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Tag: quaresma

“São estas as palavras!”

Dom Henrique Soares da Costa Mais uma vez, chegada a santa Quaresma, desejo partilhar com você, caro Amigo deste espaço virtual, meditações diárias da Palavra de Deus, que nos ajudem, a você e a mim, a bem percorrer o caminho até as celebrações pascais. É tradição mística muito antiga da Igreja aproveitar o sagrado tempo de preparação para a Páscoa dedicando-se mais à escuta orante e saborosa da Palavra de Deus. Sobretudo nos tempos atuais, quando é tão forte a eterna tentação do homem de viver do seu modo, pelos seus critérios, na sua verdade mentirosa, é, mais que nunca, necessário, essencial, abrir o ouvido do coração para o Senhor, deixando-nos ferir, iluminar e guiar pela Sua santa Palavra. O próprio título que dei a esta série de meditações, “São estas as palavras…”, é tirado dos primeiros dizeres do Deuteronômio. Pois bem, estas são as palavras que o Senhor Deus nos dirige, a mim e a você, neste sagrado tempo de conversão, de oração, de combate espiritual, de luta contra nossos demônios, para que cheguemos, com o coração dilatado pela caridade de Cristo, às festas pascais. Fazendo isto, nossa Quaresma será, realmente, um tempo de graça e celebraremos na alegria espiritual a Páscoa da Ressurreição.

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Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2018

«Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos» (Mt 24, 12)

Amados irmãos e irmãs! Mais uma vez vamos encontrar-nos com a Páscoa do Senhor! Todos os anos, com a finalidade de nos preparar para ela, Deus na sua providência oferece-nos a Quaresma, «sinal sacramental da nossa conversão», que anuncia e torna possível voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida. Com a presente mensagem desejo, este ano também, ajudar toda a Igreja a viver, neste tempo de graça, com alegria e verdade; faço-o deixando-me inspirar pela seguinte afirmação de Jesus, que aparece no evangelho de Mateus:

«Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos» (24, 12).

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Que doce e amável é o jugo do Senhor! Só levando-O podemos ser felizes

Pegue sua cruz e segue-me!

Capítulo XLV

Venite ad me, omnes qui laboratis et onerati estis, et ego reficiam vos. Tollite jugum meum super vos, et invenietis requiem animabus vestris, jugum enim meum suave est, et onus meum leve - "Vinde a mim todos que andais em trabalho e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e achareis descanso para as vossas almas, porque o meu jugo é suave, e o meu peso leve" (Mt 11, 28-30)

Os homens buscam naturalmente a felicidade; para a conquistarem sacrificam muitas vezes o repouso e a saúde, expõem até a vida aos maiores perigos; mas quantos a acham? Ai! Ainda se com todos os seus esforços alguns chegassem a consegui-la! Donde procede isto? É que eles a procuram onde ela não existe; querem ser felizes, mas procurar a felicidade onde ela reside não querem. Querem achá-la nas riquezas, nos prazeres dos sentidos, nas honras, na ciência; mas cedo ou tarde se convencem que tudo isto não lhes pode de modo algum contentar o coração. Vede este homem: toda a vida trabalhou por adquirir riquezas; no meio de tantos trabalhos, tantas fadigas, tantas vigílias um só pensamento o sustentava, o pensamento da felicidade. Agora que ele nada no seio da abundância, que vive no meio dos seus tesouros, que tudo parece sorrir-lhe, agora por certo é feliz. Ai! Reconhece que suas riquezas estão abaixo de si, e que não é para elas que foi feito; sente que, longe de lhe darem a felicidade, só lhe dão inquietações e cuidados; não lhe falta nada, e está devorado de desejos sempre renascentes; queria repouso, e ei-lo em incessante movimento por causa destas mesmas riquezas. Pobre infeliz! Tantas fadigas para adquirir seus tesouros, para agora só os possuir com temor, e os perder com dor!

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Do amor de Deus e dos principais meios de o adquirir

Jesus Misericordioso

Capítulo XLIV

Nos ergo diligamus Deum, quoniam Deus prior dilexit nos - "Amemos pois a Deus, porque Deus nos amou primeiro" (1Jo 4, 19)

Deus ama-nos: não o podemos duvidar depois de tudo o que ele fez por nós. Ama-nos com a mais viva ternura e como se fôramos necessários à sua felicidade: ama-nos, apesar das nossas ingratidões, apesar das nossas misérias; ama-nos e quer de nós ser amado.

