Meditação para o Dia 14 de Janeiro
Há certos dias em que tudo parece estar conjurado contra nós, fazendo-nos sofrer. Desde cedo, os espinhos! Esquecimentos, desprezos, indiferença dos amigos, repreensões imerecidas, contratempos, dores físicas, mal-estar, cansaço! Ai, Jesus, que tédio, que dia triste e sombrio! Nessas ocasiões precisamos ter coragem e abraçar a cruz com generosidade. Não queremos penitências. Horrorizam-nos os cilícios, disciplinas e jejuns. Haverá jejum mais difícil do que se impõe à língua, quando ela quer queixar-se e até blasfemar?
E, mais doloroso do que qualquer disciplina ou cilício, não é o martírio lento da monotonia de uma vida pesada e cheia de pequeninos sacrifícios, contratempos e mil outros sofrimentos cotidianos? Ninguém vive sem cruz, seja rei ou papa. Ninguém escapa às vicissitudes e dores inevitáveis. Um bom meio de tranquilizar o espírito, acalmar o coração agitado, nesses dias sombrios, é entregar tudo, sem reserva, nas mãos de Nossa Senhora. Uma Ave-Maria, rezada com fervor e pausadamente, um olhar a uma imagem querida da Mãe do Céu, um terço, principalmente, um terço bem rezado. Que bálsamo! Não digais: “Não posso rezar”. Podeis, sim, podeis! Com um pouco de boa vontade se acalma o coração. Não é Maria a Consoladora dos aflitos?
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 23)