Meditação para o Dia 05 de Novembro
A Religião de Nosso Senhor Jesus Cristo não proíbe que choremos os nossos mortos queridos. Podemos, pois, render a estes o tributo de nossas lágrimas e de nossas saudades. Com esta pobre natureza, como ficarmos insensíveis ante a morte de um ente estremecido? Como nos custa ver arrebatados pela morte os entes com os quais convivemos, nosso pai, nossa mãe, nosso filho, nosso irmão, nosso amigo!… A Religião, se bem que nos ensine a ser fortes na dor e a meditar na Paixão de Jesus Cristo, não nos veda aquelas lágrimas e saudades. Ela não tem o estoicismo pagão, estúpido e antinatural. Pois Jesus não chorou na sepultura de Lázaro? Não choraram, na Paixão, Maria e Madalena e as Santas Mulheres? A Religião nos permite chorar do mesmo modo os nossos mortos. Quer apenas que o façamos, não como os pagãos, desesperados e desiludidos, mas como quem tem esperança na vida eterna e crê na imortalidade. Choremos a separação dolorosa, mas com a doce esperança de que, um dia, numa pátria melhor, onde não haverá luto, nem dor ou sofrimento de qualquer espécie, nem separação, tornaremos a ver todos aqueles que amamos aqui na terra. Como essa esperança consola! O cristão não deve dizer, com desespero, ante o cadáver gelado de um ente querido:
“Nunca mais te verei! Adeus para sempre!”
Não! Embora em pranto, suas palavras devem ser estas:
“Até ao Céu! Lá nos tornaremos a ver e seremos para sempre felizes!”
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 332)