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Tag: palavras de cristo

Do terceiro fruto da quarta palavra

Capítulo 16: Do terceiro fruto da quarta palavra Quando o Senhor na Cruz disse bradando: Meu Pai, porque me abandonaste, não o disse por ignorar a razão por que seu Pai o abandonou. Como poderia, pois ignorá-lo Àquele, que tudo sabe? E nesta conformidade respondeu o Apóstolo Pedro ao Senhor, quando este lhe perguntou se ele O amava:

"Senhor, tu bem sabes, bem conheces que te amo" (Jo 21)

E o Apóstolo Paulo falando de Cristo, diz (Col 2): "Em que se acham todos os tesouros da sabedoria e da ciência", por isso não fez aquela pergunta, para saber; mas a fim de nos exortar a perguntarmos, para das respostas ficarmos sabendo muitas coisas que nos são úteis, e mesmo necessárias. Mas porque abandonou Deus seu Filho na Sua tribulação e no sofrimento das dores atrocíssimas? Ocorrem-me cinco motivos que vou expor, para dar, aos sábios ocasião de fazerem melhores e mais úteis indagações.

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Do primeiro fruto da quarta palavra

Capítulo 14: Do primeiro fruto da quarta palavra Explicamos brevemente o que, quanto à Historia, diz respeito à quarta palavra. Agora a primeira consideração, que se nos oferece, para da árvore da cruz colhermos alguns frutos, é a de ter Cristo querido esgotar o cálice da Paixão completamente todo até a última gota. Tinha de estar na Cruz três horas, da 6ª até à 9ª, nela esteve três horas inteiras completas e mais que completas; pois foi crucificado antes da 6ª e expirou depois da 9ª, como se prova com o seguinte argumento: O eclipse começou à hora 6ª, como dizem três Evangelistas, São Mateus, São Marcos, e São Lucas; e expressamente São Marcos:

"E chegada a hora de Sexta, se cobriu toda a Terra de trevas até a hora de Nona" (Mc 15)

E três das sete palavras do Senhor, proferidas na cruz, foram-no antes de começarem as trevas, e antes da hora sexta; e as quatro últimas, depois das trevas e por isso mesmo depois da hora 9ª. São Marcos, porém, ainda com mais clareza explica tudo, dizendo:

"Era a hora de Terça, quando o crucificaram"

E depois acrescenta:

"E chegada a hora de Sexta converteu-se o dia em trevas"

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“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste”

Capítulo 13: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste"

Explica-se literalmente a quarta palavra

Expusemos no livro antecedente as três primeiras palavras, que Nosso Senhor pronunciou da cadeira da Cruz perto da hora sexta pouco depois de crucificado. Neste exporemos as quatro, que depois das trevas e silêncio de três horas o mesmo Senhor, e da mesma cadeira, próximo a morrer, pronunciou bradando. Parece-me, porém necessário dizer antes, que trevas foram aquelas de que foram produzidas, e para que fim; trevas que separam as primeiras três palavras das quatro últimas; pois diz São Mateus (27, 46):

"Desde à sexta hora toda a terra se cobriu de trevas até à hora nona, e perto desta, Jesus clamou: Eli Eli lammá sabactáni: isto é — meu Deus, meu Deus, porque me desamparaste"

Que aquelas trevas foram causadas pela falta da luz solar, declara-o expressamente São Lucas (23, 45): E o Sol escureceu-se, diz ele. Tem, porém de desatar-se nesta passagem três nós de dificuldades, pois os eclipses do Sol acontecem na Lua nova, quando ela se mete de permeio entre ele e a Terra, mas isto não pode acontecer na ocasião da morte de Cristo, por não haver então conjunção da Lua com o Sol, como sucede na Lua nova, a Lua estava então oposta ao Sol, como sucede na Lua cheia, pois era então a Páscoa dos Judeus, que segundo a Lei começava no dia 14 do primeiro mês. Além disto, ainda quando houvesse conjunção da Lua com o Sol durante a Paixão de Cristo, não podiam as trevas durar três horas, isto é, desde a sexta até a nona; pois não pode um eclipse do Sol durar tanto tempo, principalmente sendo total, que obscureça toda a sua luz, é esta obscuridade se possa chamar trevas; pois a Lua tem mais celeridade de movimento que o Sol, e por isso não lhe pode interceptar toda a luz senão por curtíssimo espaço, porque começando a retirar-se logo, deixa ao Sol alumiar a Terra com o seu costumado fulgor.

