- Eu sou a Mãe de Deus, disse-lhe então Maria, e vim saciar tua fome. - Mas a falta de asseio que noto me impede de comer, observou o soldado. - E como queres tu, replicou a Virgem, que eu aceite as tuas devoções, oferecidas com uma alma tão imunda?!Com isso o pobre converteu-se, fez-se eremita e viveu 30 anos no deserto. Na hora da sua morte, apareceu-lhe de novo a Santíssima Virgem, levando-o para o céu. Afirmamos, na Parte Primeira desta obra, ser impossível, moralmente falando, que se perca um devoto de Maria. Verifica-se, entretanto, isso com a condição de que ele viva sem pecado, ou que pelo menos tenha desej o de converter-se. Nesse caso, certamente, Maria o ajudará. Quisesse alguém, ao contrário, pecar na esperança de ser salvo por Nossa Senhora, e se tornaria por sua culpa indigno e incapaz da proteção de Maria.
- Oração de Santo Efrém à Virgem Maria
- Oração de São Bernardo à Nossa Senhora
- Oração de São Germano à Maria
- Oração de Raimundo Jordão, Abade de Celes, à Virgem Maria
- Oração de São Metódio à Mãe de Deus
- Oração de São João Damasceno à Maria
- Oração de Santo André de Creta à Maria, Mãe de Misericórdia
- Oração de São Ildefonso à Maria suplicando a graça do perdão
- Oração de Pseudo-Atanásio à Santa Virgem Maria
- Oração de Eadmero à Maria
- Oração de Nicolau, Monge, à Virgem Mãe de Deus
- Oração de Guilherme, Bispo de Paris, à Mãe de Deus
Oração de Santo Efrém à Virgem Maria
Ó imaculada e toda pura Virgem Maria, Mãe de Deus, Rainha do universo, nossa clementíssima Soberana, sois superior a todos os santos, sois a única esperança dos eleitos e a alegria dos bem-aventurados. Por vós somos reconciliados com nosso Deus. Sois a única advogada dos pecadores, o porto de quem fez naufrágio. Sois a consolação do mundo, o resgate do cativo, a saúde do enfermo, a alegria do aflito, o refúgio e a salvação do gênero humano. Ó grande Princesa, ó Mãe de Deus, cobri-nos com as asas de vossa misericórdia, tende piedade de nós. Não nos é dada outra esperança senão vós, ó Virgem puríssima. Estamos entregues a vós e nos consagramos ao vosso serviço, como vossos servos. Não permitais que Lúcifer nos arraste para o inferno. Ó Virgem imaculada, estamos sob vosso patrocínio, por isso a vós unicamente recorremos, suplicando-vos que não consintais que vosso Filho, irritado por nossos pecados, nos abandone ao poder do demônio. Ó cheia de graça, iluminai minha inteligência, abri meus lábios para que eu cante vossos louvores, principalmente a saudação angélica tão digna de vós. Eu vos saúdo, ó paz, ó alegria, ó consolação de todo o mundo. Eu vos saúdo, ó maior milagre do universo, paraíso de delícias, porto seguro para os que estão em perigo, manancial de graças, medianeira entre Deus e os homens.
A graça da oração é concedida a todos
1. A ninguém falta o auxílio divino para a oração
Já que a oração é tão necessária à salvação, devemos ter por certo que nunca nos faltará o auxílio divino para o ato da oração, sem que para isso seja necessária nova graça especial. Na oração encontraremos todos os outros auxílios para a observância dos mandamentos e para a consecução da vida eterna. Nenhum condenado poderá se desculpar com a falta dos auxílios indispensáveis.2. Deus quer a salvação de todos
Por isso morreu por nós Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Redentor. Deus concede a todos a sua graça e salvam-se todos os que lhe forem fiéis. Estamos todos obrigados a esperar firmemente que Deus nos dará a eterna salvação. Mas, se não tivéssemos a certeza de que Deus dá a todos a graça de rezar sempre sem haver mister de uma graça particular, então, sem revelação especial, ninguém poderia ter a devida esperança de salvar-se.Capítulo III
I - Por quem e o que devemos pedir
1. As condições da oração
Jesus Cristo fez-nos a seguinte promessa:Muitos, diz São Tiago, pedem e não recebem, porque pedem mal:“Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa a meu Pai, em meu nome, Ele vo-la dará” (Jo 16, 23)
São Basílio, explicando as palavras do Apóstolo, diz:“Pedis e não recebeis porque pedis mal” (Tg 4, 3)
Por isso Santo Tomás reduziu a quatro as condições requeridas na oração, para que obtenham o seu fruto: isto é, que o homem peça para si, coisas necessárias à salvação, com devoção e com perseverança.“Pedes e não recebes, porque tua oração foi mal feita ou sem fé, sem devoção ou desejo: ou porque pediste coisa que não se referia à tua salvação eterna, ou pediste sem perseverança”
