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Sua vida de vítima

Meditação para a Quarta-feira da 4ª Semana do Advento. Sua vida de vítima

Meditação para a Quarta-feira da 4ª Semana do Advento

Sumário

Consideraremos que o seio de Maria não é somente um templo, em que o Verbo Encarnado mostra o Seu zelo e expande a Sua oração: é também um altar, em que se sacrifica. Por conseguinte meditaremos:

1.° A vida de vítima, que tem Jesus no seio de Sua Mãe;

2.° A vida de vítima, que nós mesmos devemos ter.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De santificar, o dia com diferentes atos de amor para com Jesus, nossa vítima no seio de Maria;

2.° De trabalhar na nossa emenda espiritual com o sacrifício de nossos gostos e desejos.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra de São Paulo:

Jesus Cristo amou-nos e se entregou a si mesmo por nós outros, como oferenda e hóstia a Deus – Christus dilexit nos, et tradidit semetipsum pro nobis oblationem et hostiam Deo (Ef 5, 2)

Meditação para o Dia

Adoremos o Verbo Encarnado oferecendo-Se a Deus seu Pai, no seio de Maria, como a vítima sobre o altar do sacrifício. Oh! Quão adorável e amável é esta vítima! O Pai nela põe toda a Sua complacência – In te complacui (Mc 1, 11); a terra nela acha a sua salvação e os anjos o objeto de um grande gozo. Tributemos todos os nossos respeitos a esta augusta vítima.

PRIMEIRO PONTO

Vida de vítima que tem o Verbo Encarnado no seio de Maria

Segundo o testemunho de São Paulo (Hb 10, 5), Jesus Cristo, desde a Sua entrada no mundo, diz a Deus seu Pai:

«Vós tivestes por agradáveis os sacrifícios de animais, que vos ofereciam segundo a lei; mas formastes-me um corpo, que eu vos ofereço para substituir os antigos sacrifícios»

Consideramos com respeito esta adorável vítima no seio de Maria, que foi o Seu primeiro altar. Quão voluntariamente se oferece a seu Pai para ser a nossa salvação e o preço da nossa redenção! Toma sobre Si o peso de nossas culpas, de nossas ingratidões e fraquezas; e para as expiar, priva-Se de todo o gozo, sujeita-Se a nove meses de clausura e incômodo, de humilhação, de pobreza e de padecimento. Ó admirável vítima dos pecados do mundo, como louvar-Vos e agradecer-Vos bastantemente! O meu coração derrete-se em amor vendo-Vos, nesse estado, trabalhar na minha salvação:

1.° Com tanta prontidão: nenhum instante de demora ou de inação; pondes mãos à obra desde o primeiro momento de Vossa existência;

2.° Com tanto fervor: empregais nisso toda a Vossa alma, todo o Vosso corpo, todas as Vossas forças Se dais a cada um de Vossos atos toda a perfeição possível;

3.° Com tanta constância: nem um momento de afrouxamento e de diminuição no Vosso zelo. Tal é o começo de Vossa vida, tal será o Seu regresso, tal será o Seu termo.

Oh! Quanta razão tem São Paulo para dizer:

Não temos um pontífice, que não possa compadecer-se de nossas enfermidades (Hb 4, 15)

Jesus compadece-se delas tanto que, para nos salvar, dá tudo o que tem; entrega-Se inteiramente e não vive senão para ser nossa vítima. Ó amor, quão admira val e amável sois! Como Vos amei eu tão pouco!

SEGUNDO PONTO

Todos os cristãos são chamados à vida de vítima

Somos chamados a esta vida:

1.° Porque devemos todos imitar Jesus Cristo: Ele é o nosso modelo; devemos ser a sua fiel cópia; não se é cristão senão com esta condição;

2.° Porque temos muitos pecados a expiar e uma grande penitência a fazer. Ó dias mal empregados! Ó anos perdidos, quanto vos lastimo! Ó pecados cometidos, quanto vos deploro e detesto! É já tempo de começar seriamente a fazer penitência, oferecendo-nos como vítima ao Senhor;

3.° Porque se não temos ânimo para sacrificar a Deus o nosso gênio com os seus arrebatamentos, a nossa vontade com os seus caprichos, o amor de nosso bem-estar com essa moleza, que nos leva a buscar em tudo o nosso regalo, recataremos infalivelmente. O menor estorvo nos deterá; o menor desgosto nos perturbará, o menor prazer nos arrastará; a inconstância e leviandade inutilizarão as nossas resoluções e esterilizarão as graças de Deus. Não há salvação para nós senão com a condição de ter uma vida de vítima, isto é, de abnegação, para não seguir senão o caminho do dever e o que julgarmos mais agradável a Deus. Obremos assim, e seremos consolados e felizes no tempo e na eternidade.

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 107-109)