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Entre dois Mundos

Meditação para o Dia 19 de Julho

Por que tanto sofre o homem no mundo? Por quê? É a dolorosa, inquieta e desesperadora interrogação de toda filosofia, de toda religião, de todo sábio. Temos sede e fome insaciáveis de uma felicidade que se não encontra em parte alguma.

“Quereis saber – diz Lammenais – por que é o homem a mais sofredora das criaturas? É porque tem ele um pé no finito e outro no Infinito e está como que esquartejado, não por quatro cavalos, como nos tempos do horror, mas por dois mundos”

Esta é a razão última por que sofremos. Dotados de um coração de ânsias infinitas, criados à imagem e à semelhança do Eterno, como podem o finito e o efêmero contentar-nos? E procuramos loucamente uma felicidade eterna no temporal, a satisfação de um desejo infinito no finito. E como não sofrer? Ó ânsia eterna que nos devora! Que suplício não padecem o gênio, o santo, o artista, almas nobres, dotadas com mais perfeição deste senso do Infinito e do Eterno! O homem animal não é todo o homem. Há em nós a carne e o espírito. Esta dualidade inimiga foi assim analisada pelo gênio de São Paulo:

“A carne luta contra o espírito e o espírito luta contra a carne”

Temos em nós dois homens: o animal e espiritual. Pascal diria o Anjo e a Besta. Um tende para Infinito, outro para o finito, um para o Eterno, outro para o efêmero. E ficamos entre dois mundos, nesta luta a que nenhuma guerra, nenhum combate se pode comparar. Como, pois, não sofrer? E, coisa singular! É nessa luta, nessa guerra feita, como nos ensina o Evangelho, que achamos a paz, a doce paz que Jesus nos veio trazer!

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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 218)