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Author page: Gabriel

Calieurgus, o caçador vermelho

Na linda natureza de Deus
“Professor, o senhor prometeu contar-nos alguma coisa do caçador vermelho”. “Ah sim, o caçador vermelho. Foi num livro de um explorador do Brasil, que tive notícia dele. Um verdadeiro finório. 'Calicurgus annulatus' é seu nome científico. É uma vespa cor de sangue, própria do Brasil, e conta uns três centímetros de comprimento. Se ferir um homem, a vítima fica algum tempo entorpecida. O naturalista escreve: — É a hora da sesta, num dia cálido de verão. Nada se move, nem um pássaro pia... De repente, bem alto acima de minha cabeça, aparece um pequeno ponto que desce, descrevendo espirais sempre mais apertadas. É ele, o Calicurgus! Deve ter percebido alguma coisa lá do alto.

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Os coveiros

Na linda natureza de Deus
“Rapazes! Depressa! Aqui! Incrível!”, repercutiu a vozinha do Carlito pelo acampamento. Percebemos logo que nada de mal lhe sucedera, mas que devia ter descoberto alguma coisa. Todos desabalaram para lá. “Vejam só! — Um rato morto, passeando aqui pelo atalho”. “Que? Rato morto passeando!” “Bem, não é propriamente o rato; ele é arrastado por cinco besouros. — Já faz algum tempo que estou observando como eles se esfalfam; no entanto, conseguem levá-lo.”

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A mosca pairadora e outras coisas mais

Na linda natureza de Deus Hoje de manhã; tempo claro e belíssimo, um bando de rapazes cercava o Carlos, ou melhor, o microscópio que ele trazia. Apareceu uma borboleta, e após uma caçada de quinze minutos, ele a apanhava. Afogueado voltava agora. “Como este malandro me cansou!”, suspirou ele. Depois colocou uma partícula pequenina da asa do inseto sob o microscópio. Era esse o motivo do ajuntamento.
“Oh, Carlos, deixe-me ver também! É realmente tão bonito?” “Ora! De assombrar! Maravilhoso!” “Vejam, rapazes”, disse o professor, “há pouco, nos extasiavam as estrelas imensamente grandes, e agora acontece o mesmo com coisas infinitamente pequenas. Examinem essa asa e sua finíssima contextura. Não há artista humano capaz de criar nada que apenas se assemelhe a isto. É esta a diferença, a obra humana é bela somente enquanto a consideramos em conjunto, a certa distância. Examinem com uma lente a mais linda pintura de Rubens, a mais célebre escultura de Canova, e que verão? No quadro, uma infinidade de traços de pincel; no rosto de bela estátua, horríveis irregularidades. Se, porém, colocarmos debaixo do microscópio uma obra do Criador, uma pétala insignificante, um fio de teia de aranha, uma asa de borboleta, uma gota d’água, suspendemos a respiração ante a magnificência que se nos depara na harmonia e perfeita adequação à sua finalidade. O próprio Diderot, o incrédulo escritor francês, dizia: — Um olho, uma asa de borboleta bastava para confundir um ateu”. “Sr. professor, olhe aqui, por favor”, gritou Carlos, “lá está uma mosca parada no ar! É como se estivesse dependurada, mas o fio não se enxerga. E produz um som tão esquisito!”

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O “Rhynchites betuleti”, construtor de funis

Na linda natureza de Deus
“Existe um pequeno besouro, o 'Rhynchites Betuleti', menor do que a mosca, — um matemático mais hábil do que a abelha. Esta só trabalha com logaritmos, enquanto que aquele, com cálculos diferenciais e integrais”. “E por que se dedica a tais horrores?”, perguntou Júlio espantado. “Ora, porque tem um problema difícil de resolver. Primeiro, ele é capaz de pôr somente alguns ovos, os quais, além disso, são extremamente susceptíveis ao calor e à umidade. Segundo, deve protegê-los contra os salteadores. Enfim, precisa cuidar de que as cegas larvinhas recém-nascidas encontrem imediatamente seu alimento. Imaginem agora: Se esse besourinho refletisse com seu juízo de inseto, que deveria ele pensar?

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As sábias abelhinhas

Na linda natureza de Deus
“Ai! Depressa! Onde está o amoníaco?!”
Jorge era que cuidava da farmácia portátil. Francisco, que soltara tais gritos, tivera a desgraça de ser picado por uma abelhinha, justamente na ponta do nariz. Por isso, aquele barulho infernal. De nariz inchado saltava e pulava, enquanto segurava na mão o atrevido inseto morto.
“Veja só, que animal estúpido é a abelha, enquanto age tão inteligentemente em outras coisas”, começou o professor, quando amoníaco tinha aliviado um pouco as dores do rapaz. "Tola foi ela, quando lhe aplicou a ferroada, não sabia que o ferrão havia de quebrar e, com isso, estava condenada à morte. Sabem que a mesma abelha, em outros assuntos, por exemplo, na alta matemática, é mais versada do que muito bacharel?” “Na matemática? A abelha e matemática? Como pode rimar isso?” “Sentem-se, e ouçam”

