Parte V
Capítulo XIV
Considera o amor eterno que Deus tem tido por nós. Antes da encarnação e da morte de Jesus Cristo a Majestade divina te amava infinitamente e te predestinava para o Seu amor. Mas quando é que Ele começou a te amar? Começou a fazê-lo quando começou a ser Deus. E quando começou a ser Deus? Nunca, porque sempre o foi sem começo nem fim; e Seu amor por ti, que nunca teve começo, preparou-te desde toda a eternidade as graças e favores que tens recebido. Diz Ele a nós todos pelo profeta Jeremias:
Com um amor perpétuo cu te tenho amado c te atraí a mim, tendo misericórdia de ti
Ele o diz a ti, como a todos os outros; deves, pois, ao Seu amor todas as boas resoluções que tens tomado.
Ó Deus, quão preciosas devem ser essas resoluções que desde toda a eternidade a divina Sabedoria e Bondade tinha em vista! Quão caras e preciosas devem elas ser para nós! Que não deveríamos sofrer antes que perdê-las, embora todo o mundo tivesse que perecer! Porque todo o mundo junto não vale uma alma e uma alma não vale nada sem estas resoluções.
Voltar para o Índice de Filotéia ou a Introdução à Vida Devota
(SALES, São Francisco de. Filoteia ou a Introdução à Vida Devota. Editora Vozes, 8ª ed., 1958, p. 359-359)