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Primeira Epístola de São João. Prefácio de seu Evangelho. A lei da Caridade

Capítulo 17: Primeira Epístola de São João. Prefácio de seu Evangelho. A lei da Caridade

I

Estando escrito o Evangelho, era mister fazê-lo conhecido das Igrejas cristãs; São João dizia mais tarde no Apocalipse:

“Vi um anjo voar pelo meio do céu, levando o Evangelho eterno, para o anunciar aos que habitam na terra, e a toda a nação, tribo, língua e povo. Dizendo em alta voz: Temei ao Senhor e o honrai; porque chegou a hora de seu juízo. Adorai aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas” (1)

Esta divulgação universal devia ser em breve a do Evangelho de São João.

O apóstolo começou por endereçá-la em pessoa aos fiéis da Ásia. Esse é, cremos, o fim de sua primeira Epístola. Seu Evangelho dizia: No princípio era o Verbo… A Epístola, fazendo alusão a isso, começava por estas palavras idênticas: O que foi desde o princípio, o Verbo da vida, vo-lo anunciamos. Pediram-lhe que escrevesse o Evangelho, acabava de fazê-lo; e desta satisfação dada à Igreja dizia:

“Escrevemos estas coisas para que vos alegreis, e que a vossa alegria seja completa” – Et haec scribimus vobis, ut gaudeatis et gaudium vestrum sit plenum (1Jo 1, 4)

Dirigida coletivamente à todas as cristandades, a Epístola não traz inscrição alguma nem saudação particular a esta ou aquela Igreja (2). Aquele que a escreve nem se nomeia: o que se compreende, considerando-o como o prefácio de um livro, cujo autor se reconhece a cada página. A data nem por isso deixa de estar implicitamente indicada em algumas linhas do segundo capítulo. Por ali se vê que nesta época, os primeiros Evangelhos estavam nas mãos de todos: a fé é anunciada no universo inteiro, como o afirma São Paulo. João só escreve seu Evangelho para confirmá-la:

“Eu vos escrevo, pais, porque conheceis Aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevo, meninos, porque conheceis o Pai; vos escrevo, jovens, porque a palavra de Deus habita em vós” – Scribo vobis Patres, quoniam cognovistis eum qui ab initio est. Scribo vobis, infantes, quoniam cognovistis Patrem. Scribo vobis, juvenis, quoniam Verbum Dei manet in vobis

“Sabeis tudo, dizia São João um pouco mais adiante, e não precisais que vos ensinem” – Non necesse habetis ut aliquis doceat vos, sed unctio docet vos de omnibus (1Jo 2, 13, 14, 24, 27)

Assim como no Evangelho, João dá-se em sua Epístola como a testemunha dos fatos, cuja história conta, e eis em que termos enérgicos o declara:

“O que foi desde o princípio, o que ouvimos, o que com nossos olhos vimos, que contemplamos e as nossas mãos tocaram, do Verbo da vida, vo-lo anunciamos – Quod fuit ab initio, quod audivimus, quod vidimus oculis nostris, quod perspexímus, et mauus nostrae contrectaverunt de Verbo vitae

Porque a vida se manifestou; nós a vimos, e damos testemunho dela, e anunciamos a vida eterna, que estava no Pai, e nos apareceu – Et vita manifestata est, et vidimus et testamur, aununtiamus vobis vitam aeternam quae erat apud Patrem et apparuit nobis

O que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos, para que vós também tenhais comunhão conosco, e a nossa comunhão seja com o Padre e seu Filho Jesus Cristo” – Quod vidimus et audivimus annuntiamus vobis, ut et vos societatem habeatis nobiscum, et societas sit cum Patre et cum Filio ejus Jesus Christo (1Jo 1, 1, 2)

Enfim, um pouco mais longe:

“A mensagem que vos trazemos, Jesus Cristo no-la deu” – Et haec est annuntiatio quam audivimus ab eo et annuntiamus vobis (1Jo 1, 5)

Além disso, mesma linguagem, mesmo estilo, mesmos pensamentos, mesmas expressões empregados no livro e na carta. O pórtico e o templo são da mesma arquitetura, porque são da mesma mão e do mesmo tempo.

