Skip to content Skip to footer

A jornada de Nazaré a Belém

Compre o livro Flores a Maria!

Submissão de Maria Santíssima e São José às ordens do imperador

Como são diferentes os pensamentos de Deus dos pensamentos dos homens, e superiores os desígnios do Rei do céu aos de todos os grandes da terra! O imperador Augusto publica um edito para se fazer o recenseamento de todos os vassalos do seu império, sem ter nisto outro motivo, senão o de satisfazer a sua ambição e orgulho. Mas a Providência que tem mui diferentes desígnios, tudo dispõe em ordem a que sejam cumpridas as profecias, que anunciavam o nascimento do Messias em Belém. Maria e José não consideram no mandado do príncipe mortal senão a vontade de Deus: adoram os seus decretos impenetráveis; entregam-se aos cuidados da sua Providência; e, sem desanimarem com as dificuldades da jornada, só cuidam em obedecer prontamente à ordem que os chama a Belém. Oh! Quanto a obediência nos seria fácil e agradável, se, imitando a Maria Santíssima e a São José, víssemos sempre a vontade de Deus nas ordens dos superiores!

Virtudes que pratica na jornada

Sigamos em espírito estes dois santos esposos, e admiremos as virtudes com que eles santificam a sua jornada. Caminham cuidadosos com a intenção de cumprir a vontade do Senhor; suportam com paciência e alegria as incomodidades, que a pobreza, a distância do caminho e o rigor da estação lhes fazem sofrer; em suas conversações só se ocupam da ventura de verem brevemente o Redentor; o seu espírito se acha todo embebido na meditação deste grande mistério, o seu coração todo abrasado em amor para com aquele Deus, que quer nascer para salvação do mundo. Sempre que se nos ofereça ocasião, regulemos o nosso procedimento pelo da nossa santa Mãe e de seu casto esposo. Apliquemo-nos a santificar todos os nossos passos, ações e palavras pela oração, pela caridade, pela paciência e pela submissão à santíssima vontade de Deus.

Repulsas que sofrem em Belém

Depois das fadigas de tão longa jornada, os santos viajantes só experimentam desprezos e humilhações da parte dos habitantes de Belém; ninguém encontram que queira dar-lhes agasalho, e acham-se na precisão de abrigar-se na concavidade de um rochedo que servia de curral a vis animais. É este o palácio onde entra a Rainha do universo, e onde quer nascer o Deus do céu e da terra! Ó Verbo encarnado, quão cedo começais a sofrer por meu amor! Vendo os desprezos, repulsas, pobreza, abandono e humilhações, que sofreis juntamente com as duas pessoas do mundo mais santas e mais caras ao Vosso coração, ousarei eu queixar-me e murmurar, quando tiver alguma coisa que sofrer por Vosso amor? Ó Maria e José, alcançai-me paciência e resignação em todas as provações que Deus for servido enviar-me.

ORAÇÃO

Ó Maria, minha terna Mãe, eu sinto uma grande e bem doce confiança, quando considero que Jesus é o meu advogado junto do Pai celeste e que vós, minha amável Protetora, rogais por mim a vosso Filho. Pela minha parte não cessarei nunca de implorar a sua e a vossa misericórdia. Ah! Eu tenho-me descuidado muito de recorrer à oração, e é por isso que a minha alma se acha tão fraca, enferma e chagada! Oh! Se eu vos tivesse invocado em tantas ocasiões, em que conhecia a necessidade do vosso socorro, não teria ofendido a Deus, nem perdido a Sua santa graça. Ó meu único refúgio, alcançai-me hoje um dom bem precioso, que desejo com todo o coração, porque conheço mais que nunca, quanto me é necessário; é o espírito de oração, é a graça de orar sempre com atenção e fervor, de recorrer a vós pela oração em todas as minhas necessidades, de viver e morrer implorando o vosso auxílio. Ó minha divina Mãe, se nisto eu for fiel, está segura a minha salvação.

Agora se faz o Ato após a Meditação

EXEMPLO

Santo Estanislau Kostka, grande servo de Maria

A recepção do Sacramento da Eucaristia é uma das graças mais assinaladas que Maria obtém aos seus fiéis servos.

A vida de Santo Estanislau Kostka oferece-nos desta verdade os mais comoventes exemplos.

Este santo, em criança, foi cruelmente perseguido por seu irmão Paulo, e até pelo seu aio Bilinski, quando estudava em um colégio de Viena, e durante algum tempo que depois viveu com eles em casa dum luterano da cidade. Os maus tratos que lhe dava o seu irmão e a austeridade da sua vida, ocasionaram ao santo uma gravíssima enfermidade.

O demônio que tentava vencer a coragem do fiel servo de Deus, aproveitando-se uma ocasião em que o deixaram só, apareceu-lhe sob a figura de um animal feroz e lançou-se sobre ele para o estrangular; do ser consolado, lhe apareceu uma multidão de anjos, um dos quais trazia, o Santíssimo Sacramento, e aproximando-se de Estanislau com um ar pleno de majestade ministrou-lhe a Sagrada Comunhão, deixando-o louco de prazer na posse do seu Bem Amado.

Que favores não obterá do céu um verdadeiro devoto e amante da Mãe do Deus?

OUTRO EXEMPLO

Viena livre dos muçulmanos por intercessão de Maria Santíssima

Em 1683 os Turcos, orgulhosos da vitória que alcançaram sobre os imperiais, resolveram levar as suas conquistas alem do Danúbio e mesmo além do Reno, dirigindo sobre Viena os seus batalhões, para a sitiarem.

