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Diálogo entre a Sabedoria Eterna e um de seus servos

Capítulo 1. Diálogo entre a Sabedoria Eterna e um de seus servos - Bálsamo Espiritual
Sabedoria Eterna. — Não são discretos os que às vezes padece tribulações com pesar e queixas; pois meu paterno castigo e a vara com que os firo, procedem de profundo amor, o é suave e benigna, de forma que se pode considerar ditoso aquele que experimenta assim, pois sua aflição não procede de rigor e dureza, mas de meu terno amor; entenda-se isto, do qualquer gênero de cruz voluntariamente procurada, ou imposta, que gera virtudes; mas quando o aflito não se queira ver livre do mal contra minha vontade, antes o ofereça para minha glória eterna, com amorosa e humilde paciência; o grau desta é o quilate do seu prêmio. Grava o que te digo agora, escreve-o no íntimo do coração, e apareça sempre a teu espírito.

Fica certo que habito em uma alma pura, como em Paraíso de delícias, por isso me desagrada que esta se afeiçoe às coisas temporais; como sua natureza é propensa a gostos perniciosos, eu lhe fecho o caminho com espinhos, e lhe dificulto as veredas que para lá conduzem, mal grado seu, às vezes, por meio de adversidades, para que não me escape das mãos.

Semeio todos os caminhos de dissabores, para que não se desvie do meu amor; todos os gozos terrenos não tem a menor comparação com a recompensa que espera quem sofreu a mínima tribulação por amor de mim.

Servo. — Senhor, não se pode negar que as aflições sejam mui saudáveis, quando não são demasiadas, espantosas; mas, Senhor meu que sabeis todas as coisas ocultas, e as criastes com número, peso e medida, vedes que excedem minhas forças; penso que no mundo não há ninguém tão desgraçado como eu, como posso sofrer tanto? Se minhas cruzes fossem moderadas e comuns, penso que as sofreria, porém as minhas secretamente me dilaceram a alma, Vós bem as conheceis.

Sabedoria. — Qualquer doente imagina que sua enfermidade é a mais grave de todas, e que ninguém padece tanto como ele, se fosse diversa tua aflição do mesmo modo a sentirias.

Com ânimo varonil curva-te à minha vontade nas desgraças que quero que padeças; não excetues nenhuma, pois sabes que sempre faço o que mais te convém; sou a Sabedoria Eterna que não posso enganar-me, a experiência deve ter-te ensinado que as provações que te imponho te impelem melhor para mim, do que as escolhidas por ti; para que te andas sempre queixando? E não dizes sinceramente: Pai benigno faça-se o que Vos aprouver.

Servo. — Senhor, isto é fácil de dizer, mas a atual aflição é difícil de padecer, pela demasiada dor que produz.

Sabedoria. — Se a tribulação não magoasse não se lhe daria este nome; se angústia quando se padece não há coisa que dê maior contentamento do que haver sofrido, sua duração é breve, e longo o gozo que alcança. A paciência suaviza a amargura da pena; se sempre estivesses cheio de espirituais suavidades e divinos regalos, não se te aumentaria o merecimento, como sucede quando sofres com abnegação; e mais prezo eu um aflito resignado do que dez devotos impregnados de espiritual alegria; se soubesses ciências, e pudesses falar de Deus tão eloquente e eruditamente com todas as línguas dos homens e dos Anjos, enfim se tivesses a sabedoria de todos os letrados e doutos, isto não te serviria tanto para a pureza e santidade da vida, como o abandono de ti mesmo nas mãos de Deus, em todas as aflições; o saber é comum aos bons e aos maus, mas tal abnegação é somente partilha dos eleitos. Ah! Se alguém pudesse retamente aquilatar o tempo e a eternidade! Certamente preferiria estar deitado em ardente fogueira, até cem anos do que se diminuir o mínimo prêmio que eternamente havia de receber no Céu, porque a dor é breve e o gozo eterno.

Servo. — O que me acabais de dizer, benigno Jesus, é para o aflito suave música; estando eu neste penoso estado falai-me assim, e padecerei com boa vontade, preferindo a cruz à alegria.