Só nos faltava dizer em que circunstâncias, e contra que negações fora escrito o livro: “Escrevi-vos isto contra os que vos seduzem” (3), dizia primeiro o apóstolo, indicando o caráter apologético e demonstrativo de seu Evangelho.

A estes sedutores dava-lhes o nome genérico de anticristos ou inimigos de Jesus, o Cristo, Filho de Deus.

“Ouvistes dizer que o anticristo devia vir. Ora, eis que apareceram muitos anticristos. Anticristo é o que nega o Pai e o Filho; porque aquele que nega o Filho, não reconhece o Pai, e o que confessa o Filho tem também o Pai” – Audistis quia antichristus venit, et nunc antichristi multi facti sunt.
Hic est antichristus qui negat Patrem et Filium.
Omnis qui negat Filium, nec Patrem habet. Qui confitetur Filium, et Patrem habet (1Jo 2, 18, 22.23)

“Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito; mas experimentai os espíritos se são de Deus, porque muitos falsos profetas vieram ao mundo.

Nisto se conhece o Espírito de Deus. Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne, é de Deus.

Todo espírito que divide Jesus, não é de Deus. Este é o anticristo do qual ouvistes que deve vir, e agora já está no mundo.

Vós, filhinhos, sois de Deus; e vencestes o mundo, porque aquele que está em vós, é maior do que o que está no mundo” (1Jo 4, 1-4)

Ora, quem negava o Filho e sua divindade, quem dividia Jesus Cristo, conforme se exprime São João, senão aqueles que, fazendo duas partes no Homem-Deus, tomavam a divindade, porém sem a humanidade, como faziam os docetos; ou a humanidade sem a divindade, como faziam os gnósticos? Quem eram os falsos profetas, e os espíritos nos quais não se devia crer, senão os charlatães de virtudes e de milagres, como Apolônio ou Simão, o Mágico? São João os denuncia claramente; só faltam os nomes.

Dirigindo-se particularmente ao povo cristão, João cuidadosamente o distingue da multidão infiel, e estabelece suas santas prerrogativas no reino de Deus.

“Escrevo-vos, à vós, meus filhinhos, porque vossos pecados vos foram perdoados em nome de Jesus, porque sois fortes, porque recebestes a consagração do Deus santo”

Não se deve entender por isso que se deva considerar o Evangelho de São João como o texto de um ensino exclusivamente reservado aos espíritos delicados, e que Jesus tenha tido duas doutrinas diferentes, uma para a multidão, outra para as almas de escol. Mas, «o Evangelho espiritual» para ser compreendido, exigia almas elevadas, almas consagradas por uma unção divina, almas reais: foi por isso que o dirigiu às almas cristãs.

João, fazendo-nos conhecer o assunto de seu livro, seu autor, seu caráter, ensina-nos também com que disposições de consciência, de espírito e de coração deve ser lido, a fim de ser compreendido e para que possa produzir frutos de salvação.

II

Primeiramente, para compreender e seguir a verdade, é necessário ser puro e bom. Esta disposição moral em relação à luz, quantas vezes o Senhor não a reclama no Evangelho de São João! O que impedia os Judeus, os Fariseus, de chegarem à fé, e que suas obras eram más, e que o pecado projetava sombra na inteligência deles. O que os impedia de ouvir este novo Mestre, é que procuravam a glória dos homens de preferência à de Deus, e que o orgulho lhes toldou o espírito. Para que o Evangelho penetre no mais íntimo do homem, é mister que encontre um solo desembaraçado de espinhos, já cultivado pelo trabalho da virtude.

“Jovens, escrevia, pois, São João em sua Epístola, envio-vos estas palavras, porque sois fortes, porque a palavra de Deus habita em vós, e porque vencestes o mal”

Acrescentava ainda:

“Conheceremos a Deus, se observarmos seus mandamentos”

Depois falava do perdão, de reconciliação, de redenção de nossas faltas por uma vítima pura. Tudo deve ser pureza com os discípulos do Cordeiro.

