Meditação para o Dia 17 de Dezembro
Nos dias que antecederam a vinda do Salvador, contam as tradições, o templo de Jerusalém se enchia de rumores e sinais estranhos. Um doutor da lei, testemunha desses prodígios, exclamou:
“Templo, ó Templo, que tens? Por quete perturbas?” – ‘E, falando eu de outro templo – diz Lacordaire – maior que o de Jereusalém, o templo da vida humana, digo também, com o mesmo acento melancólico: ‘Ó vida! Ó vida! por que te perturbas? Não encontrarás jamais repouso? Não te acalmas?'”
Nossa vida é um oceano sempre agitado. Não há sossego. Que queremos? Que buscamos? A felicidade! A felicidade! E a felicidade nos foge! Quem a conhece? Quem a viu? Eis por que se perturba nosso coração e vive sempre a padecer, insaciável, louco, à procura de um ideal, de um sonho irrealizável neste mundo.
A felicidade, no dizer de Santo Agostinho, é o fim último do homem – Omnes homines conveniunt in appetendo ultimum finem, qui est beatitudo
É por isso que o homem se atira loucamente à procura do prazer, da glória, da satisfação dos sentidos. E encontra depois de tudo um vácuo, um abismo no coração. Nunca se satisfaz. Por quê? Porque, vindos de Deus, criados para o Eterno e o Infinito, sempre, fora de Deus, havemos de ser desgraçados. E, enquanto não chegar aquela Visão Eterna de Eterna Beleza e do Eterno Amor no Céu, nossa vida se passará, como o templo de Jerusalém, à espera do Salvador, sempre em rumores estranhos e agitações assustadoras.
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 376)