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O trabalho da folha

Na linda natureza de Deus
“Vocês sabem que a função da folha é ainda muito mais assombrosa do que, a da raiz? A folha é o pulmão da árvore, com o qual respira; á também a boca, porque, assim como a raiz, ela deve ingerir parte do alimento, é ainda o estômago, visto como lhe cabe digerir e assimilar o alimento absorvido.” “Ah, sim”, observou Paulo. “Nós aprendemos que a árvore morre se a despojarmos de sua folhagem.” “Não é para menos. Prive a alguém de seus pulmões, boca e estômago!... Entretanto, as folhas podem corresponder a essa função complica da e múltipla, somente quando existem em número suficiente, têm uma forma adequada e estão expostas ao ar e à luz do sol na proporção exigida”. “E se as folhas fossem todas bem grandes, não seriam mais apropriadas para esse fim?”

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Um rato na tenda

Na linda natureza de Deus Esta madrugada, bem cedinho, os ocupantes da outra barraca foram acordados do melhor do seu sono por um grito terrível. Sobre o colchão, estava sentado o Celsinho, tiritante como um treme-treme, pálido como a morte. Custou muito, até que pudesse explicar-se, suspirando:
“Um rato! Um verdadeiro rato! Correu por cima do meu colchão... Brrr!” “Mas Celso! Tal escândalo por causa dum rato!”
Depois do almoço, Luís nosso “factotum” pôs mãos à obra. À fim de assegurar o equilíbrio mental de Celsinho, construiu uma ratoeira. Em cima duma tabuinha fixou uma espécie de gaiola de arame, à qual dava acesso uma abertura, munida de arames que se iam estreitando para o interior. Lá dentro, um pedaço de toucinho serviria de isca. Os companheiros seguiam atentos o trabalho do amigo.

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O Coração de Jesus, modelo de Fidelidade

Sagrado Coração de Jesus

Fidelis est, qui vocavit vos; qui etiam faciet — “Fiel é o que vos chamou; o qual também o fará” (1 Ts 5, 24)

Sumário. Jesus tem um Coração tão fiel, que, quando é abandonado, traído, desprezado por uma criatura infiel, vai à sua procura, instando com ela para que torne à sua amizade. Estimulado por amor extremo, faz todos os esforços para reconquistar a alma que o deixou, a fim de que ela se digne ao menos responder a um Coração que nunca lhe faltou na fidelidade.

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Uma excursão

Na linda natureza de Deus Hoje levantamo-nos uma hora mais cedo; tratava-se de fazer uma excursão a um monte vizinho, que proporcionava uma esplêndida vista das vizinhanças. Quem tinha os pés doloridos ficou no acampamento; os outros nós pusemos a caminho, de bom humor, às 7 horas. Depois de uma marcha de cerca de hora e meia, através duma floresta magnífica, chegamos a uma clareira, coberta de árvores tombadas. Um mês atrás, um tufão assolara a região e derrubara muitas árvores seculares. O professor mandou fazer alto, para que o grupo pudesse descansar e tomar o lanche. Ainda não eram 9 horas, mas fazia bem tomar um pouco de fôlego. Inúmeras folhas caídas cobriam o solo e os galhos secos das árvores abatidas estalavam sob o peso dos rapazes empoleirados.
“Quantos mortos jazem aqui em redor de nós!”, começou o professor. “Quantos gigantes da floresta terão baqueado assim, com as tempestades, através dos milênios, corroídos pela idade. Estamos parados num grande cemitério. Que pensam vocês? Que foi feito dos milhões e miIhões de folhas caídas no outono? Pois, se os troncos, galhos e folhas se amontoassem, resultaria um montão a sufocar qualquer vida. Onde foram parar? Carlos, remexe um pouco o chão com a vara.”
Quatro ou cinco lançaram mão de seus bordões. Uma camada amarelo-cinzenta de folhas bolorentas, meio apodrecidas, apareceu.

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A chuva cai das nuvens

Na linda natureza de Deus Desde ontem à tarde está caindo uma chuva fina, persistente, magnífica para pôr à prova a disposição mental dum bivaque. Enquanto há o sorriso do Sol, nada parece difícil no acampamento: descascar batatas, buscar leite, arrumar as tendas... tudo se faz brincando. Mas num dia feio e chuvoso como o de hoje?... Chove desde ontem, e não é uma boa pancada d’água, como uma trovoada de verão em regra; é um gotejar lento... ora para, ora recomeça. É o primeiro dia de acampamento em que não tivemos missa, ainda por causa da chuva. Sem missa, falta alguma coisa no dia! A assistência diária à Santa Missa é para nós real prazer. Mais da metade dos nossos comunga diariamente. Ninguém os obriga; é espontâneo. Não é difícil viver puros, quando nos sentimos tão perto de Deus. Hoje tínhamo-nos reunido na barraca maior. Tratava-se de não deixar aparecer o aborrecimento. A princípio naturalmente, falou-se, da chuva e da umidade do ar.

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