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Obséquio e Devoção em honra de Maria

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Meditação para o dia 30 de Maio. Obséquio e Devoção em honra de Maria

Meditação para o dia 30 de Maio

Afirmo que, entre todas as práticas devotas, nenhuma há que tanto agrade à nossa Mãe, como recorrer frequentemente à sua intercessão. Peçamos-lhe, pois, auxílio em todas as necessidades particulares. Por exemplo: quando vamos tomar ou dar conselhos, nos perigos, nas aflições e tentações, principalmente nas tentações contra a pureza. Certamente nos há de socorrer a divina Mãe, se a ela recorrermos com a antífona Sub tuum praesidium, ou com a Ave Maria, ou com a simples invocação de seu santíssimo nome, que terá uma força particular contra os demônios.

O beato Sante, franciscano, em uma tentação contra a pureza, recorreu a Maria e ela, aparecendo-lhe imediatamente, lhe pôs a mão sobre o peito e o livrou. Era tais ocasiões também é bom beijar ou tomar na mão o Rosário ou o escapulário, ou então olhar para uma imagem da Virgem Maria. Note-se que lucra cada vez 300 dias de indulgência (= indulgência parcial) quem pronunciar devotamente os nomes de Jesus ou de Maria.

Diz o padre Segneri que o demônio não achou meio melhor para consolar-se das perdas que sofreu com a extinção da idolatria, que fazendo perseguir as imagens pelos hereges. Porém a Santa Igreja defende-as até com o sangue dos mártires. A própria Mãe de Deus tem demonstrado, mesmo com milagres, quanto lhe agradam as visitas e o culto às imagens.

Assim certa vez abriu-se, diante de São João de Deus, o véu que caia sobre uma estátua de Nossa Senhora. Julgando o sacristão que se tratasse de um ladrão, correu e deu um pontapé no santo, mas instantaneamente o teve o pé paralisado.

Todos os servos de Maria costumam visitar frequentemente e com grande afeto as imagens e as igrejas erguidas em sua honra. São essas, segundo São João Damasceno, as cidades de refúgio, onde nos achamos ao abrigo das tentações e castigos que merecemos por nossas culpas. Ao entrar em qualquer cidade, a primeira coisa que o imperador Santo Henrique fazia, era visitar alguma igreja de Nossa Senhora. O padre Tomás Sanchez nunca voltava para casa sem ter feito a mesma coisa.

Não nos seja, portanto, demasiado trabalho o visitar todos os dias nossa Rainha em alguma igreja ou capela, ou mesmo em casa, onde seria bom arranjar para esse fim, no lugar mais retirado, um pequeno oratório com uma imagem sua, e adorná-lo com cortinas, flores e velas, ou lâmpadas, para aí recitarmos as Ladainhas, o Rosário, etc. Com esse intento escrevi um livrinho, que contém visitas ao Santíssimo Sacramento e à Bem-aventurada Virgem, para todos os dias do mês.

Celebrar ou fazer celebrar, ou pelo menos ouvir Missa em honra da Santíssima Virgem. É verdade que o Santo Sacrifício só se pode oferecer a Deus, principalmente em reconhecimento de seu supremo domínio. Isso, porém, não impede, diz o Sagrado Concílio de Trento, que ele possa ser oferecido ao mesmo tempo a Deus para agradecer-lhe as graças concedidas aos santos e à divina Mãe, a fim de que, celebrando nós sua memória, eles se dignem interceder por nós. Assim o indicam as próprias palavras da Santa Missa. Essa prática, assim como a recitação de três Pai Nossos, Ave Marias e Glória ao Pai à Santíssima Trindade, para agradecer-lhe as graças feitas a Maria, revelou a própria Santíssima Virgem a uma alma ser-lhe muito agradável.

Os devotos de Maria celebram com muita atenção e fervor as novenas de suas festividades. E durante elas a Santa Virgem lhes dispensa, com muito amor, as graças inúmeras especialíssimas. Viu um dia Santa Gertrudes, debaixo do manto de Maria, uma multidão de almas que nos dias precedentes se tinham preparado, por meio de devotos exercícios, para celebrar a festa da Assunção.

