



Sumário. Seja qual for o estado da tua alma, sempre tens motivos especiais para celebrar bem o mês de Maria. Se és inocente, deves fazê-lo para que a divina Mãe te conserve sempre tal; se és pecador, para que te ajude a levantar-te; se és penitente, para que te obtenha a santa perseverança. Para praticares bem este santo exercício, imagina-te que terás de morrer no princípio de junho, e emprega todo o mês de maio em te preparar à morte, especialmente pelo cumprimento exato dos deveres do teu estado.Mensis iste vobis principium mensium: primus erit in mensibus anni —”Este mês será para vós o princípio dos meses: será o primeiro dos meses do ano” (Ex 12, 2)
A dignidade incomparável de Maria Santíssima A Virgem Maria reúne em grau eminente todas as qualidades mais próprias para nos inspirar os sentimentos da mais profunda veneração para com ela. É a mais santa de todas as criaturas, a obra prima das mãos de Deus, a Rainha do céu e da terra, a protetora e Mãe dos cristãos, a dispensadora de todas as graças, e, o que excede tudo o que espírito humano pode compreender, é a Mãe de Deus, dela nasceu o adorável Jesus. Estas inefáveis prerrogativas a tornam muito superior a todos os Anjos e Santos, e lhe dão os mais incontestáveis direitos sobre os nossos corações. Tenhamos, pois, sempre para com esta divina Mãe respeito sincero, amor filial, e ilimitada confiança.
O encargo e jugo, imposto por Deus a São João de tomar a seu cuidado a Virgem Mãe, foi certamente encargo suave e jugo leve. Quem, pois não conviveria da mais boa vontade com aquela Mãe, que em seu ventre trouxe nove meses o Verbo Encarnado, e, que com Ele conviveu trinta anos inteiros com a maior dedicação e afeto? Quem não terá inveja ao Predileto do Senhor, que na falta do Filho de Deus mereceu a companhia da Mãe de Deus? Mas, se não me engano, também podemos nós com os nossos rogos alcançar da benignidade do Verbo, por amor de nós encarnado, e do extremoso amor de quem pelo mesmo motivo Se sujeitou ao tormento da cruz, que Ele também nos diga: Eis aí vossa Mãe; e à sua Mãe diga: Eis aí os teus filhos.Sumário. Eis como Maria, enquanto na sua casa está suplicando a Deus pela vinda do Redentor, vê um anjo que a saúda e lhe anuncia ser ela mesma destinada para Mãe do Salvador. A humilde Virgenzinha, julgando-se nimiamente indigna de tamanha honra, fica toda perturbada; mas afinal dá o consentimento, e naquele mesmo instante o Verbo divino se tornou seu Filho. Ó grande Mãe de Deus, vós, tão privilegiada e tão humilde, nós, tão pecadores e tão orgulhosos, obtende-nos a santa humildade.Ecce concipies in utero et paries filium, et vocabis nomen eius Iesum — “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc 1, 31)
Esta mulher maravilhosa, dizem os interpretes, é a Virgem Maria, que recebe da santa humanidade de Jesus, Verdadeiro sol de justiça, um brilho incomparável e um esplendor todo divino. Calca aos pés a lua, isto é, todas as coisas humanas, tudo o que muda e passa. As doze estrelas que formam sua coroa, significam os doze apóstolos, conservados por Ela na fé, depois da Ascenção de Jesus, ou ainda os doze privilégios com que Deus a distinguiu.“Um grande prodígio apareceu no céu; uma mulher coroada de estrelas, calcando o crescente da lua, acha-se revestida de sol” (Ap 12, 1)