Capítulo II
1. Como são preciosas a Deus as nossas orações!
São tão preciosas a Deus as nossas orações que Ele destinou os Anjos para lhe apresentarem imediatamente as que estamos fazendo.É este exatamente aquele sagrado incenso, isto é, as orações dos santos, que São João viu subir ao Senhor, oferecido pelas mãos dos anjos. Escreveu o mesmo Santo Apóstolo que as orações dos santos são como redomas de ouro, cheias de suave perfume e muito agradáveis a Deus. Mas, para melhor compreendermos quanto valem junto de Deus as nossas orações, basta ler nas divinas Escrituras as inumeráveis promessas que Deus faz a quem reza, quer no Antigo, quer no Novo Testamento.“Os anjos, diz Santo Hilário, presidem as orações dos fiéis e diariamente as oferecem a Deus”
“Chama por mim, e eu te ouvirei” (Jr 33, 3)
“Invoca-me e eu te livrarei” (Sl 49, 15)
“Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á” (Mt 7, 7)
“Vosso Pai que está nos céus dará bens aos que lhe pedirem” (Mt 7, 11)
“Todo aquele que pede, recebe; todo o que busca, acha” (Lc 11, 10).
“Qualquer coisa, que pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus” (Mt 18, 19)
“Tudo o que pedirdes orando, crede que haveis de receber e que assim vos sucederá” (Mc 11, 24)
“Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu vos farei” (Jo 14, 14)
“Pedi tudo o que quiserdes e vos será concedido” (Jo 15, 7)
Existem muitos outros textos semelhantes, que deixamos de citar por brevidade.“Em verdade eu vos digo: se pedirdes ao meu Pai alguma coisa em meu nome, Ele vo-la dará” (Jo 16, 23)
Capítulo I
1. O erro dos pelagianos
Erram os pelagianos, dizendo que a oração não é necessária para se conseguir a salvação. O ímpio Pelágio, seu mestre, afirmava que só se perde quem não procura conhecer as verdades necessárias. Mas, como o disse bem Santo Agostinho, Pelágio falava de tudo, menos da oração, a qual, conforme sustentava e ensinava o mesmo santo, é o único meio de adquirir a ciência dos santos, como escreve São Tiago:“Se alguém necessita de sabedoria, peça a Deus, que a concede fartamente a todos” (Tg 1, 5)
2. Das Sagradas Escrituras
São muito claros os textos, que nos mostram a necessidade de rezar, se quisermos alcançar a salvação.“É preciso rezar sempre e nunca descuidar” (Lc 18, 1).
“Vigiai e orai para não caírdes em tentação” (Mt 25, 41).
Segundo a doutrina comum dos teólogos, as referidas palavras: “É preciso rezar, orai e pedi”, significam e impõem um preceito e uma obrigação, um mandamento formal. Vicleff afirmava que todos estes textos não se referiam à oração, mas tão somente às boas obras, assim, rezar, no seu modo de ver, nada mais é do que agir corretamente e praticar o bem. A Igreja, entretanto, condenou expressamente este erro. Por isso, ensinava o douto Léssio que, sem pecar contra a fé, não se pode negar a necessidade da oração aos adultos, mormente quando se trata de conseguir a salvação. Pois, como consta nos Livros santos, a oração é o único meio para conseguirmos os auxílios necessários à salvação.“Pedi e dar-vos-á” (Mt 7, 7).