Práticas Piedosas

São os seguintes os exercícios que se podem praticar nas novenas:

a) Fazer oração mental, de manhã e à tarde, e visitar o Santíssimo Sacramento, acrescentando o Pai Nosso e Glória ao Pai.

b) Todos os dias visitar alguma imagem da Virgem e então agradecer ao Senhor as mercês que lhe concedeu, e pedir a Maria um favor especial para si mesmo.

c) Fazer numerosas jaculatórias a Jesus e a Maria. Nada podemos fazer que seja mais agradável à nossa Mãe, do que amar a seu Filho. Disse ela a Santa Brígida:

“Se queres que eu seja tua devedora, ama o meu Filho Jesus”

— Agradam também muito a Nossa Senhora Ladainhas, pelas quais se ganham indulgências, o hino Ave Maris Stella – Eu te saúdo, Estrela do mar, que ela encomendou a Santa Brígida recitasse todos os dias. Sobretudo estima o Magnificat, porque, recitando-o, louvamos a Deus com as mesmas palavras com que ela O louvou.

Muitos são os devotos de Maria que, nos sábados, ou nas vigílias de suas festas, lhe oferecem o jejum. Como se sabe, a Santa Igreja consagrou a Virgem o sábado, porque nesse dia ela se conservou firme na fé, depois da morte de seu Filho, diz um venerável escritor nas obras de São Bernardo. Não deixam, por isso, os servos de Maria de oferecer-lhe nesse dia algum obséquio particular, especialmente o jejum (ou outra qualquer mortificação). São Carlos Borromeu, o cardeal Toledo e tantos outros nos deixaram exemplos neste ponto. Nitardo, bispo de Bamberg, e Arriaga, da Companhia de Jesus, até se abstinham de qualquer alimento aos sábados. Auriema fala das grandes mercês obtidas por Maria aos que praticam essa devoção. Não deve parecer difícil esse jejum do sábado, àqueles que se dizem especialmente filhos de Maria, e que têm consciência de ter merecido o inferno. Afirmo que quem pratica esta devoção dificilmente se há de condenar. Pois é fácil para Maria obter-lhe a perseverança na graça de Deus e uma morte bem-aventurada. Todos os irmãos de nossa pequena Congregação, que podem fazê-lo, observam ao sábado esse jejum, em honra de Maria. Mas se alguém não o pode fazer por falta de saúde, ao menos faça qualquer outro sacrifício de alguma coisa que lhe agrade.

Finalmente, se pode mostrar aos sábados especial amor a Nossa Senhora por meio de algum exercício de piedade, como fazendo a comunhão, ouvindo Missa, visitando alguma imagem da Virgem, trazendo o cilício, etc. E ao menos nas vigílias das sete festas de Maria, procurem seus devotos oferecer-lhe esse jejum ou outra abstinência conforme lhes for possível.

Observação. Desde os séculos IX e X vem sendo o sábado dedicado especialmente a Nossa Senhora. Nessa época cantava-se uma missa votiva em sua honra. Mais tarde foi o sábado distinguido por penitências em honra de Maria Santíssima. Os teólogos do século XII motivavam o culto do sábado, em honra de Nossa Senhora, pela constância que ela mostrou no sábado da soledade após o sepultamento de Jesus.

EXEMPLO

Era quase meia noite quando puxaram com insistência a campainha da casa paroquial de uma cidade. Estava à porta uma senhora de idade que pediu o Viático para um doente cuja rua e número da casa indicou. Ela mesma acompanhou o sacerdote até perto da casa, onde de repente desapareceu.

O sacerdote tocou a campainha, mas ninguém apareceu. Afinal do terceiro andar um velho perguntou quem queria entrar tão tarde. Respondeu o sacerdote que vinha sacramentar um doente.

— Aqui, quanto sei, não há doente, replicou o velho, mas está chovendo, suba e espere passar a chuva, eu sofro mesmo de insônia.

O sacerdote subiu e entrando no quarto viu logo uma imagem de Nossa Senhora e uma lamparina acesa diante da mesma.

— Eis que acertei com uma casa religiosa, exclamou contente.

