Meditação para o Dia 20 de Agosto
Segundo a Imitação de Cristo, Cap. XX – L. III
Ai! Que vida esta, cercada, de todos os lados, de tribulações e misérias, onde tudo está cheio de laços e de inimigos! Ainda uma tribulação ou tentação não é passada já outra está conosco. Ainda não saímos de uma batalha, já outras muitas estão sobre nós sem as esperarmos. E como se pode amar uma vida cheia de tantas amarguras, sujeita a tantas calamidades e misérias? Como se pode até chamar vida o que gera tantas dores e mortes? Contudo, muitos a amam e trabalham para nela descobrir sua felicidade.
Muitas vezes nos queixamos de que o mundo é enganoso e vão, mas nem por isso o deixamos facilmente, porque os apetites sensuais têm em nós grande domínio. Umas coisas nos inclinam a amar o mundo e outras a desprezá-lo. Inclinam-nos a amá-lo a sensualidade, a cobiça e soberba da vida. Porém, as penas e misérias que seguem estas, causam-nos tédio e aversão ao mundo. Mas ai! O deleite leva de vencida as almas dos que estão entregues ao mundo e têm por gosto viver na escravidão dos sentidos, porque não conhecem nem gostaram da suavidade de Deus, nem da beleza interior da virtude. Pelo contrário, os que desprezam perfeitamente o mundo e trabalham por viver para Deus em santa vigilância, não ignoram a Divina doçura que é concedida a quem deveras se renuncia a si mesmo, e conhece claramente quão errado vai o mundo e quão perigosamente se engana quem o ama.
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 251)