Todos fugiam ao impeto muçulmano, e o próprio Imperador Leopoldo I, não se sentindo com forças para arrostar contra essa torrente impetuosa, abandonou precipitadamente a capital.

As baterias foram imediatamente assestadas e a trincheira, aberta na véspera da Assunção de Nossa Senhora, foi impelida com incrível rapidez! Para cúmulo de infortúnio o fogo que se pegou numa igreja, ameaçava alcançar o arsenal. Em tal caso perder-se-iam completamente as munições, e uma terrível explosão faria horríveis estragos, prelúdio de outros ainda maiores!

Porém, Maria, invocada incessantemente com inteira confiança, não abandonara os que se lançavam em seus braços. No próprio dia da Assunção, extinguisse repentinamente o incêndio, e com a esperança renasceu a coragem nos corações desalentados. Entretanto os turcos continuavam a empresa com incrível atividade, e a sua formidável artilheria fazia chover noite e dia sobre a cidade, uma saraivada de balas. Viena, esse baluarte da cristandade, já quase reduzida a cinzas, ia cair sob o jugo da impiedade turca! Mas o que não poderá obter uma plena confiança na Santíssima Virgem? No dia da Natividade os habitantes da cidade e os soldadas redobraram as suas orações, e nesse mesmo dia foram avisados de que vinha em seu auxílio um extraordinário socorro.

Com efeito, pouco depois viam-se flutuar algumas bandeiras sobre as montanhas vizinhas. Era o grande Sobieski e a sua legião polaca. A tropa era pouco numerosa, mas a piedade do chefe e dos soldados chamou sobre eles as bênçãos do céu, tornando-os o flagelo dos bárbaros, os salvadores de Viena e da cristandade!

No dia 12 de manhã Sobiesk ajudou à missa de joelhos e com os braços abertos, na qual comungou, entregando-se com os seus soldados à proteção da Santíssima Virgem e, recebendo com eles, em nome do Soberano Pontífice, uma benção solene. Terminada a cerimônia, cheio de ardor e de nova confiança exclamou:

“Agora, avante, sob a poderosíssima proteção da divina Mãe de Jesus”

Em breve o pequeno exército viu desdobrar-se à sua vista o vasto campo dos infiéis, com os seus numerosos esquadrões e fulminante artilheria. O temor apossou-se involuntariamente de todos os corações, e os polacos confessaram que só Deus lhes podia alcançar a vitoria. É que tinham orado com fé, e pela intercessão de Maria foi atendida a sua prece. O Kan dos tártaros, aterrado e surpreendido com a violência do primeiro ataque, recuou, fugindo precipitadamente e arrastando consigo o Grand Vizir que, forçado a segui-lo, tremia de raiva!

Em breve a derrota foi completa, a planície juncada de cadáveres e o Danúbio engolia nas suas vagas milhares de fugitivos! Todas as munições de artilheria e a própria bandeira de Maomé, foram presas do vencedor. Pouco depois Sobieski, entrando em Viena com o imperador, cheio de reconhecimento pela graça que Deus acabava de lhe conceder, dirigiu-se a uma igreja aonde entoou um Te Deum em ação de graças.

Desde então o piedoso monarca trouxe sempre consigo uma imagem de Nossa Senhora do Loreto, com a seguinte inscrição em latim:

“Por esta imagem de Maria, João será vencedor!”

Também nós, apesar do furor dos inimigos da nossa salvação, seremos vencedores, se fiel e confiadamente recorrermos à Augusta Rainha do Céu!

LIÇÃO
Sobre a Obediência

A obediência não sabe discorrer; compete-lhe a simplicidade. Não há coisa mais oposta ao espírito de submissão do que a prudência da carne, que tudo quer ver e examinar.

Que seria da sociedade, se as ordens de quem tem a autoridade para mandar estivessem sujeitas ao exame de quem deve obedecer?!

Se o superior temporal que vos impõe um preceito, não merece por si a vossa obediência, merece-a o Senhor supremo, a quem ele representa.

Pode enganar-se, é verdade, o vosso superior, mas uma vez que não mande coisa contraria à lei de Deus, não pode haver erro na obediência que lhe prestais.

É melhor fazer coisas pequenas por obediência do que grandes por vontade própria.

A sabedoria do mundo, que nada vê nas coisas de Deus, insulta a humilde simplicidade dos corações obedientes. Que importam, porém, os juízos dos homens àquele que segue como regra dos seus o Evangelho?

Ensinam-nos os Livros Santos que sejamos obedientes aos superiores com todo o respeito, não somente aos que são bons e moderados, mas também aos que tem gênio áspero.

Achar-se-ia menos penosa a obediência, se ponderássemos mais a Deus por quem devemos obedecer, do que as pessoas a quem prestamos obediência.

A vontade própria é um manancial de desvarios; à obediência faz que a santifiquemos, poupa-nos muitos embaraços e arrependimento, e merece-nos à aprovação do próprio Deus.

Máxima Espiritual

“A alma obediente é a alegria de Deus” – Santo Afonso Maria de Ligório

Jaculatória

Speculum justitiae, ora pro nobis

Espelho de justiça, rogai por nós

Agora se faz as Encomendações e outras Orações


Voltar para o Índice de Flores a Maria, do Pe. Martinho Pereira

(SILVA, Pe. Martinho António Pereira da. Flores a Maria ou Mês de Maio consagrado à Santíssima Virgem Mãe de Deus. Tipografia Lusitana, Braga, 1895, 7.ª ed., p. 190-200)