
Não existe ciência propriamente neutra. Os jovens imaginam muitas vezes a ciência como uma deusa, imperando em alturas inacessíveis, por todos cultuada, de intransigente veracidade. Todavia, tal ciência não existe. Há sim, “sábios”, que não sendo seres abstratos, mas homens que vivem entre nós, pertencem a este ou àquele grupo humano, simpatizando com seu modo de pensar, entusiasmando-se por suas idéias, apoiando suas aspirações. Os resultados científicos, não os recebemos da “imparcial deusa ciência”, a qual não existe, mas dos representantes humanos do saber, de seus tratados e livros. Agora compreenderemos que não é indiferente ler um livro de um autor qualquer sobre esta ou aquela questão. É verdade: “A ciência não tem religião nem pátria.” —
La Science n’a ni religion ni patrie — como reza a inscrição de um instituto zoológico na França; mas também é verdade o que Pasteur respondeu a isso:
“Os sábios, contudo, têm religião e pátria.”