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Práticas de Devoção a Maria

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Meditação para o dia 28 de Maio. Práticas de Devoção a Maria

Meditação para o dia 28 de Maio

Afirmamos ser impossível, moralmente falando, que se perca um devoto de Maria. Verifica-se, entre-tanto isso, com a condição que ele viva sem pecado, ou que pelo menos tenha desejo de converter-se. Nesse caso, certamente, Maria o ajudará. Quisesse alguém, ao contrário, pecar na esperança de ser salvo por Nossa Senhora, esse se tornaria por sua culpa indigno e incapaz da proteção de Maria.

Em segundo lugar nossa devoção deve ser perseverante. Só quem persevera recebe a coroa, diz São Bernardo. Tomás de Kempis, sendo menino, costumava todos os dias recorrer à Virgem Maria, com certas orações. Um dia, porém, delas se esqueceu, e depois as omitiu durante umas semanas. Finalmente, as abandonou por completo. Certa noite viu em sonho como Maria abraçava os seus companheiros, mas em lhe chegando a vez de ser abraçado, ela disse:

“Que esperas de mim, tu que deixaste as tuas devoções? Afasta-te, que és indigno de um abraço meu”

Tomás despertou aterrorizado e recomeçou com as costumadas devoções.

“Com razão assegura por isso Ricardo de São Lourenço: Quem é perseverante na devoção a Maria, pode nutrir a bela esperança de ver realizados todos os seus desejos. Como ninguém, entretanto, pode estar certo de tal perseverança, ninguém por isso pode também ter certeza de sua salvação, antes da morte”

Memorável ensinamento deixou a seus companheiros São João Berchmams, da Companhia de Jesus. Estando ele para morrer, perguntaram-lhe por um obséquio que fosse muito agradável a Nossa Senhora e dela lhes obtivesse a proteção. O santo respondeu:

“Pouca coisa, mas com constância”

Vou, contudo, indicar, de um modo simples e sucinto, diversos obséquios que podemos ofertar à nossa boa Mãe, para alcançar sua benevolência. É esta, em minha opinião, a coisa mais importante, de quantas deixo escritas nesta obra. Mas não recomendo a meu leitor que as pratique todas. Pratique antes aquelas que escolher, mas com perseverança e com temor de perder a proteção da divina Mãe, se vier a deixá-las. Ah! Quantos dos condenados de hoje se teriam salvado, se houvessem perseverado nas práticas de devoção em honra de Nossa Senhora!

1. Muito agrada à Santíssima Virgem a Saudação Angélica

Por ela lhe renovamos a alegria que sentiu, quando São Gabriel lhe anunciou que fora eleita para Mãe de Deus. Nessa intenção devemos saudá-la muitas vezes com a Ave Maria.

Saudai-a com a Ave Maria, diz Tomás de Kempis, porque ela gosta muito dessa saudação. Que não lhe podemos dirigir saudação mais agradável, do que com a Ave Maria, disse-o a Virgem a Santa Matilde. Por ele será também saudado todo aquele que a saúde. São Bernardo, certa ocasião, ouviu de uma estátua da Senhora as palavras: Eu te saúdo, Bernardo! Ora, a saudação de Maria consiste sempre em alguma nova graça, diz Conrado de Saxônia. Pergunta Ricardo:

“É possível que Maria recuse mais uma graça a quem dela se aproxima e diz: Ave, Maria?”

A Santa Gertrudes pro-meteu a Mãe de Deus tantos auxílios na hora da morte, quantas Ave Marias lhe houvesse recitado em vida. Alano a Rupe afirma que, ao ouvir essa saudação angélica, alegra-se o céu, treme o inferno e foge o demônio. Com efeito, atesta-o Tomás de Kempis, pois com uma Ave Maria pôs em fuga o demônio que lhe aparecera.

A prática dessa devoção pode ser a seguinte:

a) Dizer de manhã e de noite, ao levantar e ao deitar-se, 3 Ave Marias, ajuntando depois de cada uma a pequena jaculatória: Por vossa pura e imaculada Conceição, ó Maria, purificai meu corpo e santificai minha alma.

