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Tag: meditação

Reflexões particulares sobre padecimentos de Jesus Cristo na sua morte

Capítulo II

O homem das dores.

1. Vamos considerar as penas particulares que Jesus Cristo sofreu na sua paixão e que já há muitos séculos foram preditas pelos profetas, especialmente por Isaías no capítulo 53. Este profeta, como dizem Santo Ireneu, São Justino, São Cipriano, e outros falou tão claramente dos sofrimentos de nosso Redentor, que parece ser um outro evangelista. Santo Agostinho afirma que as palavras de Isaías, referentes à paixão de Jesus Cristo, requerem mais as nossas reflexões e lágrimas que explicações dos sagrados intérpretes. Hugo Grotius escreve que os próprios judeus antigos não puderam negar que Isaías falava do Messias prometido por Deus (De ver. relig. Cti. l.5, § 19). Alguns quiseram aplicar os passos de Isaías a outros personagens nomeados nas Escrituras, fora de Jesus Cristo. Mas diz Grotius:

“Quem poderá nomear um dos reis ou dos profetas a quem quadrem essas coisas? Seguramente ninguém”.

Assim escreve esse autor, apesar de ele mesmo ter várias vezes tentado aplicar a outras pessoas as profecias que falavam do Messias.

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Reflexões gerais sobre a Paixão de Jesus Cristo

Capítulo I

Meu livro.

1. Quanto agrada a Jesus Cristo que nós nos lembremos continuamente de sua paixão e da morte ignominiosa que por nós sofreu, muito bem se deduz de haver ele instituído o Santíssimo Sacramento do altar com o fito de conservar sempre viva em nós a memória do amor que nos patenteou, sacrificando-se na cruz por nossa salvação. Já sabemos que na noite anterior à sua morte ele instituiu este sacramento de amor e depois de ter dado seu corpo aos discípulos, disse- lhes — e na pessoa deles a nós todos — que ao receberem a santa comunhão se recordassem do quanto ele por nós padeceu:

“Todas as vezes que comerdes deste pão e beber de deste cálice, anunciareis a morte do Senhor” (1Cor 11,26).

Por isso a santa Igreja, na missa, depois da consagração , ordena ao celebrante que diga em nome de Jesus Cristo:

“Todas as vezes que fizerdes isto, fazei-o em memória de mim”.

E Santo Tomás escreve:

“Para que permanecesse sempre viva entre nós a memória de tão grande benefício, deixou seu corpo para ser tomado como alimento” (Op. 57).

E continua o santo a dizer que por meio de um tal sacramento se conserva a memória do amor imenso que Jesus Cristo nos demonstrou na sua paixão.

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Morte de Jesus

Capítulo XV

Avizinha-se, porém, o fim da vida de nosso amável Redentor. Minha alma, contempla esses olhos que se obscurecem, essa bela face que empalidece, esse coração que palpita lentamente, esse sagrado corpo que vai se tornando presa de morte.

“Tendo, Jesus experimentado o vinagre, disse: Tudo está consumado”. (Jo 19,30).

Estando Jesus para expirar, pôs diante todos os sofrimentos de sua vida, pobreza, suores, penas e injúrias suportadas e, oferecendo tudo novamente a seu terno Pai, disse: Tudo está cumprido, tudo está realizado. Realizou-se tudo o que fora predito de mim pelos profetas e está consumado inteiramente o sacrifício que Deus espera para perdoar o mundo, e a justiça divina já está plenamente satisfeita. Tudo está consumado, disse Jesus voltado para seu Pai; tudo está consumado, disse ao mesmo tempo, voltado para nós, como se afirmasse: Ó homens, acabei de fazer tudo que eu podia fazer para salvar-vos e conquistar o vosso amor; fiz o que me competia, fazei agora o que vos compete: amai-me e não desdenheis amar um Deus que chegou a morrer por vós. Ah, meu Salvador, pudesse também eu dizer no momento de minha morte, ao menos no referente à vida que me resta: tudo está consumado: Senhor, eu cumpri com a vossa vontade, eu vos obedeci em tudo. Dai-me força, meu Jesus, pois eu espero e proponho realizar tudo com o vosso auxílio.