Em segundo lugar, para crer é preciso que a graça divina nos assista. Já dissera no prólogo do Evangelho, que só acreditavam em Jesus Cristo, aqueles que não eram filhos da carne e do sangue, mas que eram oriundos de Deus. Vir de Deus, essa é a grande condição que ele impõe ao reino da verdade na alma. E para assim renascer divinamente o que é preciso? A unção; a palavra de São João para significar a graça, a graça que batiza, que absolve, que ilumina a tal ponto que pode dizer:

“Recebestes a unção d’Aquele que é santo, conheceis todas as coisas. E logo acrescenta: A unção de Deus que recebestes ensina vos tudo” – Vos unctionem habetis à sancto, et nostis omnia.
Unctio Dei docet vos de omnibus (1Jo 2, 20.27)

Enfim, em terceiro lugar, para crer é necessário amar. Aquele que não ama não está com a luz, não conhece Deus, declara terminantemente o Discípulo em sua Epístola. Ora, o que é o Evangelho senão o espelho ardente de um amor que não será compreendido senão pelo amor.

«Apresentai-me a um coração amoroso e ele sentirá o que digo» – Escrevia Santo Agostinho

É esta ainda uma das condições da fé. Amar a Deus primeiramente e aspirar por Ele como pela beleza, caridade e grandeza supremas; amar os homens em seguida; neles ver as imagens e os filhos desse Deus que reside no céu, para neles amar a Deus: tal é ainda, tal será sempre o caminho mais direito e o mais curto para chegar à verdade. Entra-se na fé com a alma toda inteira; e é com razão que se disse que «amar é mais de metade de crer» – Qui non diligit non novit Deum (1Jo 3, 8).

Quais devem ser os frutos do Evangelho? Não é a religião, como pretendia o orgulho dos gnósticos, senão uma especulação feita para a meditação dos homens de ideias puras? Basta conhecê-la? E por mais elevada que sejam a doutrina e a fé, não são mais elevadas e melhores ainda a virtude e a lei vivas nas obras?

“Meus filhos, dizia São João, eu vos escrevo estas coisas a fim de que não pequeis” – Filioli, hoc scribo vobis ut non peccatis (1Jo 2, 1)

Não é, portanto, unicamente uma questão de doutrina de que se trata neste livro, e o primeiro fruto do Evangelho, conforme repete São João, é um fruto de santidade. Não é bastante compreender e crer a verdade, é preciso principalmente «praticá-la», sob pena de mentira e hipocrisia:

“Se observamos os mandamentos de Deus, temos por ali a certeza de conhecê-lo. Aquele que diz conhecê-lo, e que não observa os seus mandamentos, é um mentiroso, e não está nele a verdade” – In hoc scimus quoniam cognovimus Deum, simandata ejus observemos. Qui dicit se nosse eum, et mandata ejus non custodit, mendax est, et in hoc verias non est (1Jo2, 3)

Aquele que observa a palavra de Jesus Cristo tem a caridade perfeita. Aquele que pretende ficar com Ele, deve andar no caminho que ele traçou.

Também Jesus Cristo de quem tanto se ocupa este livro, não é somente um sábio desenvolvendo perante os discípulos um belo sistema de ideias, não é somente o Verbo, é o Justo, e só pode vangloriar-se de pertencer-lhe aquele que é justo como ele: São João escreve:

“Jesus Cristo é o Justo, e aquele que pratica a Justiça, é justo como ele. O que não é justo, não é filho de Deus. Aquele que comete o pecado é do demônio, o qual pecou desde o princípio. Aquele que vem de Deus não peca, porque é filho de Deus” – Qui facit justitiam est, sicut et ille justus est (1Jo 3, 7. 8, 9, 10)

Toda a epístola de São João mantem-se nessas regiões puras de santidade divina assim como humana: divina na fonte, humana nos atos; e estes filhos de Deus, estes cristãos regenerados, estes filhos do Evangelho, têm por primeiro dever o de ser semelhantes a seu Pai, sendo santos como Ele.

Mas a santidade não é a impecabilidade, e a Epístola explica bem que o Evangelho da justiça, é também o da misericórdia. Jesus Cristo, tal qual nos mostra João em sua história, não é unicamente o Mestre e o modelo da virtude, mas é também o reparador.