— Eu sou homem do tempo moderno, respondeu o velho, e não dou importância a imagens, mas em memória de minha mãe que era muito piedosa e estimava muito esta, conservei-a e até guardei o seu costume de acender diante dela a lamparina aos sábados.

Vendo que o padre olhava com muito interesse para o retrato de uma senhora idosa, em frente à escrivaninha, ele disse comovido:

— É minha mãe; era tão religiosa e rezava tanto a Nossa Senhora. Antes de morrer ela disse-me:

“Pobre filho, quando estiver no céu, rezarei muito por ti para que te convertas”

Mas eu não chego a isto, porque não quero saber de confissão.

Em seguida foi contando a sua vida, mas com tanta sinceridade que o sacerdote lhe disse:

— Pois o amigo não quer saber de confissão, e, entretanto acaba de manifestar-me seu interior tão claramente que poderia dar-lhe a absolvição.

— Oh! Que felicidade, se pudesse fazer isto. Exclamou o ancião, há trinta anos que não me confesso, mas agora a lembrança da minha mãe dá-me vontade de confessar-me.

Caindo de joelhos completou muito comovido a confissão, foi absolvido e recebeu a Santa Comunhão. Depois de dirigir-lhe mais algumas palavras de conselho e animação, o sacerdote retirou-se. O retrato da mãe parecia ter agora expressão de júbilo, e descendo a escada e voltando à sua casa, veio ao Padre a intuição clara de que o retrato era o da senhora que o chamara e depois desaparecera.

De manhã o sacerdote acordou pelo som de um dobre dos sinos. Perguntando quem tinha falecido, informaram-no que o velho que ele confessara de noite, sucumbiu a um colapso cardíaco. Salvo na última hora pela bondade da Mãe do céu e os rogos da mãe terrestre.

ORAÇÃO

Ó Virgem imaculada e santa, ó criatura a mais humilde e a mais excelsa diante de Deus! Fostes tão pequena aos vossos olhos, porém tão grande aos olhos do Senhor, que ele vos exaltou a ponto de vos escolher para sua Mãe e fazer- vos depois Rainha do céu e da terra. Dou, pois, graças àquele Deus, que tanto vos sublimou, e me alegro convosco por ver-vos tão unida a Deus, que mais não é possível a uma pura criatura. Diante de vós que sois tão humilde, com tantos dotes, me envergonho de comparecer, eu, miserável, tão soberbo e tão carregado de pecados. Entretanto, mesmo assim, quero saudar-vos:

Ave, Maria cheia de graça. Sois cheia de graça, impetrai também a graça para mim, O Senhor é convosco. Aquele Senhor que esteve sempre convosco desde o primeiro instante de vossa criação, uniu-se agora a vós mais estreitamente, fazendo-se vosso Filho. Bendita sois vós, entre as mulheres: ó Mulher bendita entre todas as mulheres, alcançai-me também a divina bênção. E bendito é o fruto de vosso ventre: ó planta bem-aventurada, que destes ao mundo um fruto tão nobre e tão santo! Santa Maria, Mãe de Deus: ó Maria, confesso que sois verdadeiramente a Mãe de Deus, e por esta verdade estou pronto a dar mil vezes à vida. Rogai por nós, pecadores. Mas se vós sois a Mãe de Deus, sois também a Mãe de nossa salvação, e de nós pobres pecadores. Pois para salvar-nos foi que Deus se fez homem, e vos fez sua Mãe para que vossos rogos tenham a virtude de salvar qualquer pecador. Eia, pois, ó Maria, rogai por nós: agora e na hora de nossa morte. Rogai sempre; rogai agora, que estamos em vida no meio de tantas tentações e perigos de perder a Deus. Mas, sobretudo rogai por nós na hora da nossa morte, quando estivermos a ponto de deixar este mundo, e sermos apresentados ao divino tribunal a fim de que, salvando-nos pelos merecimentos de Jesus Cristo, e pela vossa intercessão, possamos um dia, sem perigo de jamais nos perder, saudar-vos e louvar-vos com o vosso Filho no céu, por toda a eternidade. Amém.

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(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. Um Mês com Nossa Senhora ou Mês de Maria, segundo Santo Afonso Maria de Ligório. Edições Paulinas 1ª ed., 1949, p. 210-217)