Que se entende por coroação de Maria?
Entende-se que, depois de sua entrada triunfante na morada dos Bem-aventurados, Maria foi revestida da glória devido à grandeza de seus merecimentos.
Diz-se, no mesmo sentido, que Jesus Cristo lhe colocou o “cetro” na mão, para exprimir que investiu-a de um poder soberano sobre as demais criaturas.
A glória de Maria foi revelada a São João Evangelista, durante seu desterro em Patmos.
“Um grande prodígio apareceu no céu; uma mulher coroada de estrelas, calcando o crescente da lua, acha-se revestida de sol” (Ap 12, 1)
Esta mulher maravilhosa, dizem os interpretes, é a Virgem Maria, que recebe da santa humanidade de Jesus, Verdadeiro sol de justiça, um brilho incomparável e um esplendor todo divino. Calca aos pés a lua, isto é, todas as coisas humanas, tudo o que muda e passa. As doze estrelas que formam sua coroa, significam os doze apóstolos, conservados por Ela na fé, depois da Ascenção de Jesus, ou ainda os doze privilégios com que Deus a distinguiu.
Superior por sua maternidade divina e pela eminencia da sua santidade, a tudo quanto não é Deus, Maria foi elevada em gloria, em felicidade e em poder, acima de todos os coros dos anjos e de todas as ordens dos santos.
Sua glória e felicidade é tamanha que lhe sobra para comunicá-la ainda aos mais santos. Assim como o sol, diz São Bernardino, comunica sua luz e seu calor aos planetas, também Maria tanta glória goza no céu que a reparte pelos demais santos; estes se alegram imensamente só de verem a Maria. Os Santos do céu, diz São Damião, depois da presença de Deus, não têm maior prazer do que contemplar a sua bela rainha. A glória ou a beatitude dos eleitos consiste essencialmente na clara visão de Deus, visão mais ou menos perfeita, segundo o grau de santidade ou de merecimento dos que gozam dela. Ora, sendo a santidade de Maria, superior à de todos os eleitos juntos, segue-se daí que também a sua glória no céu é maior do que a dos demais santos, isto é, que Maria está mais perto de Deus, ama-O mais perfeitamente, e goza dele mais abundantemente do que todos os outros Bem-aventurados. Esta glória, só Deus a poderia explicar:
“Se os olhos humanos nunca viram, diz Bernardo, se o ouvido nunca percebeu, se o coração nunca sentiu, o que Deus preparou para quem o ama (Cor 2, 9), quem se atreverá a falar do que Deus preparou para a sua Mãe a quem ama sem comparação mais do que a todos os outros seres?”
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Fruto: A Perseverança
A perseverança é a graça das graças, e sem ela nada nos hão de valer todas as boas obras e tudo quanto fizermos nesta vida. Quem perseverar até o fim, este será salvo. Santo Afonso, o grande e incomparável Mestre da vida espiritual, em seus escritos tem uma grande preocupação em inculcar o zelo pela perseverança final. Quer que peçamos muito e muitas vezes à Nossa Senhora esta graça. O Rosário é a prece da perseverança. Leva-nos a repetir muitas vezes:
— Rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte, e traz-nos sempre à lembrança das verdades eternas e dos adoráveis mistérios da nossa fé.
O cristão que não se preocupa com a perseverança e não a pede muito a Deus, está sempre arriscado de perder sua alma.
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Intenção: Pela Pátria
Rezemos este mistério com devoção e o ofereçamos por esta intenção que nos é tão cara — Pelo Brasil! Aos pés de Maria roguemos-lhe com todo fervor que nos seja conservada a fé católica, esta fé querida de nossas mais doces e belas tradições. Livre-nos Maria pelo seu Rosário, das invasões do paganismo moderno e das calamidades da apostasia da fé católica. Proteja-nos contra todos os nossos inimigos e nos livre das calamidades horrorosas que se abatem sobre tantas nações infelizes nesta hora de tanto sofrimento para o mundo. Sim, tomemos nosso Rosário e rezemos com fervor pelo Brasil. Não podemos imaginar o poder deste Terço em mãos de uma alma fervorosa! Nossa Senhora bem sabe como o povo brasileiro quer bem ao seu Rosário e como a invoca com devoção! Não basta sempre o patriotismo de hinos e de aclamações, e dos brados de guerra. Há uma força poderosa para defender e salvar um povo — a oração. E quando esta oração é o Rosário, que poder!
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EXEMPLO
O Terço salva dos perigos
A cidade de Cartago, em Costa, Rica, faz alguns anos, foi vítima de um terremoto que destruiu quase toda a cidade. Conta a revista “América” de New York o fato seguinte: No momento do abalo sísmico estava em sua residência, rezando o Terço com toda a família, o fervoroso católico, antigo presidente da república, D. Ezequiel Gutierrez. Algumas pessoas quiseram fugir, mas o homem de fé insistiu para que todos os presentes, cheios de confiança na proteção de Maria, ficassem até o fim do Terço.
Qual não foi a surpresa geral, e os sentimentos de gratidão de todos aos céus, ao verem que, naquele bairro a única casa poupada, fora aquela sob a proteção de Maria!…
Ao redor havia apenas um montão de ruínas.
Em 1906 o Vesúvio amanheceu um dia vomitando matérias líquidas e fumegantes em tamanha quantidade que descia da montanha, como se fosse um rio de fogo, na direção da pequena aldeia de Torre Annunziata.
Já a massa incandescente tinha atingida as primeiras casas, quando o pároco local lembrou-se de recorrer à Santíssima Virgem, reclamando um milagre.
Corre à Igreja, retira uma imagem de Maria e a coloca diante da torrente impetuosa de fogo, pedindo à mãe do céu para salvar a população ameaçada.
Apenas começada a recitação do Terço, as lavas, como que obedientes a uma voz do céu, mudam de curso, rodeiam as habitações e vão se atirar ao mar.
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(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. O Mês do Rosário, Edições do “Mensageiro do Santíssimo Rosário”, 1943, p. 245-250)