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Palavras de Jesus na cruz

Capítulo XIV

Jesus, porém, que faz, que diz, vendo-se o objeto de tantos ultrajes? Suplica por aqueles que assim o maltratam:

“Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

Jesus orou então também por nós, pecadores. Por isso, voltados para o Padre eterno, digamos com confiança: Ó Pai, ouvi a voz deste Filho querido que vos suplica que vos perdoeis. Um tal perdão é sem dúvida grande misericórdia com relação a nós, que não o merecíamos, mas com relação a Jesus Cristo, que nos satisfez superabundantemente por nossos pecados, é justiça. Vós estais obrigado por seus merecimentos a perdoar e a receber na vossa graça quem se arrepende das ofensas que vos fez. Eu me arrependo, ó meu Pai, de todo o meu coração, de vos haver ofendido e em nome desse vosso Filho os peço o perdão. Perdoai-me e recebei-me na vossa graça.

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Jesus é crucificado

Capítulo XIII

Apenas chegou Jesus ao Calvário, consumido de dores e desfalecido, dão-lhe a beber vinho misturado com fel, o que se costumava dar aos condenados à cruz para mitigar-lhes um pouco o sentimento de dor. Jesus, que queria morrer sem alívio, apenas o provou, mas não bebeu:

“E deram-lhe a beber vinho misturado com fel e, tendo ele experimentado, não quis bebê-lo” (Mt 27,34).

Forma-se um círculo em torno de Jesus, os soldados tiram-lhe as vestes, que, estando pegadas a seu corpo todo chagado e retalhado, ao serem arranca¬das levam consigo muitos pedaços de carne, atirando-o em seguida sobre a cruz. Jesus estende suas sagradas mãos e oferece ao eterno Pai o grande sacrifício de si mesmo e suplica-lhe que o aceite por nossa salvação.

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Jesus leva a cruz ao Calvário

Capítulo XII

Publicada a sentença, o povo infeliz explode num grito de júbilo e diz: Alegremo-nos, alegremo-nos. Jesus já foi condenado; não se perca tempo, apreste-se a cruz e que morra hoje mesmo, pois que amanhã é páscoa. E imediatamente o tomam, tiram-lhe aquele farrapo de púrpura, restituem-lhe suas vestes, para que fosse reconhecido pelo povo, segundo Santo Ambrósio, por aquele impostor (como o chamavam) que dias antes tinha sido acolhido como o Messias:

“Tiraram-lhe a clâmide e o revestiram com suas vestes e o conduziram para ser crucificado” (Mt 27,31).

Em seguida tomam duas traves grosseiras, e formam com ela às pressas uma cruz e, com insolência, mandam-lhe que a ponha sobre os ombros e a carregue até ao lugar do suplício. Ó Deus, que barbaridade, sobrecarregar com um tal peso um homem tão atormentado e desprovido de forças!

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Jesus é condenado por Pilatos

Capítulo XI

“Então ele lho entregou para que fosse crucificado” (Jo 19,16).

Pilatos, depois de tantas vezes ter declarado a inocência de Jesus, e então novamente lavando suas mãos e protestando que era inocente do sangue daquele justo, sendo os judeus responsáveis por sua morte: “Mandado vir água, lavou as mãos à vista do povo, dizendo: Eu sou inocente do sangue deste justo: vós lá vos avenhais” (Mt 27,24), assim mesmo dá a sentença e o condena à morte. Ó injustiça jamais vista no mundo! O juiz condena o acusado ao mesmo tempo que o declara inocente. São Lucas escreve que Pilatos entregou Jesus nas mãos dos judeus para que fizessem com ele o que desejavam: “Entregou Jesus à sua vontade” (Lc 23,25). De fato, é o que acontece quando se condena um inocente: ele é abandonado nas mãos de seus inimigos, para que o façam morrer, e morrer da maneira que for do gosto deles. Infelizes judeus, vós dissestes: “Seu sangue caia sobre nós e nossos Filhos” (Mt 27,25), e assim chamastes sobre vós o castigo e este já vos alcançou: vossa nação já sofre e sofrerá o castigo desse sangue inocente até ao fim do mundo.

