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Primeira preparação para o Natal

Meditação para o Sábado da 1ª Semana do Advento. Primeira preparação para o Natal

Meditação para o Sábado da 1ª Semana do Advento

Sumário

Para dispor a nossa alma para o nascimento do Salvador, consideraremos, na nossa próxima oração, que a preparação mais urgente é:

1.° Renunciar ao pecado;

2.° Expiar o pecado pela penitência.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De vigiar sobre nós para evitar o pecado;

2.° De aceitar, por espirito de penitencia, todos os trabalhos e incômodos que possam sobrevir-nos.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Isaías:

“Preparai o caminho do Senhor” – Parate viam Domini (Is 40, 3)

Meditação para o Dia

Adoremos Jesus Cristo advertindo-nos pela Sua santa Igreja, que preparemos na nossa alma o caminho para a Sua próxima vinda (1). Agradeçamos-lhe tão útil advertência, e prometamos-lhe pô-la em prática durante todo o santo tempo do Advento.

PRIMEIRO PONTO
É preciso renunciar a todo o pecado:
1ª Disposição para a festa do Natal

Quando um soberano ou algum grande personagem deve vir habitar em alguma parte, o primeiro cuidado das pessoas chamadas à honra de recebê-lo, é limpar o aposento que lhe reservam, e tirar dele toda a mancha, que poderia ferir-lhe a vista. Jesus Cristo deve, no próximo Natal, vir nascer e reinar em nós, dirigindo Ele mesmo os nossos sentimentos e procedimento. Toca-nos portanto expulsar do nosso coração, não só todo o pecado, mas todo o apego ao pecado, principalmente a certos pecados preferidos, em que caímos tantas vezes, e que temos desculpado sempre a nós mesmos, apesar das reclamações da nossa consciência. Toca-nos não só chorar as nossas distrações voluntárias em si mesmas ou em suas causas, as nossas palavras pouco caridosas, as nossas mentiras, a nossa sensualidade; mas também extinguir a má disposição que gera essas culpas, a indevoção que causa estas distrações, a secreta aversão de que procedem tantos pecados contra a caridade, o espírito de orgulho, que nos induz a dizer tantas mentiras para nos termos em grande conta, o amor desordenado de nós mesmos, que produz a nossa sensualidade. Cegos que somos, agarramo-nos aos ramos, e deixamos o tronco e as raízes, que produzem novos ramos. Toca-nos separar-nos de todas as ocasiões de queda, tais como certas companhias que nos corrompem, certas ligações que nos arrastam, certas relações que nos perdem. Examinemos aqui a nossa consciência.

SEGUNDO PONTO
É preciso expiar o pecado:
2ª Disposição para a festa do Natal

São necessárias duas cousas para expiar o pecado: o espírito de penitência e as obras de penitência.

1.° O Espírito de Penitência

Como viria Nosso Senhor a nós, se não visse em nós um verdadeiro arrependimento de O ter ofendido, se os gemidos do nosso coração cheio de pesar e de dor lhe não dissessem que O amamos, que deploramos o nosso triste passado, e que queremos para o futuro melhor servi-lO? São estas as nossas disposições? É verdade que os nossos pecados nos afligem, que temos deles uma extrema dor, isto é, maior que de todos os males que possam sobrevir-nos; uma dor sobrenatural, produzida pelo Espírito Santo e fundada nos motivos da fé, uma dor universal, que abranja todas as nossas culpas sem exceção? Não nos deixam os nossos pecados as mais das vezes tão tranquilos, tão indiferentes como se fôssemos inocentes? De onde provém isto senão de que esse pesar não pode ser produzido senão pela graça, a graça senão pela oração, e de que não rezamos ou rezamos mal; senão ainda de que não meditamos bastantemente o horror que merece o pecado, as dores que causou a Jesus Cristo na Sua santa Paixão, e o mal que faz a nós mesmos? Se, quando pecamos, soubéssemos que perderíamos um dos nossos olhos ou incorreríamos no desagrado de um dos nossos superiores, detestaríamos essa culpa e a lastimaríamos amargamente depois de a ter cometido.

Ó Jesus, quão pouca fé temos! Perder a nossa alma, incorrer no Vosso ódio, desagradar-Vos, ó meu Deus, como o fazemos pecando, não é este um mal maior do que todos os males imagináveis? Senhor, movei o meu coração; sinta eu a desgraça de Vos ofender ou desagradar, e chore as minhas culpas, principalmente durante este santo tempo.

2.° As Obras de Penitência

Se o espirito de penitência é verdadeiro em nós, ele nos inspirará ainda as obras de penitência; porque todo o pecado, até perdoado, deve ser punido neste mundo ou no outro. Ora a penitência neste mundo é muito mais suave e meritória do que as penas da outra vida. Basta para isto aceitar voluntariamente, por espírito de expiação, todas as tribulações que nos sobrevierem, e fazer da necessidade virtude; basta mortificar a nossa vontade, os nossos desejos, os nossos gostos, o nosso gênio, privar-nos de alguns pequenos gozos, que importam muito pouco à saúde, não recusar à graça nenhum dos sacrifícios que nos pede; e estas obras de penitência, longe de ser penosas, enchem a alma de consolação. Encontra-se nelas incomparavelmente mais doçura do que amargura. Examinemos aqui diante de Deus, que vê o íntimo dos corações, se temos o espírito de penitência, e se fazemos obras de penitência.

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Parate viam Domine (Is 40, 3)

Voltar para o Índice do Tomo I das Meditações Diárias de Mons. Hamon

(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 46-48)