“Foi para destruir as obras do demônio, escreveu-se, que o Filho de Deus se manifestou” – In hoc apparuit Filius Dei ut dissolvat opera diaboli (1 Jo3, 8)

Ele é o Redentor dos homens, e a vítima para o pecado:

“Jesus Cristo é a vítima da propiciação imolada por nossos pecados; não somente pelos nossos, mas pelos do mundo inteiro” – Ipse est propritiatio peccatis nostris, non pro nostris tantum, sed etiam pro totius mundi (1 Jo 2, 2); “o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado. Se um de nós pecar, temos junto do Pai um advogado em Jesus Cristo” – Sanguis Jesu Christi emundat nos ab omni peccato (1Jo 1, 7). Advocantum hebemus apud Patrem, Jesum Christum justum (1 Jo 2, 1)

Assim, só está em nossas mãos ser santos ou tornar a sê-lo pela redenção. João põe a isso uma primeira condição, é a confissão; e logo acrescenta:

“Se confessarmos nossos pecados, Deus, que é fiel e justo, no-los perdoará e nos purificará de toda iniquidade” – Si confiteamur peccata mostra, fidelis est et justus ut remittat nobis peccata nostra, et emundent nos ab omni iniquitate 

Justiça praticada na virtude e nas obras, justiça reparada pelo perdão divino: eis o primeiro fruto moral do Evangelho: Um fruto de santidade.

O segundo fruto do Evangelho explicado pela Epístola, é um fruto de caridade.

Com efeito, o Evangelho que João apresentava ao mundo não era unicamente a santa lei moral que rege as consciências, era a lei social que devia reunir a grande família humana, e, neste código universal, o amor do homem ao homem não se separa do amor do homem a Deus. João explica que é, além disso, um só e mesmo amor, cuja dupla corrente não tem senão uma única fonte; e pondo em Deus esta fonte, de onde sai e para onde vai o amor, João não exalta somente o dever para com nossos irmãos, ele o diviniza. É tão difícil amar os homens quando não se considera senão o homem! A humanidade em conjunto é tão vulgar, tão perversa! Ter-se-ia que desesperar de obter o reinado da caridade universal, se, no objeto humano proposto pelo amor, Deus não tivesse imprimido uma grandeza que o elevasse, e uma beleza sobre-humana que o transfigurasse. É o que o discípulo explica em sua primeira epístola, onde nos mostra o homem proposto ao amor do homem, mas como o representante e o delegado de Deus, que considera como feito a si próprio o que se tiver feito ao menor de seus filhos:

Aquele que diz: “Amo a Deus, e odiar seu irmão, é um mentiroso”, escreve o discípulo. “A lei que recebemos do próprio Deus é que aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão. Aquele que não ama a seu irmão a quem vê, como poderá amar a Deus a quem não vê?” – Si quis dixerit quonium diligo Deum, et fratrem suum oderit, mendax est. Qui enim non diligit fratrem suum quem videt, Deum, quem non videt, quomodo potest diligere?

Et hoc mandatum habemus à Deo, ut qui diligit Deum, diligat et fratrem suum (1Jo 4, 20.21)

Assim o homem, por mais pequeno que fosse, tornava-se amável em Deus. O invisível tinha seu culto no visível; a eterna beleza podia ser servida na fealdade de nossos males; a opulência dignava-se de ser socorrida na indigência humana; a grandeza suprema cobria com sua majestade a nossa baixeza. Uma única lei regia todo o ser espiritual, desde Deus até nós, como uma mesma atração que rege e move todos os corpos, desde a estrela até o átomo: esta lei é a caridade. Sua circunferência infinita tem Deus por centro. Deus charitas est. Com certeza, se o sinal de Deus é a unidade em suas leis, devemos concordar que não há lei mais claramente divina do que esta.

