Meditação para o Dia 24 de Dezembro
“Quando se deseja saber o que vale uma alma – escreveu Lacordaire –, é mister tocá-la. E, se ela não dá o som do sacrifício, esteja ela coberta de púrpura, passai, passai! Não é uma alma!”
A dor é escola das almas, e não parece ter alma quem não sabe sofrer e se imolar. O sofrimento revela-nos as profundezas de nossa alma com toda a sua complexidade e mil delicadezas, e com isso nos revela também as profundezas de alma de nossos semelhantes. Saber sofrer é necessário, ao menos para se não fazer sofrer os outros. Somos todos para com os outros uma fonte de aborrecimentos e pesares. A dor santifica-nos, ensinando-nos a doçura, a caridade suave para com o próximo. O sofrimento é a escola da bondade. Uma alma vulgar é incapaz de perceber e nem pode suspeitar o que se passa num coração nobre e nas almas delicadas. E certos espíritos grosseiros passam indiferentes, como os viajantes do caminho de Jericó, ante as dores secretas e as chagas doloridas desse pobre samaritano atirado à beira do caminho.
O sofrimento repugna, é verdade, aterroriza a nossa fraqueza, mas é tão belo, tão luminoso! Quando não nos preparasse uma coroa de glória no Céu, bastava cultivasse ele em nós a flor da bondade!
Como é bom sofrer para ser bom!
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 383)