Lição 1: Exame do texto de Gn 6-9
Logo após a linhagem dos setitas, o texto sagrado apresenta o dilúvio bíblico. Tal episódio se reveste de grande importância no contexto de Gn 1-11: ocupa quatro capítulos (6-9) e significa mais uma expressão do pecado, que, iniciado pelos primeiros pais, se vai alastrando cada vez mais. O episódio do dilúvio tem-se prestado a comentários por vezes fantasistas, que destoam da mensagem do texto sagrado. Por isto começamos o estudo desse trecho bíblico examinando atentamente os seus dizeres.Lição 1: Caim e Abel
Logo após a descrição da queda original, o autor sagrado apresenta o morticínio de Caim, que matas eu irmão Abel. Cf. Gn 4,1-16. Quem observa este episódio, verifica que supõe um estado adiantado da cultura humana, ou seja, o período neolítico: os homens já domesticavam os animais, de modo que Abel é pastor, e já cultivavam industriosamente a terra, de modo que Caim é agricultor (4,2); Caim funda uma cidade (4,17), tem medo de se encontrar com outros homens (4,14), sabe que haverá um clã pronto para defendê-lo... Diante destes traços literários, os autores propõem duas maneiras de entender o episódio:Lição 1: O paraíso terrestre
O documento javista, além de apresentar o casal humano e sua dignidade no mundo, aborda a difícil questão da origem do mal ou o tema do pecado original. Este assunto tem sido muito controvertido nos últimos decênios; não é de alcance das ciências naturais nem da filosofia, mas pertence ao plano da fé. Por isto só poderá ser devidamente considerado se levarmos em conta as declarações do magistério da Igreja atinentes à temática do pecado originai. É o que vamos fazer: estudaremos o texto bíblico em seus aspectos lingüísticos e humanos e procuraremos ouvir o que a respeito tem dito a Santa Igreja no decorrer dos séculos. O primeiro ponto a encarar é o do paraíso terrestre (Gn 2,8-15). A Bíblia nos fala de um jardim ameno, irrigado por quatro rios: o Fison, o Geon, o Tigre e o Eufrates. Os estudiosos têm procurado localizar esse paraíso: o Tigre e o Eufrates são rios da Mesopotâmia muito conhecidos, mas o Geon e o Fison não podem mais ser identificados. Foram propostas, no decurso dos tempos, cerca de oitenta sentenças para situar o paraíso terrestre. Hoje em dia, porém, os estudiosos julgam que esse "jardim bíblico” não significa um lugar determinado, mas tão somente o estado de harmonia e felicidade a que o homem foi levado logo depois de criado.Lição 1: O relato javista e a origem do homem
Sabemos que em Gn 2,4b tem início outra narração referente às origens, de estilo mais primitivo que a anterior; recorre a muitos antropomorfismos (Deus é oleiro, jardineiro, cirurgião, alfaiate, em vez de criar com a sua palavra apenas, como em Gn 1,1 -2,4a); não menciona nem o mar com seus peixes nem os astros (o que revela horizontes limitados). Data do século X a.C. (fonte javista, J). Essa descrição começa por notar que não havia arbusto, nem chuva nem homem, mas apenas uma fonte da água, que ocasionava a existência de barro. Para compreender a intenção do autor sagrado, examinemos, antes do mais, a dinâmica do texto em pauta: Muito estranhamente, Deus cria em primeiro lugar o homem (2,7). Depois planta um jardim ameno, onde o coloca (2,8.15); verifica que o homem está só (2,18). Cria os animais terrestres (2,19); mas o homem continua só (2,20). Então Deus cria a mulher e a apresenta ao homem, que exclama:"Esta sim! É osso dos meus ossos e carne da minha carne!" (2,23).
A quarta etapa do nosso Curso apresenta a exegese de textos bíblicos seletos, a começar pela "pré-história bíblica” (Gn 1-11).