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Pilatos mostra Jesus ao povo, dizendo: Ecce Homo!

Capítulo X

“Pilatos saiu para fora e disse-lhes: Ecce homo” (Jo 19,5).

Tendo sido Jesus novamente conduzido a Pilatos, depois de sua flagelação e coroação de espinhos, este, mirando-o e observando como estava dilacerado e desfigurado, persuadiu-se de que o povo se moveria à compaixão só com vê-lo. Por isso saiu para fora no terraço, levando consigo nosso aflito Salvador, e disse: “Ecce Homo”, como se dissesse: judeus, contentai-vos com o que já padeceu este pobre inocente, eis o homem que temíeis fazer-se vosso rei, ei-lo, contemplai a que estado está reduzido. Que temor podeis ainda ter agora que se acha num estado que não pode mais viver? Deixai-o morrer em sua casa, desde que pouco lhe resta de vida.

“E Jesus saiu, tendo uma coroa de espinhos e uma veste purpúrea” (Jo 19,15).

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Jesus é coroado de espinhos e tratado como rei de teatro

Capítulo IX

"Então os soldados do governador, conduzindo Jesus para o pretório, reuniram em torno dele toda a corte. E despindo-o cingiram-lhe um manto carmesim e tecendo uma coroa de espinhos lha puseram sobre a cabeça e na sua mão direita uma cana” (Mt 27,27-29).

Continuemos a considerar os bárbaros tormentos que os soldados fizeram nosso amabilíssimo Senhor sofrer. Reunindo toda a corte, colocam-lhe sobre os ombros uma clâmide purpúrea (era um manto velho que os soldados usavam por cima das armas) como manto real, nas mãos uma cana figurando o cetro e na cabeça um feixe de espinhos, parodiando a coroa, mas que, como um capacete, lhe cingia toda a cabeça. E já que os espinhos com a só colocação não entravam na cabeça já tão atormentada pelos golpes dos azorragues, servem-se da cana e, cuspindo-lhe ao mesmo tempo no rosto, cravam-lhe na cabeça com toda a força a tão cruel coroa:

“E cuspindo- lhe tomavam a cana e lhe batiam na cabeça” (Mt 27,30).

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Jesus é flagelado numa coluna

Capítulo VIII

“Pilatos então tomou Jesus e mandou açoitá-lo” (Jo 19,1).

Vendo Pilatos que os dois meios empregados para não condenar aquele inocente, isto é, remetê-lo a Herodes e apresentá-lo junto com Barrabás, não tinham dado resultado, escolhe um outro meio, o de castigá-lo e depois mandá-lo embora. Convoca, pois, os judeus e diz- lhes:

“Apresentastes-me este homem... e interrogando-o diante de vós não achei nele culpa alguma, nem tão pouco Herodes... Portanto, depois de castigado, o soltarei” (Lc 23,14-17).

Vós me apresentastes este homem como delinqüente; eu, porém, não encontro nele crime algum, nem Herodes o descobriu. Contudo, para contentar-vos, eu o farei castigar e depois o porei em liberdade. Ó Deus, que injustiça! Ele o declara inocente e ainda assim lhe destina o castigo. Ó meu Jesus, vós sois inocente, mas não eu, e desde que quereis satisfazer por mim a justiça divina, não é injustiça mas é mesmo justo que sejais punido. Mas qual é o castigo a quem condenas esse inocente, ó Pilatos? A ser flagelado! Destinas, pois, a um inocente uma pena tão cruel e vergonhosa? Mas assim esse fez.

“Pilatos se apoderou de Jesus e o mandou flagelar” (Jo 19,1).

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