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Na Linda Natureza de Deus

Na Linda Natureza de Deus

Confira todos os capítulos do livro Na linda Natureza de Deus, do Mons. TIhamer Toth!

Enquanto os pequenos brincam

Na linda natureza de Deus Esta tarde, os pequenos organizaram uma partida de futebol. Nós “os grandes” repousávamos num declive, ao redor do professor. Júlio quebrou o silêncio inicial:
“Senhor professor, eu aprecio muito os livros de história natural. Ultimamente, lendo alguma coisa sobre assimilação dos alimentos, veio-me uma idéia interessante. Acho que, baseados no metabolismo e assimilação, poderíamos provar que temos uma alma, uma alma espiritual que se distingue do corpo.” “Estou curioso por ver, como você conseguirá isso.”

Carlos está sangrando

Na linda natureza de Deus Ontem, no descascar batatas, Carlito cortou o dedo. Júlio, o enfermeiro, logo acorreu e aplicou um penso. O talho não fora profundo, mas Júlio teve a satisfação de poder utilizar seu ambulatório para fim um pouco mais sério do que as poucas gotas de amoníaco aplicadas ultimamente contra a ferroada da abelha, o que realmente não era serviço de monta... O Chiquinho, porém, correu direitinho ao mestre.
"Senhor professor, por obséquio! Carlos se cortou, e está sangrando horrivelmente!..."
Como é natural, o professor apressou-se e de pronto surgiu na cozinha, onde a metade do acampamento, alarmado pelo Chiquinho, estava reunida: Felizmente não havia razão para sustos. O sangue já estancara.

Um exame

Na linda natureza de Deus Jorge procurou sanar sua ignorância em anatomia, e durante alguns dias dedicou-se a esse estudo. Em nossa biblioteca ambulante encontrava-se uma obra relativa ao assunto. Depois, orgulhoso apresentou-se ao professor para submeter-se a um exame. O mestre aceitou, fez algumas perguntas, mas intercalou muitas ponderações interessantes, sobretudo quanto à mão do homem.
“Diga-me, Jorge, que sabe você da mão?” “A mão do homem se compõe de 27 ossos, ligados entre si por meio de 4O músculos, segundo um princípio tão maravilhado quão simples”, começou Jorge.

O cozido de couve

Na linda natureza de Deus
“Caramba! Se o Luís não merece agora uma surra, então nunca mais! O cozido que ele nos preparou para o jantar de ontem! Horrível! Comemo-lo, é verdade; pois, quando se tem fome de lobo não se faz luxo, mas, à noite! Horror! — Ainda agora me vem suor frio, quando me lembro. Sonhei que me enterravam vivo. Vi claramente como me deitavam no caixão, e me desciam na cova, e os torrões a caírem, produzindo um som abafado. Esperneio... grito... em vão. Os torrões caem e caem, e cada qual deles cai diretamente sobre meu estômago e o comprime. Por que exatamente ali? E como pesam! Não aguento mais... Agora berro: Socorro!! Estão-me matando!— Uma lanterna elétrica projeta um facho de luz no meu rosto, acordo vejo rostos espantados ao redor... Que aconteceu? — Nada! — No dia seguinte, porém, quis dar uma sova no cozinheiro. Justamente entrava o professor para vi¬sitar a cozinha. Assim ele ficou ciente de tudo”

O que o corpo nos revela

Na linda natureza de Deus Mais uma vez o acampamento sofria o enfado produzido por monótonos dias de chuva. O vento ia tangendo grandes blocos de nuvens, e nós preparávamos as refeições dentro do abarracamento. O professor se assentou junto do Jorge, que demonstrara precedentemente formidável ignorância, quando perguntado acerca do corpo humano.

Simulação

Na linda natureza de Deus “Ora, que tapeação!” gania a voz exaltada de Jorge, debaixo duma árvore. Pelo tom devia ser mesmo alguma desilusão séria. Os rapazes, logo se acercaram: “Que história é essa de tapeação?” perguntaram três a uma voz.
“Refinado logro! Peguei um elatro e coloquei-o de costas, bem quietinho. Olhava-me tão sereno, que pensei que não podia mexer-se. Fazia como se não tivesse uma centelha de vida. De repente — hup! — Um salto, e desapareceu simplesmente, à francesa! Abandonou-me sem mesmo dizer adeus! Fiquei logrado!”
Desiludidos os rapazes já iam debandar, quando o professor aproveitou o ensejo para uma conversa.

