Devoção a Santo Afonso como modelo das Virtudes Fundamentais. Mês de Novembro
Sumário. A chave dos tesouros celestiais é a oração, e sem a oração a perseverança na graça de Deus e a salvação são impossíveis. Eis porque Santo Afonso, em todo o correr da sua vida, nunca deixou de praticar este santo exercício, mesmo no meio da aridez e das desolações. Zeloso, como era, pela salvação do próximo, fez-se o Apóstolo da oração. Tu, meu irmão, glorias-te de ser devoto, e talvez filho, do santo Doutor; mas como é que imitas os seus exemplos ? Ao menos de hoje por diante sê mais diligente em fazer a tua oração no tempo mar-cado. Sendo diretor de almas, inculca também aos outros o uso deste grande meio da oração.Multum valet deprecatio iusti assidua — “A oração perseverante do justo é muito valiosa” (Tg 5, 16)
Devoção a Santo Afonso como modelo das Virtudes Fundamentais. Mês de Outubro
Sumário. Embora o nosso santo sempre tenha levado uma vida das mais ativas, pode contudo ser considerado como um modelo perfeito de vida interior e recolhida; porque sempre trabalhou com intenção reta, e não permitiu que a distração se apossasse do seu espírito. Esforcemo-nos por imitar os exemplos de tão grande pai, andando sempre na presença divina e não falando senão de coisas concernentes à glória de Deus. Habituemo-nos sobretudo a ter sempre sobre a língua alguma fervorosa oração jaculatória.Ego sum Deus omnipotens: ambula coram me, et esto perfectus — “Eu sou o Deus todo-poderoso: anda em minha presença e sê perfeito” (Gn 17, 1)
O tempo é pouquíssima coisa considerado em si mesmo
O tempo é uma sombra, um vapor, um vaidade, um nada... O tempo é uma cena de teatro na qual se contam as fábulas desta vida: os homens são os atores: entram e saem; e o lugar do teatro é a Terra. Uma geração passa, e sucede-lhe outra, diz o Eclesiástico: Generatio praeterit, et generatio advenit (Eclo 1, 4). Há duas portas para esta encenação: a porta do nascimento e a porta da morte. Cada ator desempenha um papel. Depois que um rei representa deixa muito prontamente suas vestes de púrpura, e o mesmo acontece aos demais. Esta comédia acaba logo em seguida. Deus quer que não termine senão em horrível tragédia. Ó palácios, propriedades de recreação, cidades, casas, terra, ouro e prata, dizei-me: quantos donos tivestes? Quantos outros tereis? Dizei-me: onde está Salomão, tão sábio? Sansão, tão forte? Absalão, tão formoso? Cícero, tão eloquente? Aristóteles, tão entendido? Alexandre, tão grande conquistador? E César Augusto, monarca tão poderoso? Onde estão hoje todos aqueles amigos, aquela abundância de coisas, aqueles homens considerados como oráculos, aqueles exércitos fortes e numerosos, aquela multidão de nobres, de cavaleiros, de príncipes e de homens ilustres? Em um abrir e fechar de olhos, tudo desapareceu! Ó, pasto de vermes! Ó, gota de orvalho! Ó, vaidade! Ó, nada!Materiais com que se constrói o edifício espiritual
O edifício espiritual da alma é a prática das virtudes levada à perfeição. Uma casa grande e formosa não se pode edificar senão pouco a pouco, e à força de muitos trabalhos; é necessário que haja ordem e variedade; é necessário empregar nela diversos instrumentos e madeiras várias; assim também constrói-se por meio de diversas virtudes, exigindo-se trabalhos largos e gloriosos, uma constância invencível e outras virtudes. A longanimidade pode representar a longitude do edifício; a caridade sua largura, a esperança sua altura. Os quatro muros são as quatro virtudes cardeais: a prudência, a justiça, a fortaleza, a temperança. A humildade e a fé são seu fundamento e base; a paciência seu teto; os bons desejos suas vantagens; a observação dos Mandamentos sua porta, e o temor de Deus o porteiro; os Anjos são seus guardiões; a contemplação é sua sacada; a oração forma suas muralhas, e o cão que está de vigia noite e dia, é a vigilância; a alma é sua dona, e todas as virtudes são seus quartos e salas. O esposo é a vontade, a esposa é a modéstia; a família compõe-se das boas obras; os serventes são os sentidos que obedecem à alma; a mesa é a Sagrada Escritura; o pão, a Eucaristia, o fogo, o Espírito Santo; o ar, o bom exemplo; o óleo, a misericórdia e a mansidão; o leito, a tranquilidade da consciência; os remédios, os Sacramentos; os médicos, os Sacerdotes; os hóspedes, o Pai, o Filho, o Espírito Santo, a Virgem Santíssima e os Anjos da Guarda.O que é concupiscência
Em si mesma, a concupiscência é o apetite dos sentidos, uma inclinação natural aos bens sensíveis; esta inclinação, este apetite não são maus, a não ser que sejam contrários à razão e à Lei de Deus. A concupiscência não é uma potência mal produzia pelo demônio; nenhuma potência pode ser má por si mesma, nem pode ser produzida pelo demônio. A concupiscência não é tampouco o pecado original; porque o pecado original é destruído pelo Batismo, enquanto a concupiscência ainda permanece. Não é, por fim, como o quer Calvino, uma coisa corrompida pelo pecado original e semelhante a um forno sempre aceso que vomita o pecado. A palavra Paraíso vem da expressão hebraica PARDES Ó PARA, que quer dizer Jardim dos Mirtos. Deste vocábulo, os latinos tomaram Paradisus (Paraíso). Há três Céus: o céu atmosférico, o céu em que efetuam suas evoluções os astros, e o Céu dos bem-aventurados, onde a descoberto habita a Divindade.