Meditação para o Dia 05 de Abril
Uma das artes mais belas é a de aproveitar as nossas misérias para o nosso progresso espiritual, assim como se aproveita o esterco, nos jardins, para florescimento das rosas e açucenas de esquisito e delicado perfume. Quanto mais fracos e miseráveis nos sentimos, tanto mais nos regozijemos, porque nossas caras misérias, como dizia uma alma santa, fazem-nos humildes, desconfiados de nós próprios, matam nossa suficiência e, por isso mesmo, unem-nos mais a Nosso Senhor, se, num gesto de amor e arrependimento, voltamo-nos logo para Ele. Nossas misérias têm suas vantagens, e grandes. Fazem-nos pacientes e cheios de indulgência para com as misérias alheias, causam-nos uma como desconfiança de nós mesmos e nos obrigam a recorrer, a cada passo, à Misericórdia Divina.
Como é bom sentir-se a gente pobre, fraco, miserável, incapaz de todo bem! Isso, que levaria ao desespero certas almas orgulhosas, deve encher-nos de confiança cega, bem obstinada, no Coração de Jesus.
Sou fraco? Vós sois o Divino Forte, ó Jesus! Sustentai-me! Sou pobre? Vós sois a Riqueza infinita. Valei-me! Nada posso, nada tenho, nada sou? Que fazer? Humilhar-me, abater meu orgulho e tudo esperar da Misericórdia Divina.
Só nossas misérias nos podem dar tais sentimentos, e só um milhão de experiências pessoais no campo da fraqueza nos levarão a crer nas vantagens de nossas misérias…
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 108)