Sabedoria. — Ouve, pois agora esta melodia para te servir nas ocasiões próprias. O mundo desdenha os trabalhos, que para mim tem alto merecimento e dignidade, a tribulação aplaca minha ira, alcança a minha graça e benevolência, faz o homem semelhante a mim; a aflição é tesouro oculto, que ninguém pode merecer, embora m’a pedisse de joelhos cem anos. A cruz faz o homem terreno celestial, desapega-o do mundo, e lhe atrai minha perpétua amizade; diminui-lhe os amigos, porém aumenta-lhe a divina graça; é caminho direto para o Céu, se o homem compreendesse a valia da cruz, a acolheria das mãos de Deus como excelente benefício.

Quantas almas já estariam condenadas, se a aflição não as houvesse atraído a melhor vida!

Quantas semelhantes a cruéis feras, se não tivessem a defesa das tribulações se despencariam no inferno! Por meio dos sofrimentos o homem adquire o conhecimento próprio, procede bem com o próximo, finalmente conserva a humildade, dá exemplos de paciência, defende a castidade, e consegue a coroa da Bem-aventurança. Poucas vezes se deixa de tirar algum fruto dos desgostos, pois quem ainda está dominado pelo pecado, ou já principiou a emendar a vida, ou pertença ao número dos perfeitos, tira fruto espiritual deles; porque o fogo limpa o ferro, purifica o ouro, e com ele se lavram as pedras mais preciosas. A tribulação alivia o peso das culpas, diminui as penas do Purgatório, enfraquece as tentações, destrói os vícios reanima o espírito, dá verdadeira confiança, purifica a consciência, e incute fortaleza no caráter; expele a malicia, castiga o corpo que em breve há de apodrecer, recreia a alma, que é muito mais nobre e há de existir eternamente. O homem atribulado adquire o espírito de sabedoria; pergunto eu, o que sabe quem não é provado pelas tentações; que é a amorosa vara do paterno castigo que dou aos meus escolhidos; a desgraça impele o homem para Deus, até mal grado seu; acolhendo-se serenamente as adversidades, tudo aproveita, ou seja, sucessos prósperos ou tristes. Ah! Quantas vezes tu mesmo afugentastes teus inimigos, e lhes quebrastes as forças, quando com ânimo tranquilo me louvavas e aquiescias aos trabalhos! Certamente eu antes quisera extrair do nada às aflições do que privar delas meus amigos; pois pela paciência se fortificam todas as virtudes, e o homem se enobrece e eleva a altura espiritual que mais glorifica a Deus. Seu sacrifício é holocausto de suave fragrância que admira a Corte celeste. A aflição é caminho estreito, mas sem falta conduz às portas do Céu; faz o aflito companheiro dos Mártires, adorna a alma com real vestidura, tece coroas de rubis e rosas, faz cetros de verdes palmas, entoa na celeste Jerusalém novo cântico, com melodiosas vozes, que competem com as dos Anjos, que nunca sofreram; em resumo, o mundo chama miseráveis aos atribulados, mas eu lhes chamo Bem-aventurados.

Servo. — De tudo quanto dissestes com tanto primor, se conhece que sois a Eterna Sabedoria, que com tanta lucidez nos manifestais a verdade; que não se pode duvidar que aqueles a quem afligir possa suportar seu padecimento. Espero Senhor, que desde agora convencido pelas verdades que me dizeis, aceitarei de bom grado todas as adversidades.

Amantíssimo Pai, prostrado em terra Vos louvo e dou graças pelas cruzes presentes e passadas, que então achava pesadas demais.

Sabedoria. — Agora que juízo fazes das cruzes?

Servo. — Senhor, quando encaro com olhos amorosos as passadas dores, com que me exercitastes pela Vossa paterna bondade (das quais só a lembrança me amedronta, pois muito me oprimiram e fatigaram), vê-as como suave orvalho emanado de Vossa dulcíssima misericórdia.

