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O Exame Particular de Consciência

Meditação para o Sábado da Primeira Semana da Quaresma. O Exame Particular de Consciência

Meditação para a Sábado da Septuagésima

SUMARIO

Meditaremos:

1.° Na natureza e importância do exame particular de consciência;

2.° Na maneira de o fazer

— Tomaremos depois a resolução:

1.º De cumprirmos fielmente daqui em diante este exercício;

2.° De o fazermos consoante as regras dos mestres da vida espiritual.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Jeremias:

“Constitui-te para arrancares e destruíres, para edificares e plantares” – Constitui te… ut evellas, et destruas… aedifices, et plantes (Jr 1, 10)

Meditação para o Dia

Adoremos Nosso Senhor que, desejando que nos tornemos perfeitos, nos ensina, pelos mestres da vida espiritual, o exercício do exame particular de consciência como um dos mais poderosos meios de salvação. Demos-Lhe graças por esta benevolência, sempre atenta ao que pode ser útil à nossa alma.

PRIMEIRO PONTO

Natureza e importância do Exame particular de Consciência

A diferença que há entre o exame geral e o exame particular de consciência, é que o primeiro abrange todos os pecados que podemos cometer no dia ou no espaço de tempo sobre que nos examinamos, enquanto que o exame particular tem pôr fim um objeto especial, por exemplo, um vício, uma virtude, um exercício, mormente a paixão dominante, que é o lado fraco pelo qual estamos mais expostos a perder-nos. Este exercício é de grande importância:

1.° Porque é justo prover antes de todo ao lado por onde a nossa salvação mais periga; ora cada homem tem na alma um lado fraco, pelo qual o demônio mais o ataca, imitando nisto o general de um exército, que para tomar uma cidade estuda o seu lado mais fraco e dirige para aí todos os seus esforços;

2.° Porque a nossa atenção, espalhada por todas as nossas misérias ao mesmo tempo, obrará menos eficazmente que se concentrássemos, toda a nossa energia sobre um ponto particular (1);

3.° Porque, refreado o principal vício, conseguiremos facilmente refrear todos os outros, como se derrota facilmente um exército cujo chefe mataram.

Examinemos aqui a nossa consciência:

Temos apreciado, como devemos, o exame particular? E fazemo-lo assiduamente cada dia?

Empregamos nele a atenção necessária para buscar conhecer as nossas maiores culpas sobre a matéria, que é o objeto dela?

Não o fazemos nós algumas vezes com muita negligência, porque não avaliamos toda a sua importa nela?

Não nos temos persuadido de que uma exata indagação das nossas menores culpas nos tornaria mais escrupulosos, e que podíamos dispensar-nos de a fazer?

SEGUNDO PONTO

Maneira de fazer o Exame particular de Consciência

Para fazer bem este exame, convém:

1.° Fixar o seu objeto, escolhendo o vício, a paixão que é a origem mais ordinária das nossas tentações e das culpas, ou a virtude mais oposta, a esse vício, por exemplo, a humildade para os soberbos, a caridade fraternal para os que estão mais expostos a falhar a ela, a mortificação para as almas muito ternas para com elas mesmas, a mansidão e a paciência para os gênios ríspidos, a castidade para as almas tímidas, a conformidade com a vontade de Deus, a perfeição das ações costumadas, e outras práticas, segundo as necessidades de cada um. Entremos aqui em nós mesmos: temos nós um objeto de exame particular bem adaptado às necessidades da nossa alma? Se o não temos, fixe-mo-lo desde hoje.

2.º Depois de escolhido o objeto, convém dividir as suas partes ou relações, examinarmos certo tempo, por exemplo, sobre as palavras contrarias à humildade, ou à caridade, ou à paciência; mais tarde, sobre os atos opostos a estas virtudes; mais tarde ainda, sobre os pensamentos e sentimentos contrários.

3.° Feito o exame de consciência, convém notar por escrito ou ao menos reter bem na memória o número dos pecados, e impormo- nos uma penitência proporcionada ao número deles, por exemplo uma pequena esmola: será, além de uma boa obra, um meio fácil de conhecermos as nossas culpas.

4.° Depois de termos feito este exame à vista de Deus, na presença de Jesus Cristo, nosso juiz, convém desaprovar as nossas culpas, pedir perdão delas, tomar resoluções de nos observarmos melhor para o futuro, e orar para obtermos a graça da nossa conversão.

É desta maneira que fazemos cada dia o nosso exame particular de consciência?

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Pluribus intentus minor est ad singula sensus

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo II, p. 108-111)