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Segunda Consideração: a Excelência das Virtudes

Parte V
Capítulo XI

Considera que somente as virtudes e a devoção podem tornar o teu coração feliz neste mundo. Admira as suas belezas e compara-as aos vícios contrários. Quanta suavidade na paciência, na humildade, em comparação com a vingança, a cólera e a tristeza, a ambição e a arrogância; na caridade, na sobriedade, em comparação com a avareza, a invejo e as desordens da intemperança! As virtudes encerram isso de admirável: que a sua prática deixa na calma uma consolação inefável; ao passo que os vícios a lançam num abatimento e desolação deploráveis. Por que, pois, não nos esforçamos por procurar toda aquela alegria?

Quem se dá a um vício não vive feliz — e quem se dá a muitos é um homem infeliz; mas quem tem algumas virtudes já participa de suas alegrias e sua felicidade cresce a proporção que suas virtudes avultam. Ó vida devota, quão bela és tu e quão suave e agradável! Suavizas as aflições e aumentas a suavidade das consolações; sem ti o bem é mal, os prazeres só causam desassossego, perturbação e abatimento.

Ah! Quem te conhece bastante pode dizer com a samaritana:

Senhor, dai-me desta água! Domine, da mihi hanc aquam!

Aspiração esta, mui frequente, de Santa Teresa e Santa Catarina de Genova, embora por motivos diferentes.

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(SALES, São Francisco de. Filoteia ou a Introdução à Vida Devota. Editora Vozes, 8ª ed., 1958, p. 355-356)

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