Se com permissão divina sentir dentro d’alma mil tribulações, trevas, secura, inconstância, dureza, e Vos parece que Deus de todo vos desamparou, se vos parece até que padeceis as penas do inferno; se penosas e contínuas tentações, vícios, que julgáveis extintos, de novo vos perseguem; se como Jó padeceis a perda da vossa fortuna, pestíferas chagas, singulares moléstias, se como Tobias, sois aflito com a cegueira corporal, e como Lázaro mendigo vos oprime grande pobreza; enfim, seja qual for à adversidade que vos flagela, venha de quem vier, aceitai tudo das mãos do benigníssimo Deus que para vossa salvação assim vos exercita. Padecei tudo para sua glória, com humilde e resignado coração, todo o tempo que aprouver ao Senhor; pois com os revezes se purifica vossa alma, embora às vezes vos falte à paciência, não deveis perder a esperança da salvação, nem julgueis que perdestes a graça de Deus por vossa fraqueza. Buscai, porém não resistir a Deus com obstinação. Se tiverdes paciência na medida das vossas forças, Deus vos há de amar muito e chegareis felizmente a seu celeste Reino.

O fundamento da salvação humana é mortificar-nos e aniquilar-nos a nós mesmos. Se queres ser o que não fostes, extirpa tuas más inclinações, e todo o vestígio de revolta. Meus irmãos, não vos perturbem com estas dificuldades; a porta do Céu se abre para vós embora não cheguem à suma perfeição, pequenos e grandes se encontrão no Céu; fazei o que está ao vosso alcance, persisti nos bons propósitos e pios exercícios; se não atingistes ao cume da vida espiritual, todavia trilhais o caminho da salvação.

Busquemos com o possível fervor unirmo-nos a Deus, elevar-nos até à excelsa Trindade, para dizermos como o Apóstolo; minha conversação está no Céu. Aspiremos à suma perfeição, ainda que a não alcancemos durante a vida, pois quando partirmos, Deus a concederá; mas se morrendo devermos a devida de algumas penas, iremos purificar-nos no Purgatório, onde perfeitamente se limparão, e depois iremos para a celeste Pátria, onde gozaremos pela medida do maior ou menor amor que na terra dedicamos a Deus. Aumentemos sempre nosso fervor, pois a vida frouxa e negligente muito nos prejudica amesquinhando nossa verdadeira felicidade. Quem não pode atingir o supremo grau do amor, suspire por obtê-lo, ame seu bom Deus quanto poder.

Jesus Cristo, Rei dos reis, não concede a todos a elevada graça da contemplação, alguns designam como servos para o servirem à mesa. Concede-lhes diversos lugares ao nível de suas aptidões; não agradam unicamente ao Senhor os que tocaram a meta da espiritualidade, senão também aqueles que com exercícios exteriores, obras úteis trabalham pela sua glória, porque O amam, os quais também entrarão na Bem-aventurança; não sejam pusilânimes os últimos, sirvam a Deus com fidelidade, e desejem as graças sublimes para aqueles a quem são destinadas.

Se alguém pudesse escolher à sua vontade extirpar todos os seus vícios e defeitos, convinha-lhe que antes dissesse ao Senhor: nada solicito para mim, faça-se em tudo Vossa santa vontade. Tal ato de abnegação seria mais meritório e aceito do que a posse de dons espirituais.

Para que te inquietas, homem, e perdes o ânimo? Porque neste desterro não podes como desejas, praticar perfeitamente as virtudes, antes cada dia, mal grado teu, cais em muitas imperfeições? Até os excelentes Apóstolos e os outros Santos queriam e desejavam o alto grau da virtude, mas nesta vida não poderão livrar-se de alguns defeitos. Por isso diziam: todo tem muitas faltas; São João diz: Se dissermos que não pecamos faltaremos à verdade. Até os varões perfeitos e Santos, nesta vida estão sujeitos a alguns defeitos, embora leves, e são tentados pelo inimigo do gênero humano, ou pela própria corrupção, luxuria, vanglória, ou outros vícios; nem por isso Deus os acha longe da santidade e mortificação, pois não há deliberado intento nas imperfeições que lhes escapam. Busca acautelarem-se destes perigos, Deus conhece sua boa vontade de O amarem e servirem. Como te surpreende escorregar em algumas faltas? Quando nasceu Cristo, os Anjos anunciaram a paz não só aos perfeitos, mas a ti e a todos os homens de vontade reta, entoando: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade, os Anjos não disseram paz aos Santos e perfeitos (que certamente a tem), abrangeram o grande número de crentes que amam e servem a Deus, ainda que tenham muitas imperfeições, todavia são filhos amados do Eterno Rei, mas as almas heroicas são rainhas e suas esposas diletas, que voam nas veredas da perfeição.

