Sumário. São duas as ocupações principais de um solitário: orar e fazer penitência. Eis que Jesus Menino, na lapinha de Belém, nos dá disso um belo exemplo. Consideremos nesta meditação, como no presépio ora incessantemente e faz continuamente atos de amor e de adoração. Todas as graças que já temos recebido e ainda esperamos obter, foram-nos alcançadas por aquelas orações de Jesus Deus. Demos graças por isso ao divino Menino, e cada vez que fizermos oração, unamo-nos em espírito a tão excelente Mestre.Advocatum habemus apud Patrem, Iesum Cristum iustum — “Temos por advogado para com o Pai a Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 2, 1)
Sumário. A fim de nos sugerir o amor à solidão e ao silêncio, quis Jesus nascer fora da cidade e numa gruta solitária. Felizes de nós se, à imitação de José e Maria, nos entretivermos com ele nessa santa solidão. Aí o divino Menino nos falará, não ao ouvido, mas ao coração. Vendo a sua pobreza, ouvindo os seus vagidos, considerando que um Deus se reduziu a tal estado pelo nosso amor, ser-nos-emos atraídos suavemente a ele, e não poderemos deixar de o amar de todo o nosso coração, copiando em nós as suas virtudes.Ecce elongavi fugiens; et mansi in solitudine — “Eis que me alonguei fugindo, e permaneci na soledade” (Sl 54, 8)
Desejos de Maria ver nascido o Redentor do mundo
Maria Santíssima, inflamada na mais alta caridade desde o primeiro instante da sua conceição, desejava ardentemente a vinda do Messias para a redenção do gênero humano, porém depois que teve ventura e glória inefável de conceber em seu castíssimo ventre o mesmo Redentor divino, quem pode explicar quais foram os transportes do seu coração? Com que veemência desejava ver já nascido o Verbo encarnado para que Deus fosse glorificado, e os homens livres da tirania do demônio e do pecado, em que há tanto tempo gemiam! Suspirava sem cessar por este ditoso momento; era ele o objeto dos seus votos e ânsias. Nós temos muitas vezes a ventura de receber em nossos corações, pela sagrada comunhão, aquele mesmo Deus que Maria concebeu em suas entranhas virginais; mas por ventura preparamo-nos como ela para a sua vinda, pela prática das virtudes, ardor da caridade, e pureza de vida? Ah! Envergonhemo-nos da nossa tibieza e aprendamos da Virgem Santíssima a excitar em nós vivos afetos e fervorosos desejos de nos unirmos com Jesus, e aproveitar os saudáveis efeitos da Sua presença.Antes do complemento deste mistério
A Bem-aventurada Virgem, consagrada ao Altíssimo desde a mais tenra infância, vivia na prática de todas as virtudes. Deus se comprazia, vendo esta admirável Virgem elevar-se à mais alta perfeição, e a enriquecia todos os instantes de novas graças para a dispôr a ser um dia a Mãe de seu Filho. E cada vez ela se tornava mais digna desta sublime dignidade, pela pureza virginal e inviolada de que fizera voto; pela profunda humildade com que se aniquilava no acatamento divino, e pela elevação constante do seu espírito, rogando com fervorosa instância ao Senhor que acelerasse os felizes dias da Redenção. Em nossas orações, em nossos exercícios de piedade, sentimos por ventura os vivos afetos e ardentes desejos de que era animada a Santíssima Virgem? Ai! Que distrações, que negligência, que tibieza! Procuremos emendar-nos propondo-nos por exemplar o maravilhoso fervor de Maria Santíssima.Meditação para o 3º Domingo do Advento
Evangelho segundo São João 1, 19
Naquele tempo enviaram os judeus de Jerusalém sacerdotes e levitas a João para perguntar-lhe: Quem és tu? E ele confessou e não negou, e confessou que ele não era Cristo. E eles lhe perguntaram: Pois então quem és? És tu Elias? E ele respondeu: Não sou. És um profeta? E respondeu: Não. Disseram-lhe então eles: Quem és pois? Para que possamos dar resposta aos que nos enviaram? Que dizes dê ti mesmo? Eu sou, disse ele, a voz do que clama no deserto. Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. Ora os que haviam sido mandados eram da seita dos fariseus. E lhe fizeram ainda esta pergunta: Porque, pois, batizas tu, se não és nem Cristo, nem Elias, nem profeta? João respondeu, dizendo-lhes: Eu batizo em água, mas no meio de vós estai quem vós não conheceis. Esse é o que há de vir depois de mim, que antes de mim foi feito, e a quem eu não sou digno de desatar as correias dos sapatos. Estas coisas se passaram em Betânia da banda de além do Jordão, onde João estava batizando.