“Meu filho, diz ele a cada homem em particular, meu filho, tu a quem eu criei, a quem eu remi, a quem eu acumulei de benefícios, dá-me o teu coração; uma só coisa te peço: que me ames”

Mas não contente com nos incitar a ama-lo pela multidão de seus benefícios, não contente com atrair-nos ao seu amor pelas mais doces expressões, Ele nos ordena expressamente:

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças”

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Jesus o bom pastor

O Bom Pastor

Capítulo XLIII

Ego sum pastor bonus: bonus pastor animam suam dat pro ovibus suis - "Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a própria vida pelas suas ovelhas" (Jo 10, 11)

Sim, sim, exclama Santo Agostinho, verdadeiramente Jesus é bom pastor: porque ama as suas ovelhas mais que a si mesmo, mais que seu repouso, mais que sua vida. Por elas desceu dos esplendores da sua gloria; por elas revestiu-se dos andrajos da nossa humanidade, e condenou-se a uma vida dura, laboriosa e cheia de sofrimentos; por elas esgotou todos os tesouros da sua ternura; por elas final¬mente morreu sobre a cruz. Jesus é o bom pastor; todos os seus instantes, todos os seus suspiros, todos os seus trabalhos, toda a sua vida, todo ele mesmo, tudo isto foi consagrado ao bem das suas ovelhas. Era Deus; e, apesar do seu poder infinito, não pôde fazer mais para lhes testemunhar o seu amor. Jesus é o bom pastor: vede como suas entranhas se comovem de compaixão por todas essas pobres ovelhas da casa de Israel, errantes e desgarradas.

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Elevação do coração a Jesus Cristo para o conjurar a nos atrair a si pelos encantos do seu amor

Oferecimento do Coração à Jesus

Capítulo XLII

Ego si exaltatus fuero a terra omnia traham ad meipsum - "Eu quando for levantado da terra atrairei tudo a mim" (Jo 12, 32)

São estas vossas palavras, ó meu divino Salvador! Vós as pronunciastes quando estáveis sobre a terra em vossa carne mortal. Dissestes-nos que quando estivésseis elevado sobre a cruz, atrairíeis a vós os corações de todos os homens; sois a verdade infalível, e eu não poderia duvidar do cumprimento das vossas palavras; permiti-me então que vos pergunte como é que o meu coração esteve por tantos anos longe de vós?... Ah! De vós não é que eu me devo queixar. Quantas vezes me não chamastes vós ao vosso amor, e eu recusei ouvir a vossa voz! Quantas vezes me não perdoastes as minhas ofensas! Quantas vezes me não advertiste pelos remorsos da consciência que vos não ofendesse! Eu, apesar de tantas graças, quantas vezes não voltei aos pecados! Ó Jesus meu! Não me precipiteis no inferno, como eu mereceria; porque ali ver-me-ei constrangido a amaldiçoar para sempre todas essas graças, que me haveis prodigalizado. Sim, todas essas graças, todas essas luzes interiores que me concedestes, todos esses ternos convites que me fizestes para dar-me a vós, essa paciência que tivestes em suportar-me, esse sangue derramado por salvar-me, tudo isso se¬ria para mim tormento muito mais atroz e mais cruel que todos os demais tormentos do inferno.

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Quanto o amor que Jesus Cristo nos tem nos impõe a obrigação de O amarmos

Jesus Crucificado

Capítulo XLI

Charitas Christi urget nos - "A caridade de Cristo nos constrange" (2 Cor 5, 14)

Nada, diz São Francisco de Sales no “Tratado do amor de Deus”, liv. VIII, c. 8, nada força tanto o coração do homem como o amor. Se um homem sabe que é amado de outro homem qualquer que seja, sente-se compelido a retribui-lhe amor por amor; se é um simples paisano que é amado de um grande senhor, muito mais é incitado; mas se é de um grande monarca que ele se vê amado, com quanto maior, força ainda se sente impelido? Saber pois que Jesus Cristo nos amou até morrer na cruz por nós não é ter os nossos corações sob uma prensa que lhes espreme fortemente o amor, com violência tanto mais veemente quanto é mais amável? Jesus ama-nos: Ah! E quem o poderia duvidar depois de tantos sinais que nos deu da sua ternura? Sim, ama-nos, e quer que nós o amemos. Para isso é que ele se fez homem, morreu na cruz, instituiu o Sacramento da Eucaristia.

