“Não creio senão no que posso perceber pelos sentidos!” dizem alguns. Nossos cinco sentidos! Como nos orgulhamos deles! No entanto, como são fracos e limitados os sentidos do homem! Estava eu certa vez, a meio dia, num campo. Bem alto lá acima, uma águia descrevia seus círculos ... Repentinamente encolheu as asas, e como um raio se lançou à terra, perto de mim. Um segundo depois, já se alçava de novo às alturas — em seu bico levava a presa: um rato. Toda a cena se_ desenrolou ante meus olhos. O rato mantinha-se escondido perto de mim; a pesar da proximidade, não o percebi. A águia, porém, de altura vertiginosa o enxergou. E eu não quero crer senão naquilo que vejo? As formigas vêem os raios ultravioletas, imperceptíveis à vista humana...
Lição 1: Generalidades
1. A palavra "Evangelho" vem do grego "evangélion", o que significa "Boa Notícia". Entre os cristãos, este vocábulo passou a designar a mensagem de Jesus Cristo, "aquilo que Jesus fez e disse" (At 1,1). Dai fez-se a expressão "Evangelho de Cristo", que significa o Evangelho pregado por Jesus Cristo e a mensagem que Ele nos trouxe da parte do Pai. O Evangelho, segundo a linguagem do Novo Testamento, é mais do que uma doutrina; é força renovadora do mundo e do homem; produz uma nova criação, como se deduz das palavras de Jesus:O membro final da frase "os pobres são evangelizados" resume os antecedentes: o Evangelho, levado a todos os carentes, implica a instauração de nova ordem de coisas; o homem ferido pelo pecado é redimido deste e das conseqüências deste, das quais a mais grave é a morte (ver penúltimo membro da frase citada)."Ide e anunciai a João o que ouvistes e vistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados" (Mt 11,46)
Até nas chamadas ciências exatas, na matemática, geometria e física, há muitos assuntos, coisas básicas, que não podem ser provados, cuja exatidão deve ser simplesmente admitida, isto é, devem ser cridos! “Não sabia disso”, me reparam “que até na matemática e física se deve crer”. No entanto assim é! Vejamos primeiro a matemática:
“Aqui, certamente, não entra nenhuma fé! Com lógica férrea, com clara consequência e dedução, tudo é “demonstrado” e não “acreditado”. Tudo se correlaciona, como um elo de cadeia com outro! Uma coisa prende outra!”
Lição 1: Livro humano e divino
Nas lições sobre a inspiração bíblica dizia-se que a Sagrada Escritura é, toda ela, Palavra de Deus feita palavra do homem. Disto se segue uma verdade muito importante: para entender a Escritura, duas etapas são necessárias: o reconhecimento da sua face humana, para que, depois, possa haver a percepção da sua mensagem divina. É impossível penetrarmos no conteúdo salvífico da Palavra bíblica se não nos aplicamos primeiramente à análise da roupagem humana de que ela se reveste. Isto quer dizer: não se pode abordar a Sagrada Escritura somente em nome da "mística", procurando ai proposições religiosas pré-concebidas; é preciso um pouco de preparo ou de iniciação humana para perceber o sentido religioso da Bíblia. Doutro lado, não se podem utilizar apenas os critérios científicos (lingüísticos, arqueológicos...) para entender a Bíblia; é necessário, depois do exame científico do texto, que o leitor procure o significado teológico do mesmo. Interpretação quer dizer "explicação, comentário" (Aurélio). Em grego a arte de interpretar é dita "HERMENÊUTICA".Examinemos mais detidamente cada qual das duas etapas acima assinaladas.