Meditação para Sexta-feira da 2ª Semana do Advento
Sumário
Meditaremos a glória que provém ao homem da Encarnação do Verbo, e veremos: 1.° Que ela eleva o homem em Jesus Cristo ao apogeu da grandeza; 2.° Que o coloca, sob vários aspectos, em um estado melhor do que antes da queda de Adão. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De respeitar e conservar sempre puro o nosso corpo, já que o Verbo Encarnado tanto o honrou; 2.° De crescer todos os dias no amor de Nosso Senhor, que tanto nos amou, e de multiplicar os nossos atos de amor de dia e de noite. O nosso ramalhete espiritual será a palavra da Igreja:O felix culpa, quae talem ac tantum meruit habere Redemptorem - Ó feliz culpa, que nos mereceu ter um tal Redentor! (Benedictio cerei paschalis)
Meditação para Quinta-feira da 2ª Semana do Advento
Sumário
Continuaremos a meditar a gloria que traz a Deus a Encarnação do Verbo; e para bem o compreender, consideraremos:
1.° Que, sem a Encarnação, o mundo nenhuma glória daria a Deus digna dEle;
2.° Que, pela Encarnação, o mundo dá a Deus uma glória infinita.
— Tomaremos depois a resolução:
1.° De nos conservarmos unidos a Jesus Cristo pela confiança, pelo amor, e por frequentes elevações de coração;
2.° De fazer todas as nossas orações e ações em união com Ele.
O nosso ramalhete espiritual será a palavra do cânon da missa:
Tudo por Jesus Cristo, tudo com Jesus Cristo, tudo em união com Jesus Cristo
Per ipsum, et cum ipso, et in ipso.
Meditação para Segunda-feira da 2ª Semana do Advento
Sumário
Para melhor apreciar o mistério da Encarnação, objeto da devoção deste santo tempo, meditaremos hoje quanto amor e quanta bondade encerra o eterno decreto: 1.° De remir o homem depois do seu pecado; 2.° De remi-lo pela Encarnação. — Tomaremos a resolução: 1.° De evitar com grande cuidado todo o pecado, ainda que venial, que não pode ser expiado senão pela Encarnação; 2.° De não desprezar qualquer meio de salvação, por mais penoso que possa ser, pois que para a salvação um Deus se fez homem. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Evangelho:"Amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho unigênito para o salvar" - Sic Deus dilexit mundum, ut fiilium suum unigenitum daret (Jo 3, 16)
Meditação para o 2º Domingo do Advento
Evangelho segundo São Mateus 11, 2
Naquele tempo, como João, estando no cárcere, tivesse ouvido falar das obras de Cristo, mandou dous dos seus discípulos para lhe dizer: És tu o que hás de vir, ou devemos esperar outro? Jesus respondeu-lhes: Ide contar a João o que vistes e ouvistes. Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressurgem, o Evangelho prega-se aos pobres; e bem-aventurado aquele que não se escandalizar por amor de mim. E logo que eles se foram, começou Jesus a falar de João ao povo, dizendo-lhe: Que fostes ver ao deserto? Acaso uma cana agitada pelo vento? Mas que fostes ver? Porventura um homem vestido de roupas delicadas? Os que vestem roupas delicadas habitam os palácios dos reis. Mas que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, que ele é um profeta, ainda mais que profeta; porque dele está escrito: Eis aí envio eu o meu anjo diante de ti, que te preparará o caminho.
Sumário
Vimos na primeira preparação para o Natal, que consiste em purificar a alma para a tornar própria para receber o Verbo Encarnado. Meditaremos hoje como, depois de a ter purificado, é preciso adorná-la e embelezá-la; e veremos que este adorno se compõe: 1.° De santos afetos para com o mistério da Encarnação; 2.° Dos atos da vida cristã especialmente próprios do santo tempo do Advento. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De nos conservar-nos nesse espírito habitual de contemplação, que facilita os piedosos afetos para com Deus; 2.° De praticar os atos de virtude que nos sugerir o Espírito de Deus. O nosso ramalhete espiritual será hoje, como ontem, a palavra de Isaías:"Preparai o caminho do Senhor" - Parate viam Domini (Is 40, 3)
Sumário. A criação de mil mundos, cada qual maior e mais formoso, teria sido uma obra infinitamente inferior ao mistério da Encarnação do Verbo. Para realizar esta obra tão sublime, era precisa toda a onipotência, toda a sabedoria infinita de um Deus. Uma natureza humana devia unir-se a uma pessoa divina, e uma pessoa divina devia humilhar-se até tomar a natureza humana e tudo isto por que? Por amor a homens ingratos e rebeldes, por amor de nós, que nem sequer sabemos sofrer por amor de Jesus Cristo uma humilhação, um desprezo.Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis - “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1, 14)