O escaravelho

Na linda natureza de Deus
“Alô, rapazes! Depressa... Depressa!”
Francisco soltara o grito de alarme da borda do mato. Todos, mesmo os mais lerdos, correram direitinho para ele, que estava debaixo de majestoso carvalho, ostentando vitorioso sua presa, entre os dedos estendidos.
“Vejam este escaravelho! Estava justamente saindo do carvalho”.
De fato, era presa respeitável. Escaravelho tão vistoso, com antenas formidáveis como este, talvez riem o gabinete da História Natural do ginásio o possuísse. Na coleção de Francisco receberá naturalmente o lugar de honra. Atraído pelas expressões de júbilo, veio também o professor.

Calieurgus, o caçador vermelho

Na linda natureza de Deus
“Professor, o senhor prometeu contar-nos alguma coisa do caçador vermelho”. “Ah sim, o caçador vermelho. Foi num livro de um explorador do Brasil, que tive notícia dele. Um verdadeiro finório. 'Calicurgus annulatus' é seu nome científico. É uma vespa cor de sangue, própria do Brasil, e conta uns três centímetros de comprimento. Se ferir um homem, a vítima fica algum tempo entorpecida. O naturalista escreve: — É a hora da sesta, num dia cálido de verão. Nada se move, nem um pássaro pia... De repente, bem alto acima de minha cabeça, aparece um pequeno ponto que desce, descrevendo espirais sempre mais apertadas. É ele, o Calicurgus! Deve ter percebido alguma coisa lá do alto.

Os coveiros

Na linda natureza de Deus
“Rapazes! Depressa! Aqui! Incrível!”, repercutiu a vozinha do Carlito pelo acampamento. Percebemos logo que nada de mal lhe sucedera, mas que devia ter descoberto alguma coisa. Todos desabalaram para lá. “Vejam só! — Um rato morto, passeando aqui pelo atalho”. “Que? Rato morto passeando!” “Bem, não é propriamente o rato; ele é arrastado por cinco besouros. — Já faz algum tempo que estou observando como eles se esfalfam; no entanto, conseguem levá-lo.”

A mosca pairadora e outras coisas mais

Na linda natureza de Deus Hoje de manhã; tempo claro e belíssimo, um bando de rapazes cercava o Carlos, ou melhor, o microscópio que ele trazia. Apareceu uma borboleta, e após uma caçada de quinze minutos, ele a apanhava. Afogueado voltava agora. “Como este malandro me cansou!”, suspirou ele. Depois colocou uma partícula pequenina da asa do inseto sob o microscópio. Era esse o motivo do ajuntamento.
“Oh, Carlos, deixe-me ver também! É realmente tão bonito?” “Ora! De assombrar! Maravilhoso!” “Vejam, rapazes”, disse o professor, “há pouco, nos extasiavam as estrelas imensamente grandes, e agora acontece o mesmo com coisas infinitamente pequenas. Examinem essa asa e sua finíssima contextura. Não há artista humano capaz de criar nada que apenas se assemelhe a isto. É esta a diferença, a obra humana é bela somente enquanto a consideramos em conjunto, a certa distância. Examinem com uma lente a mais linda pintura de Rubens, a mais célebre escultura de Canova, e que verão? No quadro, uma infinidade de traços de pincel; no rosto de bela estátua, horríveis irregularidades. Se, porém, colocarmos debaixo do microscópio uma obra do Criador, uma pétala insignificante, um fio de teia de aranha, uma asa de borboleta, uma gota d’água, suspendemos a respiração ante a magnificência que se nos depara na harmonia e perfeita adequação à sua finalidade. O próprio Diderot, o incrédulo escritor francês, dizia: — Um olho, uma asa de borboleta bastava para confundir um ateu”. “Sr. professor, olhe aqui, por favor”, gritou Carlos, “lá está uma mosca parada no ar! É como se estivesse dependurada, mas o fio não se enxerga. E produz um som tão esquisito!”