

“Senhor professor, eu aprecio muito os livros de história natural. Ultimamente, lendo alguma coisa sobre assimilação dos alimentos, veio-me uma idéia interessante. Acho que, baseados no metabolismo e assimilação, poderíamos provar que temos uma alma, uma alma espiritual que se distingue do corpo.” “Estou curioso por ver, como você conseguirá isso.”
"Senhor professor, por obséquio! Carlos se cortou, e está sangrando horrivelmente!..."Como é natural, o professor apressou-se e de pronto surgiu na cozinha, onde a metade do acampamento, alarmado pelo Chiquinho, estava reunida: Felizmente não havia razão para sustos. O sangue já estancara.
“Diga-me, Jorge, que sabe você da mão?” “A mão do homem se compõe de 27 ossos, ligados entre si por meio de 4O músculos, segundo um princípio tão maravilhado quão simples”, começou Jorge.
“Caramba! Se o Luís não merece agora uma surra, então nunca mais! O cozido que ele nos preparou para o jantar de ontem! Horrível! Comemo-lo, é verdade; pois, quando se tem fome de lobo não se faz luxo, mas, à noite! Horror! — Ainda agora me vem suor frio, quando me lembro. Sonhei que me enterravam vivo. Vi claramente como me deitavam no caixão, e me desciam na cova, e os torrões a caírem, produzindo um som abafado. Esperneio... grito... em vão. Os torrões caem e caem, e cada qual deles cai diretamente sobre meu estômago e o comprime. Por que exatamente ali? E como pesam! Não aguento mais... Agora berro: Socorro!! Estão-me matando!— Uma lanterna elétrica projeta um facho de luz no meu rosto, acordo vejo rostos espantados ao redor... Que aconteceu? — Nada! — No dia seguinte, porém, quis dar uma sova no cozinheiro. Justamente entrava o professor para vi¬sitar a cozinha. Assim ele ficou ciente de tudo”
“Refinado logro! Peguei um elatro e coloquei-o de costas, bem quietinho. Olhava-me tão sereno, que pensei que não podia mexer-se. Fazia como se não tivesse uma centelha de vida. De repente — hup! — Um salto, e desapareceu simplesmente, à francesa! Abandonou-me sem mesmo dizer adeus! Fiquei logrado!”Desiludidos os rapazes já iam debandar, quando o professor aproveitou o ensejo para uma conversa.
“Alô, rapazes! Depressa... Depressa!”Francisco soltara o grito de alarme da borda do mato. Todos, mesmo os mais lerdos, correram direitinho para ele, que estava debaixo de majestoso carvalho, ostentando vitorioso sua presa, entre os dedos estendidos.
“Vejam este escaravelho! Estava justamente saindo do carvalho”.De fato, era presa respeitável. Escaravelho tão vistoso, com antenas formidáveis como este, talvez riem o gabinete da História Natural do ginásio o possuísse. Na coleção de Francisco receberá naturalmente o lugar de honra. Atraído pelas expressões de júbilo, veio também o professor.