Meditação para o Dia 10 de Julho
Salomão e Jó, observa Pascal, foram os que até hoje falaram melhor da miséria do homem. Um feliz, o outro desgraçado. Aquele conheceu pela experiência a vaidade dos prazeres; este, a realidade dos males. A pompa de Salomão deslumbrou todo o mundo. Foi o mais rico e feliz dos monarcas. Que lhe faltou? Tudo quanto pode desejar um coração, ele o possuía. A glória, o gênio, a beleza, o prazer, as honras, o ouro! E termina seus dias na solidão, no abandono! E tamanha glória passa como o vento.
Vanitas, vanitatum et omnia vanitas! – “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!”
Salomão é a triste experiência da vaidade, dos prazeres e de toda felicidade terrena. Que vale apegar-se loucamente ao que tão depressa se vai deixar? Não nos deslumbre a pompa de Salomão. Também não nos assuste a desgraça de Jó. Este começou feliz e rico, amigo do Senhor. Veio a sofrer as maiores desventuras e calamidades. Conheceu a realidade dos males. E a prosperidade faz Salomão pecador e idólatra. A desgraça purifica ainda mais e santifica maravilhosamente o pobre Jó. Livre-nos o Senhor da prosperidade de Salomão, que acaba no pecado e é vaidade das vaidades. E lembremo-nos de Jó, do qual diz a Escritura: “não pecou contra o Senhor, não blasfemou contra o Céu, na desgraça”.
Ó pobreza de Jó sem pecado, és verdadeira riqueza!
Ó riqueza de Salomão com o pecado, és verdadeira e real pobreza!
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 209)