"O que nela se gerou, é obra do Espírito Santo" (Mt 1)
Por isso os que a Cristo, Senhor Nosso, deram pouco antes de ser crucificado, vinho misturado com fel, e os que depois de crucificado, Lhe ofereceram vinagre, eram daqueles de quem Ele se queixa, dizendo: Esperei por quem tomasse parte, etc."Esperei por quem tomasse parte na minha tristeza; e ninguém a tomou; esperei que alguém me consolasse; e ninguém me deu consolação, na minha fome deram-me fel, e vinagre na minha sede"
Isto cumpriu com todo o rigor possível a Bem-aventurada Virgem; pois estava junto da Cruz, sofrendo a maior dor com a maior constância. Aquela dor era a prova do sumo amor a seu Filho, pendente da Cruz; aquela constância asseverava a sua muito submissa obediência a Deus: doía-se de que seu Filho inocente, que afetuosissimamente amava, fosse atormentado de cruelíssimas dores; mas nem por isso a elas obstaria por palavras ou por obras, ainda que pudesse, porque sabia que Ele padecia aqueles martírios por determinação e presciência de Deus Pai (At 2)."Quem ama seu filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim" (Mt 10)
"Despojou os Principados e Potestades, e os trouxe confiadamente publicamente deles em si mesmo, e pouco antes Encravando na Cruz a cédula do decreto, que havia contra nós" (Col 2)
Mês de Dezembro
Breve introdução sobre a Paciência e o Apóstolo Patrono
Estamos na terra para fazermos penitência e merecermos; não é ela, portanto, lugar de repouso, mas de trabalhos e sofrimentos. As dores, adversidades e outras tribulações hão de ser as mais belas jóias da nossa corôa no paraíso. Pratiquemos a paciência: 1. Quando a morte nos arrebata os parentes ou amigos; 2. Na pobreza; 3. Nos desprezos e perseguições; 4. Nas desolações espirituais; 5. Nas tentações; 6. Nas doenças. A resignação na morte, para fazer a vontade de Deus, é bastante para assegurar a nossa salvação eterna. Pondera que nesta vida, quer queiras, quer não, terás necessariamente de padecer. Procura por isso padecer de maneira meritória, isto é, pacientemente; violenta-te e evita romper em queixas e lamentos. Se te venceres, Deus te fará experimentar durante a tribulação uma doçura desconhecida dos mundanos, mas muito conhecida daqueles que amam a Deus. Se Deus te visitar com doenças, pobreza, perseguições e outras adversidades, humilha-te diante dEle, e dize com o bom ladrão:E mesmo que não tenhas perdido a inocência batismal, certamente já terás merecido um longo purgatório. Por isso alegra-te se fores castigado neste mundo e não no outro. Consola-te também nos sofrimentos internos com a esperança do céu. Recorda-te das palavras de São Paulo:"Recebemos o que mereciam nossas ações” (Lc 23, 41).
“Os padecimentos deste mundo não tem comparação com a glória futura que será manifestada em nós” (Rom 8, 18)
Se tua vida te parecer insuportável, olha para teu divino Salvador, que te precede, carregando a cruz. Ouve o que Ele diz:“O que aqui é para nós uma tribulação momentânea e ligeira produz em nós, de um modo maravilhoso no mais alto grau, um peso eterno de glória” (2 Cor 4, 17)
Teu Salvador vai sempre adiante, e só pára ao chegar ao monte Calvário, para ai morrer por ti. Acostuma-te a submeter-te já antecedentemente na oração a todos os sofrimentos que talvez te sobrevirão; assim procederam os santos e por isso estavam sempre prontos a abraçar todas as cruzes, mesmo as que lhes sobrevinham inesperadamente. Suplica, finalmente, ao Senhor instantemente que te conceda a graça da paciência, pois, sem a oração, nunca obterás essa grande graça. Justamente na oração encontraram os santos mártires a coragem para suportar os mais atrozes tormentos e a morte mais ignominiosa. Se recorreres ao Senhor com confiança, Ele te livrará dos teus padecimentos ou então te concederá a graça de suportá- los com paciência. Ele mesmo disse:“Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo e tome todos os dias a cruz sobre si” (Lc 9, 23)
Sumário I. A sua natureza II. Da Paciência em Geral III. Da Paciência nas Enfermidades IV. Da Paciência nas Injúrias e Perseguições V. Da Paciência na Desolações Espiritual VI. Alguns avisos a respeito do Exercício da Paciência VII. A Abnegação e o Amor da Cruz no Redentor VIII. A Prática da Paciência IX. Orações para alcançar a Virtude do Mês“Vinde a mim todos que andais em trabalhos e vos achais carregados e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28)
Meditação para a Vigésima Quarta Sexta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Depois de termos visto a natureza e excelência da sabedoria cristã, meditaremos sobre os seus sinais ou caracteres, e veremos: 1.° O que ela é em si; 2.° O que ela é em suas relações com o próximo. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De pedirmos muitas vezes a Deus a sabedoria cristã, e de nos examinarmos a nós mesmos com frequência durante o dia, para ver se as nossas obras, palavras e sentimentos, tem os seus, caracteres; 2.° De nos conservarmos nesse espírito habitual de recolhimento, fora do qual não reside a verdadeira sabedoria. O nosso ramalhete espiritual será a invocação a Santíssima Virgem como assento ou trono da verdadeira sabedoria:"Virgem, prudentíssima, trono da sabedoria, rogai por nós" - Virgo prudentissima, sedes sapientiae, ora pro nobis
Meditação para a Vigésima Quarta Sexta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Depois de termos visto a falsidade da sabedoria do mundo, meditaremos sobre a sabedoria cristã, e veremos: 1.° Em que consiste; 2.° Qual é a sua excelência. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De olharmos em todas as coisas a nossa salvação como o supremo fim a que devemos referir tudo; 2.° De evitarmos com cuidado o que poderia expô-la a perigo. O nosso ramalhete espiritual será a súplica de Salomão:"Dai-me, Senhor, aquela sabedoria, que está ao pé de vós no vosso trono, para que esteja comigo e comigo trabalhe" - Da mihi (Domine) sedium tuarum assistricem sapientiam... ut mecum sit et mecum aboret (Sb 9, 10)
Meditação para a Vigésima Quarta Quinta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre a falsa sabedoria do mondo, e veremos: 1.º Quanto ela é digna de reprovação; 2.° Quanto efetivamente Deus a reprova. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De deixarmos o mundo obrar, dizer e pensar o que quiser, e de seguirmos a Jesus Cristo como a única verdadeira sabedoria; 2.° De consultarmos muitas vezes este adorável Salvador, rogando-Lhe que nos esclareça a respeito de tudo o que devemos pensar, dizer ou obrar. O nosso ramalhete espiritual será o anátema que Deus proferiu contra a falsa sabedoria do mundo:"Destruirei a sabedoria dos sábios e reprovarei a prudência dos prudentes" - Perdam sapientiam sapientium, et prudentiam prudentium reprobabo (1Cor 1, 19)