A caridade, tal é, portanto, o resumo do Evangelho:

“O que aprendeste desde o princípio, é que deveis amar-vos uns aos outros”

A caridade é a luz:

“Aquele que pensa estar esclarecido, e que tem ódio a seu irmão, ainda está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz”

A caridade é a justiça:

“Aquele que não é justo, não vem de Deus, porque não ama a seu irmão”

A caridade é a vida:

“Sabemos que passaremos da morte à vida, se amarmos verdadeiramente a nossos irmãos”

A caridade é a coragem e a intrepidez:

“Não pode haver temor no amor, o amor verdadeiro nada teme; e temer, não é ser perfeito na caridade” (1Jo 2, 10.29; 4, 18)

A caridade é, portanto, a ação:

“Oh! Meus filhinhos, não amemos, pois, só em palavras e discursos, mas em verdade e em obras” – Filioli mei, non diligamus verbo neque linguá, sed opere et veritate (1Jo 3, 16)

A medida da caridade do homem para com o homem é a de Deus para com ele. A cruz, o crucifixo, o sacrifício da vida, é até aí, ó homens, que deveis amar:

“Nisto conhecemos o amor de Deus, em que Ele deu a vida por nós: assim devemos nós dar a vida por nossos irmãos” – In hoc cognovimus charitatem Dei quoniam ille animam suam pro nobis posuit, et nos debemus pro fratribus animas ponere (1Jo 3, 18)

Tal é a lei moral, tal é a lei da santidade, tal é a lei do progresso. É a lei do futuro. Há quase dois mil anos que a epístola de João disso deu o texto sob a inspiração de Deus, e apenas se o homem e o mundo tiraram as primeiras conclusões. Seu reinado apenas começou e, no entanto, o que não se deve já a estes princípios!

Agora terminai a obra. Pedi a esta lei tudo o que ela pode dar. Encerai-a nos corações, nos costumes, nos códigos e legislações; mas, principalmente, não a cortai em pedaços, alterando-a; não separeis uma da outra, a caridade para com o homem e o amor de Deus; não pregueis uma fraternidade humana estéril, desconhecendo por demais a paternidade divina, que é o tronco principal da árvore da vida. Não isoleis por prazer a lei da religião da lei da sociedade. Mas, deixai a união fazer-se entre todas as almas, deixai a harmonia celeste fazer-se entre todas as esferas; preparai o advento desta raça santa, desta dinastia de eleitos, da qual Jesus Cristo é o pai. Depois, estando tudo sujeito à gravitação espiritual sobre a terra, vede a terra pôr-se em movimento para o céu; vede a paz, a alegria, a sociedade dos espíritos, a família das almas tendentes a mutuamente se salvarem em vez de se destruírem, e adivinhai, se for possível, o que seria no mundo unido e transformado, a última consequência do princípio de amor do qual é apóstolo São João, e do qual Deus é o termo. Nondum apparuit. O próprio São João declara que não o sabemos.


Referências:

(1) Et vidi alterum angelorum volantem per medium coeli, habentem Evangelium aeternum, ut evangelizaret sedentibus super terram, et super omnem gentem, et tribum, et linguam, et populum.

Dicens magna voce: Timete Dominum, et date illi honorem, quia venit hora judicii ejus: et adorate eum qui fecit caelum et terram, mare et fontes aquarum (Ap 14, 6.7)

(2) Quanto ao título de Epístola aos Parthos que lhe atribuíram no tempo de Santo Agostinho, parece muito provável que outra razão não havia, senão a de uma abreviação mal interpretada da palavra grega. Convém ler a Epístola «não aos Parthos» mas «às virgens», e este título do antigo texto bem característico na língua de São João, aplicava-se ao conjunto das Igrejas, que se conservaram isentas do contágio do erro e da iniquidade.

Clemente de Alexandria (Adumbr. In II Joan, t. II, p. 1011) escreveu:

«Secunda Joannis Epistola ad virgines scripta est»

É provável que a primeira Epístola tenha tomado igual título. Existem vários manuscritos onde a segunda epístola traz como subscrito ou assinatura (V. Hug. Einleit, II, 253, e M. de Valroger, t. II, 401)

(3) Haec scripsi vobis de his qui seducunt vos (2Jo 1, 26)

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(BAUNARD, Monsenhor L’abbé Loui. O Apóstolo São João. Rio de Janeiro, 1974, p. 299-311)