Em seguida, devemos pedir a bênção a Maria, conforme fazia sempre Santo Estanislau, pondo-nos sob o manto de nossa Mãe e pedindo que naquele dia ou naquela noite nos livre de todo pecado. É recomendável que, para esse fim, tenhamos junto ao leito uma bela imagem da Santíssima Virgem.

b) Recitar o Anjo do Senhor com as três Aves Marias usuais, pela manhã, ao meio dia e à noite.

Foi João XXII o primeiro Papa que indulgenciou esta devoção (1328). Em 1724, Bento XIII concedeu cem dias de indulgências a quem recitar o Anjo do Senhor, e indulgência plenária a quem rezar durante um mês, confessando-se e comungando.

Outrora, ao som das Ave Marias, todos se ajoelhavam para rezar o Anjo do Senhor. São Carlos Borromeu não se acanhava de descer da carruagem, para recitá-lo de joelhos na rua, mesmo na lama muitas vezes. Aos sábados de tarde e durante todo o domingo recita-se de pé. No tempo de Páscoa, como explica Bento XIV, em lugar dele recita-se a antífona Regina caeli laetare – Rainha do céu, alegra-te.

c) Saudar a Mãe de Deus com a Ave Maria, sempre que se ouve soar o relógio

À imitação de Santo Afonso Rodriguez, irmão da Companhia de Jesus (1617), o qual à noite era acordado pelos anjos para saudar a Senhora. Saudá-la ao sair de casa e ao entrar nela, para que a Virgem dentro e fora de casa nos livre do pecado. E depois, em espírito, beijar-lhe os pés, como fazem os Cartuxos.

d) Fazer o mesmo quando se passa diante de uma imagem da Mãe de Deus.

É bom colocar, quando se pode, uma bela imagem de Maria na parede da casa, para que o transeunte a possam venerar. Em Nápoles e Roma há esse belo costume.

e) Por ordem da Santa Igreja, começa e termina cada hora do Divino Ofício com a recitação da Ave Maria.

f) Ler, durante um quarto de hora, algum livro que lhe trate das glórias.

2. Exercícios de Penitência

a) Com a devida licença do confessor, impor-se alguma mortificação exterior, como o cilício, o jejum, a abstinência de frutas à mesa, de comidas mais saborosas. Melhores são, entretanto, durante essas novenas, as mortificações interiores, como abster-se de ver e ouvir curiosidades, entregar-se ao retiro, ao silêncio, à obediência; evitar a impaciência nas respostas, suportar as contrariedades e outras semelhantes. Elas se podem praticar com menor perigo de vanglória e maior merecimento, dispensando até a licença do diretor espiritual.

b) Exercício mais proveitoso, porém, será tomar, desde o princípio da novena, o propósito, de corrigir-se de algum defeito a que se é mais inclinado. Por isso é bom, por ocasião das visitas acima mencionadas, pedir perdão das culpas passadas, renovar o propósito de nunca mais cair, e implorar para esse fim o auxílio de Maria.

c) O obséquio mais agradável a Maria, entretanto, é a imitação de suas virtudes. Assim é bom, em cada novena, propormo-nos alguma virtude especial de Maria, a mais adaptada ao mistério que se celebra. Por exemplo:

  • Na festa da Conceição, a pureza de intenção;
  • Na festa da Natividade, a renovação do espírito;
  • Na Apresentação, o desapego daquilo a que nos sentimos mais presos;
  • Na Anunciação, a humildade e o amor dos desprezos;
  • Na Visitação, a caridade para com o próximo, fazendo esmolas, ou pelo menos rezando pelos pecadores;
  • Na Purificação, a obediência aos superiores;
  • Na Assunção, a prática do desapego, fazendo tudo como preparação à morte, e aplicando-nos em viver cada dia como se fosse o último da vida.

