Um terceiro fruto se poderá colher da mesma palavra do Senhor, advertindo-se, que três foram os Crucificados, no mesmo lugar e na mesma hora; um inocente, Cristo, outro penitente, o bom ladrão; o terceiro obstinado, o mau ladrão: ou, se antes quiserem assim, que foram três os crucificados ao mesmo tempo; Cristo, sempre e excelentemente santo; um ladrão, sempre e excessivamente mau; outro ladrão mau numa época da sua vida, e santo na outra. Disto podemos entender, que não há neste Mundo ninguém, que possa viver sem cruz; e que baldados são os esforços dos que confiam, que podem absolutamente escapar-se a ela; e, que sensatos são os que aceitam a sua cruz da mão do Senhor, e, que até o fim da vida a levam não só com paciência, mas até com gosto. Continue reading
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Meditação para o Dia 20 de Agosto
Segundo a Imitação de Cristo, Cap. XX – L. III
Ai! Que vida esta, cercada, de todos os lados, de tribulações e misérias, onde tudo está cheio de laços e de inimigos! Ainda uma tribulação ou tentação não é passada já outra está conosco. Ainda não saímos de uma batalha, já outras muitas estão sobre nós sem as esperarmos. E como se pode amar uma vida cheia de tantas amarguras, sujeita a tantas calamidades e misérias? Como se pode até chamar vida o que gera tantas dores e mortes? Contudo, muitos a amam e trabalham para nela descobrir sua felicidade. Continue reading
Meditação para o Dia 15 de Agosto
Segundo a Imitação de Cristo, Cap. XII vs. 11 – L. II
Quando chegares ao estado em que a aflição te seja suave e gostosa por amor de Jesus Cristo, dá-te então por feliz, porque achaste o paraíso na terra. Mas, enquanto o padecer te for molesto e buscares evitá-la, crê que te vai mal, e onde quer que fores, contigo irá a tribulação. Se te resolveres, como deves, a sofrer e morrer, logo te irá melhor e acharás a paz. E, ainda quando fosses arrebatado, como São Paulo, ao terceiro Céu, nem por isso estarias isento de padecer. “Eu lhe mostrarei – diz Jesus – quando convém que ele sofra por meu nome”. Continue reading
Meditação para o Dia 05 de Fevereiro
São Francisco de Sales, admirável nas suas comparações geniais, referindo-se à vara de Moisés, que se transformava em serpente quando no chão, e voltava a ser vara na mão do profeta, escreveu:
“Se olhais para a terra, a vara, de que se serviu Moisés diante do Faraó, é medonha serpente, mas, se a vedes na mão de Moisés, é uma varinha com a qual ele opera milagres. São assim as tribulações. Consideradas em si, na verdade, são horríveis e intoleráveis; consideradas na mão de Deus, são amáveis e deliciosas”
Meditação para o Dia 04 de Fevereiro
Nas tribulações, quando nos impacientamos, perdemos um rico tesouro de graças que, aproveitadas, dariam um aumento de glória no Céu e um bom desconto nas dívidas de nossos enormes pecados. Vai esclarecer-nos uma parábola. Um rei mandou prender dois súditos que lhe deviam grandes somas e nada possuíam para resgate das dívidas. Sua Majestade foi à prisão, levando duas bolsas cheias de ouro, que atirou com força às cabeças dos seus devedores. Um deles, indignado, com a cabeça a latejar de dor,arremessou para um canto, sem ter querido saber de seu conteúdo, a bolsa que lhe fora destinada. Continue reading
São João Batista na Prisão (Juan Fernández de Navarrete)
2º Domingo do Advento
Ioannes autem cum audisset in vinculis opera Christi… – “Como João, estando no cárcere, tivesse ouvido as obras de Cristo…” (Mt 11, 2)
Sumário. É muito grande a utilidade que nos trazem as tribulações. O Senhor no-las envia para em seguida nos enriquecer com as melhores graças. Considerai, com efeito, que São João, estando encarcerado, chega a conhecer as obras de Cristo, e recebe dele os mais elevados elogios. No tempo das tribulações, em vez de nos lastimarmos, abracemos a cruz com resignação e com ação de graças.
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20º Domingo depois de Pentecostes
Credidit ipse et domus eius tota – “Creu ele e toda a sua família” (Jo 4, 53)
Sumário. Em nossas tribulações não nos é proibido pedirmos a Deus que nos livre delas; mas é necessário que nos conformemos com a sua vontade. Estejamos certos de que Deus não nos envia as cruzes para nossa perdição, mas para nossa salvação e para nos comunicar as suas graças. Vede o bom régulo de quem nos fala o Evangelho. Talvez nunca tivesse pensado em ser discípulo de Jesus Cristo; mas o Senhor atraiu-o a si por meio da enfermidade do filho, e comunica-lhe, a ele e a toda a família, o mais precioso de seus dons, a fé. Continue reading
Sermão de John Hernry Cardeal Newman
Quarto domingo depois da Epifania
Comentário ao Evangelho de Mt 8, 27
(30 de janeiro de 1848)
Nosso Senhor ordenou aos ventos e o mar, e os homens que o viram se maravilharam, dizendo:
“Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?” (Mt 8, 27).
Foi um milagre que mostrou o poder de nosso Senhor sobre a natureza. E, portanto, eles se perguntavam, porque não conseguiam entender – e com razão – como um homem poderia ter poder sobre a natureza, a menos que lhe fosse concedido por Deus. A natureza trilha seu próprio caminho e não podemos alterá-la. O homem não pode alterá-la; só pode usá-la. A matéria, por exemplo, descende: a pedra, o ferro, todos precipitam-se sobre a terra, quando deixados a si mesmos. Mais uma vez, deixados a si mesmos não podem se mover, exceto pela queda. Só se movem quando são puxados ou empurrados à frente. A água nunca fica em porção ou massa, mas flui por todos os lados, tanto quanto pode. O fogo sempre queima, ou tende a queimar. O vento sopra de um lado para outro, sem qualquer regra ou lei detectável, e não podemos dizer como vai soprar amanhã observando como sopra hoje. Vemos todas estas coisas; elas têm o seu próprio curso, não podemos alterá-las. Tudo que tentamos fazer é usá-las; nós as tomamos da maneira que as encontramos e as usamos. Não tentamos mudar a natureza do fogo, da terra, do ar ou da água, mas observamos qual é a natureza de cada um e tentamos nos beneficiar. Nós nos beneficiamos do vapor, e o usamos em carros e navios; nos beneficiamos do fogo e o usamos de mil maneiras. Continue reading
Et baiulans sibi crucem, exivit in eum qui dicitur Calvariae locum – “Carregando sua cruz, foi ao lugar chamado Calvário” (Jo 19, 17)
Sumário. Lida que foi a sentença de morte, Jesus não espera que os algozes lhe impusessem a cruz: Ele mesmo a abraça, beija-a e põe-na sobre os ombros chagados e vai ao Calvário. Quis o Senhor ensinar-nos o modo como também devemos abraçar as cruzes que nos envia, para remédio dos pecados cometidos e para penhor da felicidade eterna. Persuadamo-nos de que, para sermos glorificados com Jesus Cristo, é mister que primeiro padeçamos com Ele, e que, exceção feita as crianças, ninguém entrou no céu senão pelo caminho das tribulações. Continue reading