Meditação para o Dia 14 de Novembro
“Se há verdadeiras dores – escreve Joseph de Maistre – muito mais raros são os verdadeiros consoladores”
O egoísmo, a leviandade do homem moderno afastam-no do leito dos enfermos e das câmaras mortuárias, e, se acontece algum aparecer em qualquer desses lugares, orgulhoso, cheio de sensualidade, saturado de prazer, é para aconselhar distrações. Não pensa em consolar, mas em distrair. Como pode o materialista grosseiro consolar o que sofre, se lhe falta a doce esperança cristã? Numa de suas mais belas cartas de consolação cristã, escreve Joseph de Maistre a uma senhora que perdera um filho querido:
“Quem mais do que vós, senhora, tem necessidade de se elevar aos altos e consoladores pensamentos! O sacrifício de vosso filho morto desaparece diante do vosso. O dele foi só o da morte, ao passo que o vosso é o de lhe ter sobrevivido. Todas as consolações humanas são vãs. Tirai os olhos da terra deste deserto ensanguentado, e devassai o véu da morte: vereis que o vosso filho está na eternidade”
Sócrates, pouco antes de tomar a cicuta que lhe deu a morte, disse aos seus amigos:
“Quando dispuserem de meu corpo, não digam que é a Sócrates que se vai incinerar ou sepultar. Não me confundam com o meu cadáver”
Sócrates falava como pagão e apenas para consolar os seus discípulos. Quanto a nós, temos a esperança cristã. Vosso filho morto não se confunde como seu cadáver. A crisálida grosseira e feia desfez-se em pó e a borboleta imortal, abrindo suas asas de ouro e azul, voou para a Pátria. Tudo o que amamos e admiramos em nossos mortos queridos vive, e jamais morrerá. Doce pensamento e suave esperança! Verdadeira consolação!
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 341)