Desse modo as novenas produzirão grandes resultados.

d) Muito recomendável é a comunhão frequente, e mesmo diária, durante a novena. Dizia o padre Segneri, que não podemos honrar melhor a Maria, do que por meio de Jesus. A Virgem, segundo o padre Crasset, revelou a uma alma santa, que não se lhe pode oferecer coisa mais cara do que a santa comunhão, porque é aí que o Salvador colhe nas almas os frutos de sua Paixão. É claro, pois, que a Santíssima Virgem nada deseja mais de seus devotos, que os ver receberem a santa comunhão.

e) Finalmente, no dia da festa, depois da comunhão, é preciso oferecermo-nos ao serviço dessa divina Mãe, pedindo-lhe a virtude que nos propusemos na novena, ou alguma outra graça especial. E é bom escolher cada ano, entre as festas da Virgem, uma para a qual nos prepararemos com maior fervor. Nesse dia então de novo nos consagraremos de um modo mais especial ao seu serviço, elegendo-a por Senhora nossa, Advogada e nossa Mãe. Então lhe pediremos perdão das negligências cometidas em seu serviço, durante o ano findo, com a promessa de maior fidelidade para o ano vindouro. Pedir-lhe-emos, finalmente, que nos aceite por servos, e nos alcance uma santa morte.

EXEMPLO

Quantas conversões não se têm visto, devidas a uma simples Ave Maria, a um obséquio devoto à Virgem Santíssima! Contam-se inúmeros exemplos edificantes e impressionantes. Quanto é preciosa a devoção a Maria ainda que mínima! Nos dias da Revolução francesa havia um monstro em carne humana que se chamava Laly, capitão da nau Deux Associees, que era uma espécie de prisão flutuante, na qual se trucidavam sacerdotes e religiosas perseguidas pela Revolução. Não se podem ler sem horror as infâmias e crueldades praticadas por este bandido nos dias do Terror. Suas mãos haviam se manchado do sangue de inúmeros sacerdotes e mártires da Revolução. Homem mau, viciado, uma fera humana. Todos fugiam dele horrorizados. Passaram-se os dias da Revolução e no começo do século XX, Laly já velho e doente caiu numa miséria extrema com toda a família. Viu-se abandonado. Um sacerdote compadeceu-se do miserável e o foi procurar cheio de bondade tentando convertê-lo e a fim de ajudá-lo naquela extrema pobreza e abandono. Laly não podia nem sequer sair à rua, porque o povo o odiava e ameaçava matá-lo em praça pública. Neste miserável estado se achava o pobre pecador, e desesperado, respondia ao Capelão do Hospital, que se interessava pela sua conversão, com injúrias grosseiras e torpezas indignas. Parecia um caso desesperado e perdido.

Todavia uma manhã contra toda expectativa viu-se o infeliz sair de casa e procurar a Igreja. Ajoelhou-se ante o Altar da Virgem Santíssima, humilhado, arrependido, em pranto convulso. Não era mais o mesmo homem. Confessou arrependidos seus enormes crimes, e recebeu absolvição. Que teria se passado naquela alma? Declarou ao confessor:

“Meu padre, sempre guardei, embora no meio dos meus crimes, uma devoção a Maria Santíssima. Nunca passei um só dia sem recitar uma Ave Maria que prometi rezar toda minha vida, à minha mãe antes da morte”

A Ave Maria o salvou.

ORAÇÃO

Rogai, pois, o Maria, e recomendai-me a vosso Filho. Vós melhor do que eu conheço as minhas misérias e necessidades. Que mais posso dizer-vos? Tende piedade de mim. Sou tão miserável e ignorante que nem sei conhecer e pedir as graças que mais necessárias me são. Mãe e Rainha minha dulcíssima, pedi por mim, e impetrai-me de vosso Filho as graças que sabeis mais convenientes e necessárias para minha alma. Nas vossas mãos todo me entrego, pedindo apenas à Divina Majestade que, pelos merecimentos de Jesus, meu Salvador, me conceda as graças que para mim solicitais. Vossas súplicas não conhecem repulsas: são súplicas de Mãe junto de um Filho que tanto vos ama, e se compraz em fazer quanto lhe pedis, para assim vos honrar mais e mostrar-vos ao mesmo tempo o grande amor que vos tem. Senhora, façamos este contrato: quero viver fiado em vós inteiramente; a vós compete cuidar da minha salvação. Amém.

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(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. Um Mês com Nossa Senhora ou Mês de Maria, segundo Santo Afonso Maria de Ligório. Edições Paulinas 1ª ed., 1949, p. 195-202)