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Do quarto fruto da terceira palavra

Capítulo 12: Do quarto fruto da terceira palavra O encargo e jugo, imposto por Deus a São João de tomar a seu cuidado a Virgem Mãe, foi certamente encargo suave e jugo leve. Quem, pois não conviveria da mais boa vontade com aquela Mãe, que em seu ventre trouxe nove meses o Verbo Encarnado, e, que com Ele conviveu trinta anos inteiros com a maior dedicação e afeto? Quem não terá inveja ao Predileto do Senhor, que na falta do Filho de Deus mereceu a companhia da Mãe de Deus? Mas, se não me engano, também podemos nós com os nossos rogos alcançar da benignidade do Verbo, por amor de nós encarnado, e do extremoso amor de quem pelo mesmo motivo Se sujeitou ao tormento da cruz, que Ele também nos diga: Eis aí vossa Mãe; e à sua Mãe diga: Eis aí os teus filhos.

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Do terceiro fruto da terceira palavra

Capítulo 11: Do terceiro fruto da terceira palavra Em terceiro lugar aprendemos da cadeira da Cruz, e das palavras por Cristo dirigidas a sua Mãe e ao discípulo, quais são as obrigações dos bons pais para com seus filhos, e os deveres dos bons filhos para com seus pais. Comecemos por aquelas. Devem os bons pais amar seus filhos; de modo, porém, que este amor não se oponha ao amor de Deus: e é por isto, que o Senhor diz no Evangelho:

"Quem ama seu filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim" (Mt 10)

Isto cumpriu com todo o rigor possível a Bem-aventurada Virgem; pois estava junto da Cruz, sofrendo a maior dor com a maior constância. Aquela dor era a prova do sumo amor a seu Filho, pendente da Cruz; aquela constância asseverava a sua muito submissa obediência a Deus: doía-se de que seu Filho inocente, que afetuosissimamente amava, fosse atormentado de cruelíssimas dores; mas nem por isso a elas obstaria por palavras ou por obras, ainda que pudesse, porque sabia que Ele padecia aqueles martírios por determinação e presciência de Deus Pai (At 2).

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“Meu Pai, perdoa-lhes; pois não sabem o que fazem”

Capítulo I. "Meu Pai, perdoa-lhes; pois não sabem o que fazem". Explica-se literalmente a primeira palavra

Explica-se literalmente a primeira palavra de Cristo na Cruz

"Meu Pai perdoa-lhes; não sabem o que fazem" (Lc 23, 34)

Cristo, Jesus, Verbo do Pai Eterno, e de quem seu mesmo Pai disse claramente: Ouvi-o (Mt 17), e, que de Si mesmo disse também claramente: Um só é o vosso Mestre, o Cristo (Mt 23), para desempenhar cabalmente a Sua missão, não só nunca deixou de ensinar, enquanto viveu; porém, mesmo da cadeira da Cruz fez uma pregação curta, mas ardente, proveitosíssima, de muita eficácia e inteiramente digníssima de ser recolhida pelos cristãos no íntimo do coração, de lá ser guardada, meditada e posta em prática. A primeira sentença é esta: Jesus então dizia: Meu Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem (Lc 23, 34), a qual quis o Espírito Santo, que como nova e insólita fosse profetizada por Isaías naquelas palavras:

"E rogou pelos transgressores" (Is 53, 12)

Com quanta verdade o Apóstolo São Paulo, disse (1Cor 13, 5): A caridade não busca os seus próprios interesses, pode facilmente conhecer-se da ordem daquelas sentenças; pois delas, três dizem respeito ao bem dos outros, três ao bem próprio, e uma é comum, o Senhor, porém, teve primeiramente cuidado dos outros, e em último lugar de Si.

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