Homens de boa vontade, em vista da paz anunciada pelos Anjos, permaneçam sossegados e contentes, pois o Pai Eterno não só quis que seu Unigênito Filho nascesse por amor de ti, para acudir a todas as tuas necessidades, suprir quaisquer bens que te faltem, para os achares todos em Jesus Cristo, que te enriquece com seus merecimentos.

Sem dúvida nosso Redentor nos concede todas as graças precisas para a salvação, apesar de nossa impotência para toda a virtude, tendo boa vontade, conforme à de Deus lhe agradaremos.

Oferece, pois devotamente à Deus Pai seu amado Filho Jesus Cristo pelo tempo perdido da tua mocidade, apresenta-lhe sua santa infância e mocidade, pelas tuas negligências e faltas oferece sua saudável Paixão. Para que o Onipotente acolha tuas virtudes e as boas obras que fizeres, será necessário que trabalhes em elevar o coração e a vontade a Deus, resignando-te ao que lhe aprouver fazer a teu respeito no tempo e na eternidade, assim procedendo terás a comunicação dos méritos do Redentor, se no passado não tivestes esta reta intenção, pois seria justo que apenas começou em ti o uso da razão, encaminhasses para Deus todas as tuas ações; já que não procedestes deste modo na primeira idade, dize ao Senhor pouco mais ou menos o seguinte:

