ventura
Sois o feliz instrumento;
Da mão do Eterno obra prima
Sois da criação portento.

9.º

Em vós derramou mil graças
A destra do Onipotente;
O esforço mais admirável
Sois do seu poder ingente.

10.º

Ó Maria! Ó nome augusto!
Nome de paz e união!
Penhor de eterna ventura!
Fonte de consolação!

11.º

Amável celeste Virgem,
Refúgio de toda a terra!
Mil dons, mil graças, mil bênçãos,
Vosso doce nome encerra.

12.º

Ah! Por vós sendo escudados,
Que perigos temer podemos?
Sim, por nós rogai piedosa,
Do inferno triunfaremos.

13.º

De Pai sois filha querida,
De Jesus sois Mãe amada,
Sois do Espírito Divino
Terna Esposa imaculada.

14.º

Da Trindade e templo augusto
Arca da nova aliança,
Tornai-vos por vosso auxílio
Dignos da celeste herança.

15.º

Fazei que sempre ocupados
Em servir e amar a Deus,
Quebrando as prisões da carne,
Vamos gozá-lo nos céus.

Cântico III

Coro

Cantemos, cantemos
Seu nome ressoe,
E o orbe lhe entoe
Vozes de louvor.

1.º

Vós sois minha esperança
Sois minha alegria,
Minha Mãe e guia,
Minha dita e amor.
Cantai com afeto,
Cantai a porfia
Da doce Maria
O nome e louvor.

2.º

É Mãe amorosa,
que a todos nos ama,
E afável nos chama
Com plácida voz.
Seu meigo convite
Os peito acende:
Não fujas, atende,
E acode veloz.

3.º

Estende seu manto,
E nele acolhido,
Qual filho querido,
Te quer defender.
Não temas, é ela
A mesma doçura;
Ai! Tanta ventura
Não queiras perder.

4.º

Mil vezes ditosa
A alma inocente,
Que sabe prudente
Tal dita lograr.
Angélica língua
Ainda que tivera,
Quem assaz pudera
Tanto bem louvar?

5.º

Eia pois, seremos
Vossos desde agora:
Olhai-nos, Senhora,
Com olhos de amor.
De vós, Mãe suave,
Ser filhos queremos,
Corremos, corremos,
Ao vosso clamor.

6.º

Em vícios o mundo
Transporta alagado:
Triunfa o pecado,
Mentira e traição:
E à alma inocente
Sempre disfarçado
Veneno lhe dão.

7.º

Olhai-nos, Senhora,
No mundo gemendo,
E ao céu recorrendo
As mãos levantar;
Ao vício ardiloso
Ninguém tolhe o passo,
E só vosso braço
Nos pode livrar.

8.º

Vedes? Cada dia
As fauces dilata,
E mil arrebata
O fero dragão,
Quem pode sem pranto
Ver tanta ruína?
Ó Virgem divina,
Tende compaixão.

9.º

A altiva cabeça,
Senhora, esmagai-lhe;
Senhora, frustrai-lhe
Seu ardor brutal.
A antiga piedade
Fazei que reviva,
E que sempre ativa
Seja em Portugal.

10.º

Vossa glória os lusos
Publiquem devotos;
Atendei seus votos
Pelas doce paz,
Contra tantos males,
Que hoje os dilaceram,
Só de vós esperam
Remédio eficaz.

11.º

E nós seu triunfo
Com prazer cantemos,
A dita exaltemos
De ser Mãe de Deus.
Jamais a deixaremos,
Jamais a esqueçamos:
Seguros sigamos
Os vestígios seus.

12.º

Neste mês de graças
Nosso amor se aumente
Seja mais ardente
Nossa devoção.
E para colhermos
Abundante fruto,
Demos-lhe em tributo
Nosso coração.