Mesmo na vida cotidiana, há inúmeras coisas nas quais apenas “acreditamos”, sem as “saber”; e se alguém não as acreditasse, não poderia dar um passo na vida. Sabe você, por exemplo, quem são seus pais e seus irmãos? “Naturalmente que sei”! E contudo você não o “sabe”, acredita-o porque lho disseram desde a mais tenra idade, pois sabê-lo certificar-te disso, não é de sua competência. Vem você pela primeira vez à escola. O professor escreve uns sinais no quadro-negro e diz ser isto um “a”, aquilo um “o”; e a gente acredita que é assim. Agora você volta faminto da escola e servem-lhe uma boa sopa quente. Acaso você sabe que ela não está envenenada? Não o sabe, mas acredita que a cozinheira não é uma criminosa.
Lição 1: A Escrita Bíblica
Três são as línguas bíblicas:- O hebraico, no qual foram escritos todos os livros protocanônicos do Antigo Testamento;
- O aramaico, língua vizinha do hebraico, falada pelos arameus, que eram bons comerciantes na Mesopotâmia, na Ásia Menor e nas costas do Mediterrâneo; por isto a sua língua se tornou o idioma comercial internacional como também a língua dos diplomatas e das chancelarias. Em aramaico foram redigidos trechos de livros protocanônicos do Antigo Testamento, como Esdr 4,8-6,18; 7,12-26; Dn 2,4-7,28; uma frase em Jr 10,11 e duas palavras em Gn 31,47; além disto, também o original de São Mateus (hoje perdido);
- O grego, em que foram redigidos os livros do Novo Testamento (de Mt temos uma tradução grega antiga), Sb, 2Mc. Além disto, os livros e fragmentos deuterocanônicos do Antigo Testamento cujos originais se perderam, encontram- se em tradução grega: 1Mc, Jt, Tb, algumas secções de Daniel (Dn 3,24-90; 1314) e os acréscimos de Ester recolhidos desordenadamente em Est 10,4-16,24 (da Vulgata Latina).
Vimos no Módulo I sobre a Inspiração Bíblica que Deus quis falar aos homens, dando origem à S. Escritura. Perguntamos agora: quantos e quais são os livros sagrados? Qual é o seu catálogo'?
Lição 1: Nomenclatura
Notemos os termos habitualmente utilizados neste estudo: Cânon, do grego kanón = regra, medida -> catálogo.
Canônico = livro…
Lição 1: Noção e Extensão
Inspiração Bíblica: noção
O estudo da Bíblia deve começar pela prerrogativa que cristãos e judeus reconhecem a este livro: é a Palavra de Deus inspirada. Por causa disto é que tanto a estimamos. a) Mas, quando se fala de inspiração bíblica, talvez aflore à mente a noção de ditado mecânico, semelhante…
Nunca senti mais fortemente a verdade dessas palavras, do que quando ouvi da boca dum operário que se julgava muito sabido:“A causa primordial das nossas dúvidas na religião é a ilimitada confiança que temos na força invencível e na infalibilidade de nosso entendimento” (Eotvos).
Disse, e ergueu orgulhosamente a cabeça. O bom homem estava convencido de ter falado com abaladora sabedoria, e os que talvez repetem esse pensamento, vivam na mesma ilusão. Insensatos!“Não creio na eternidade, na religião, em Deus, creio somente naquilo que vejo!”
Aos desunidos e inquietos homens de hoje pregam alguns, em substituição ao cristianismo, a filosofia do Oriente... Budismo..., Gandhi..., Rabindranath…, Tagore…, introspeção mística..., sabedoria de faquires. Que dizer dessa epidemia moderna? Não podemos negar que o sistema de um ou outro dos filósofos orientais oferece pensamentos elevados. Mas, é notório que não possuam uma única idéia cativante que seja nova deveras! Nenhuma, por cujo amor deveríamos aderir a eles, nenhuma que não seja propriedade do Cristianismo, desde 2OOO anos. Afinal de contas, isso não é erro. O essencial não é que alguém ensine novidades, mas que pregue a verdade. Se, pois, Tagore e outros filósofos do Oriente encontraram verdades do Cristianismo, temos a alegria de verificar quão universalmente aplicável é a doutrina de nossa religião e quão arraigada está na natureza humana! Não! Os sábios hindus não nos podem oferecer senão uma valorização ainda mais profunda da fé cristã.