A quarta etapa do nosso Curso apresenta a exegese de textos bíblicos seletos, a começar pela "pré-história bíblica” (Gn 1-11).
Lição 1: A pré-história bíblica
A seção de Gn 1-11 chama-se "pré-história bíblica" porque se refere a acontecimentos anteriores à história bíblica, que começou com o Patriarca Abraão (séc. XIX ou 1850 a.C.). Por conseguinte, a pré-história bíblica não coincide com a pré-história universal, que vai desde tempos imemoriais até o aparecimento da escrita (8000 a.C.?).I
Estando escrito o Evangelho, era mister fazê-lo conhecido das Igrejas cristãs; São João dizia mais tarde no Apocalipse:Esta divulgação universal devia ser em breve a do Evangelho de São João. O apóstolo começou por endereçá-la em pessoa aos fiéis da Ásia. Esse é, cremos, o fim de sua primeira Epístola. Seu Evangelho dizia: No princípio era o Verbo... A Epístola, fazendo alusão a isso, começava por estas palavras idênticas: O que foi desde o princípio, o Verbo da vida, vo-lo anunciamos. Pediram-lhe que escrevesse o Evangelho, acabava de fazê-lo; e desta satisfação dada à Igreja dizia:"Vi um anjo voar pelo meio do céu, levando o Evangelho eterno, para o anunciar aos que habitam na terra, e a toda a nação, tribo, língua e povo. Dizendo em alta voz: Temei ao Senhor e o honrai; porque chegou a hora de seu juízo. Adorai aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas" (1)
"Escrevemos estas coisas para que vos alegreis, e que a vossa alegria seja completa" - Et haec scribimus vobis, ut gaudeatis et gaudium vestrum sit plenum (1Jo 1, 4)
Texto escrito por Pe. de Lubac, extraído do livro “Exegese Medieval. Os quatro sentidos da Escritura”, vol. III.
Em Jesus Cristo, que era a finalidade, a antiga Lei encontrou precedentemente a sua unidade. Século após século, tudo nessa Lei convergia para Ele. É Ele que, da totalidade das Escrituras, formava já a única Palavra de Deus. Nele, os “verba multa” (as muitas palavras) dos escritores bíblicos tornam-se para sempre Verbum unum - "Palavra única". Sem Ele, ao invés, o laço se dissolve: de novo a palavra de Deus se reduz a fragmentos de “palavras humanas; palavras múltiplas, não somente numerosas, mas múltiplas por essência e sem unidade possível, porque, como constata Hugo de São Vítor, multi sunt sermones hominis, quia cor hominis unum non est - "Muitas são as palavras do homem, porque o coração do homem não é uno". Por Pe. Ignace de La Potterie A Igreja celebrou há pouco com o Santo Natal o nascimento no tempo do Unigênito eterno Filho de Deus. Segundo uma teologia cada vez mais difusa, com a encarnação do Filho derivaria de maneira automática a atribuição imediata da filiação divina a cada homem. No sentido que todo homem, que o saiba ou não, que o aceite ou não, vive já radicalmente em Cristo. Segundo esta teologia, Cristo, ainda antes de ser o chefe da Igreja, é o chefe de toda a criação. Todo homem lhe pertence antes mesmo de ser alcançado e transformado pelo Seu Espírito. Esta concepção pretende encontrar um aval na afirmação de São Tomás de Aquino segundo o qual “considerando a generalidade dos homens, por todo o tempo do mundo, Cristo é o chefe de todos os homens, mas segundo graus diversos” (Summa theologiae III, 8,3) retomada da constituição pastoral Gaudium et spes do último Concílio:
“Com a encarnação o Filho de Deus uniu-Se de algum modo a todo homem” (22)