Dulcíssimo Deus confesso que Vos devo toda a fidelidade, resignação, prática de virtudes, porém Vossos olhos viram minha imperfeição e miséria; agora ainda sou tão fraco, miserável, negligente, que não posso realizar o bem que intento fazer, acolhei, porém meu desejo como fizestes ao de São Paulo, e outros amigos Vossos, cobri com o manto de Vossa misericórdia o mal desempenho de meus deveres e os erros da minha vida passada, viestes ao mundo para salvar-me; agora desejo entregar-Vos minha vontade no resto da minha vida, praticando perfeita obediência, almejando chegar ao cume da maior perfeição, não havendo d’ora em diante um só momento que não seja vivificado pelo desejo de amar e servir meu Deus; quando por fragilidade eu não cumprir meus bons propósitos, protesto que será contra minha vontade, e por falta de reflexão; ajudai-me e fortalecei-me para glória de vosso Nome. Costuma-te, pois a encaminhar assim tua vontade, para que o benigno Senhor a aceite como se fosse à prática de boas obras, com esta reta intenção alcançarás paz, graça e devoção, com o coração e a boca dirás com frequência: Oxalá que vos consagrasse puro e extremoso amor, pois tanto nos amais. O amor de Deus pelos homens é de duas espécies, a um podemos chamar amor merecido, e o outro não merecido, o primeiro é aquele que podemos granjear com virtudes e exercícios devotos, obediência aos mandamentos e conselhos de Cristo. O amor não merecido é o gratuito e imenso que Deus nos tem ab aeterno. A alguns está oculto o amor merecido que o Senhor lhes tem como diz a Sagrada Escritura; o homem não sabe se merece amor ou ódio, isto sucede para bem da sua salvação, com o fim de perseverar humilde e constante no amor divino, sem se encher de soberba, ou ficar remisso e descuidado, o que poderia acontecer estando certo do amor que Deus lhe tem. Mas pensamos (salvo a decisão dos que mais souberem), que neste lugar a Sagrada Escritura fala aos homens vulgares e imperfeitos, e não aos que o Espírito de verdade, por meio de santas conjecturas, revela que são filhos de Deus, como diz o Apóstolo, mas que o homem com sua razão, sem testemunho do Espírito de Deus, não sabe se merece ser amado ou aborrecido. Estas palavras de Cristo nos explicam claramente que não podemos estar certos do amor merecido que Deus nos tem; disse: Se alguém me ama obedecerá a meus mandamentos, e meu Pai o amará; procedendo assim não podemos duvidar que Deus nos ame; se conhecemos que O amamos verdadeiramente confiemos na reciprocidade, pois o Senhor diz: Amo aqueles que me amam, segue-se que é impossível que a incompreensível bondade de Deus negue seu amor a quem O ama. O amor merecido com que Deus paga o que lhe temos é tão veemente e infinito, que não só excede o entendimento humano, mas também tudo que o homem pode desejar não há comparação que o revele! Assim como pequena faísca se não nivela com imenso fogo. Acerca do amor não merecido, natural e gratuito que Deus nos tem, não podemos duvidar dele, pois excede todo o angélico e humano, disto se infere que se em um só coração de mãe se reunisse o amor de todas as mães pelos filhos, apesar dela desejar ardentemente a vida e saúde temporal e eterna do filho, este sentimento não se poderia igualar ao amor que Deus Pai, Filho e Espirito Santo têm pela salvação temporal e eterna de qualquer homem; fica, pois certo que menos sente a mãe a morte do filho único, do que o clementíssimo Deus a perda de um homem, que com tanta excelência criou à sua imagem e semelhança, tanto o preza e estima que por sua causa, sacrificou seu único e amado Filho, entregou-o a cruel e afrontosa morte, com tanto amor, que se apenas houvesse um homem para remir, sem dúvida o remiria pela mesma forma, é evidente que a caridade inefável não pode querer a condenação de nenhuma criatura; pois é próprio do Senhor perdoar com misericórdia, não deseja que ninguém se perca sim que todos se salvem, e alcancem o conhecimento da verdade; mas como deu aos homens o livre arbítrio, e ele pela sua malícia abusa deste contra a vontade de Deus, despreza suas leis, conselhos, ameaças, ordens, admoestações, benevolência, e não lhe importa ofender ao Senhor, e perder a salvação; a estes com razão condena a Justiça divina; mas é tão livre a vontade do homem que mesmo se estivesse condenado às penas do inferno, poderia apartando-se dos pecados, convertendo-se deveras a Deus, mudar a horrível sentença na eterna Bem-aventurança, o que Santo Agostinho confirma dizendo: Deus sabe mudar a sentença, se tu sabes mudar a vida; pois se durante cem anos, até o último desta, vivesses em culpas mortais, e por elas te condenasse ao inferno a Justiça divina, e no fim da vida, deixando teus desvarios, procurasses a Deus pela contrição, confissão, penitência, e recuperasses sua graça e amizade, mudar-se-ia teu julgamento e serias admitido na mansão dos Bem-aventurados.

Enterneça-te, pois o grande amor que Deus sente por ti. Medita atentamente a bondade, doçura, formosura, piedade, misericórdia, fidelidade, sabedoria e outras inefáveis perfeições do teu Criador, Redentor, que são infinitas e incompreensíveis, a ponto de nem se poderem imaginar, se todos os Anjos e homens que Deus criou e criará para o futuro, quisessem escrever algumas das perfeições divinas, ainda que cada um tivesse tanta tinta e água como o dilatado mar, e a portentosa machinha do Céu servisse do papel, antes que se escrevesse a décima parte se consumiria de todo o mar, a tinta, e a abóboda do Céu estaria repleta de letras.

Esta devota meditação exaltará tua confiança e o terno e íntimo amor que consagras ao teu Deus, e fará que não temas demasiadamente a morte, mas que a esperes com alegria.

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(Blósio, Venerável Luis; FRASSINETTI, Padre José. Bálsamo Espiritual. B. L. Garnier, Rio de Janeiro, 1888, p. 43-63)