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Meditação para a Procissão de Ramos e Paixão de Nosso Senhor

Dom Henrique Soares da Costa Por Dom Henrique Soares da Costa

Meditação para a Procissão dos Ramos

“Dizei à filha de Sião: ‘Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta!”

– Assim, caríssimos irmãos, o nosso Jesus entra hoje em Jerusalém para sofrer Sua paixão e fazer Sua Páscoa deste mundo para o Pai. Jerusalém é a cidade do Messias; aí deveria manifestar-se o Reino de Deus. O Senhor Jesus, ao entrar nela de modo solene, realiza a esperança de Israel. Por isso o povo grita: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em Nome do Senhor! Hosana no mais alto dos Céus!” Hoje, com nossos ramos levados em procissão, fazemos solene memória desse acontecimento e proclamamos com nossos cânticos que Jesus é o Messias prometido! Também nós cantaremos daqui a pouco: Hosana ao Filho de Davi!

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Jesus Cristo por amor nosso fez-se maldição afim de subtrair-nos à eterna maldição que mereceríamos

Capítulo XL

Deus Filium suum mittens in similitudinem carnis peccat, et de peccato damnavit pecca, tum in carne - "Deus enviou o seu próprio Filho revestido de carne semelhante à carne do pecado, e por causa do pecado condenou o pecado na carne" (Rm 8, 3)

Deus detesta soberanamente o pecado; onde quer que o divise, pune-o sem misericórdia; exigem-no sua justiça e santidade. Jesus Cristo, encarregado como estava por seu Pai celeste de remir-nos, revestiu-se de carne semelhante à carne do pecado que nós trazemos; e, bem que do pecado ele só tivesse a aparência, Deus não obstante votou-o à maldição: Factus pro nobis maledictum. Sim, nosso divino Salvador querendo subtrair-nos à maldição eterna que mereceríamos, consentia em ser ele mesmo votado à maldição, permitindo ser suspenso na cruz, como um culpado e malfeitor de todos execrado. Que amor! Ó meu Jesus! Meu doce Jesus! Vós que por vossa morte me livrastes da servidão do pecado original e dos pecados que depois do batismo cometi; mudai, eu vos suplico, mudai essas desgraçadas cadeias, que por tanto tempo me retiveram sob o império e escravidão de Lúcifer, em cadeias de ouro que a vós estreitamente unido me tenham pelos laços do vosso santo amor. Fazei, eu vos conjuro, fazei brilhar em mim o poder de vossa graça, tornando-me de miserável pecador que sou, um santo.

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Da sua plena vontade é que Jesus Cristo se ofereceu à morte por nosso amor

Jesus, Luz do mundo!

Capítulo XXXIX

Oblatus est qui ipse voluit - "Foi imolado porque quis" (Is 53, 7)

O verbo eterno, desde o primeiro instante de sua conceição, viu apresentar-lhe ante si todas as almas dos filhos de Adão; viu ao mesmo tempo apresentar-lhe o quadro terrível dos sofrimentos, à custa dos quais devia remi-los. Assim do primeiro instante de sua existência no tempo viu e conheceu perfeitamente Jesus Cristo as almas de todos os homens que lá desde o começo do mundo tinham povoado a terra, bem como as de todos os que deviam povoa-la até à consumação dos séculos. Viu e conheceu portanto também a minha, ele a viu coberta de pecados, envolta em densas trevas, falta de tudo. E esta vista, longe de o levar a repelir-me como um objeto de horror, comoveu as entranhas da sua misericórdia, e aceitou para logo todos os sofrimentos que mais tarde padeceu no curso da sua vida, e particularmente em sua morte. Nenhum interesse próprio tinha para assim obrar, nem para aceitar tantos sofrimentos; o amor, o amor por minha pobre alma, eis o seu mover; o amor fê-lo nascer num presépio, o amor fê-lo morrer numa cruz. Condenado estava eu ao inferno, e ele ofereceu-se por meu resgate; nascera no ódio de Deus, e ele ofereceu-se para destruir este ódio; nem sequer pensava em ama-lo; em minha funesta cegueira, só para ofendê-lo vivia, e ele foi o primeiro a amar-me, e se ofereceu para dar-me uma prova esplêndida do seu amor, e para me atrair a amá-lo. E seria eu insensível a tão excessiva ternura do meu Deus? Se o meu Jesus me ama tão ardentemente, poderei eu recusar-lhe uma justa compensação? Por certo que não.

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