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Sua vida de oração

Meditação para a Terça-feira da 4ª Semana do Advento. Sua vida de oração

Meditação para a Terça-feira da 4ª Semana do Advento

Sumário

Meditaremos:

1.° A vida de oração, que teve, como nosso sumo sacerdote, o Verbo Encarnado no seio de Maria;

2.° A suave obrigação, que a todos assiste, de ter igualmente uma vida de oração.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De fazer melhor as nossas orações ordinárias;

2.° De pedir muitas vezes a Deus o espírito de oração, que é de todas as graças a mais importante à salvação.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Nosso Senhor:

Importa orar sempre, e não cessar de o fazer – Oportet semper orare et non deficere (Lc 18, 1)

Ou a palavra dos Apóstolos:

Senhor, ensinai-nos a orar – Domine, doce nos orare (Lc 11, 1)

Meditação para o Dia

Adoremos Jesus em contínua oração, como nosso sumo sacerdote, no seio de Maria. É esta, com os respeitos que presta a Deus, a Sua ocupação de todos os momentos. Oh! Que bela e fervorosa oração a Sua! Como ela glorifica a Deus! Como atrai as graças sobre todos os séculos vindouros, que abrange em Suas súplicas este grande pontífice da lei nova! Oh! Quão bem merece este divino suplicante todos os nossos agradecimentos, todos os nossos louvores, e todo o nosso amor!

PRIMEIRO PONTO

A vida do Verbo Encarnado no seio de Maria
foi uma vida de oração

Assim que a alma de Jesus Cristo foi formada, logo, olhando para Deus, viu nEle o oceano de todo o bem, fora do qual nenhum bem existe (1), e do qual, por conseguinte, dimana todo o dom perfeito (2). Encantado deste espetáculo, e sabendo, por um lado, que ordinariamente as graças não se concedem senão com a condição de ser pedidas; por outro, que a missão do sacerdote é dirigir ao céu esta petição, Ele começa a orar por Si e por todo o mundo desde o primeiro momento de Sua existência. E quem poderia dizer quão perfeita foi esta oração! Ela foi fervorosa, porque as graças, que pedia, sendo de um preço infinito, mereciam ser infinitamente desejadas; foi contínua e perseverante, porque a todo o instante a criatura precisa do socorro de seu Criador; foi humilde, porque a sua Santíssima alma sentia profundamente que a criatura nada é, e que Deus só é tudo; foi cheia de confiança, porque o Verbo, que falava por esta oração, a divinizava, e um Deus pedindo a um Deus não pode ser desatendido.

Entremos aqui em nós mesmos. Oramos nós:

1.° Com a alegria de honrar a Deus com a nossa oração;

2.° Com o duplo sentimento da necessidade que temos de Seu socorro e de o pedir;

3.° Com um grande apreço dos bens eternos que pedimos e um veemente desejo de os obter;

4.° Com perseverança, sem nos desanimarmos, se não formos logo deferidos;

5.° Com humildade, conservando-nos diante de Deus muito humilhados pela consideração de Suas perfeições e de nossa miséria;

6.° Com confiança, apoiados na palavra de Nosso Senhor:

Em verdade vos digo, que tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, vos será concedido? (Jo 14, 13-14; 16, 23) Ah! Nós oramos, e não obtemos, porque oramos mal – Petitis, et non accipitis, eo quod male petatis (Tg 4, 3)

SEGUNDO PONTO

A Vida de Oração é para todo o Cristão um dever
e o segredo da Felicidade

1.° É um dever: porque todos os exemplos de Jesus Cristo são preceitos para nós. Ora Jesus, nosso modelo, teve uma vida de oração; logo devemos viver a vida de oração. Depois, as nossas necessidades são tão grandes, tão numerosas, tão contínuas, que não podemos deixar de orar, assim, como o pobre não pode deixar de pedir a esmola, sem a qual morrerá. Finalmente, se não tivermos uma vida habitual de oração, faremos mal as nossas orações obrigatórias, que não serão senão uma contínua distração, uma incessante preocupação de novidades, de negócios, de acontecimentos ditosos ou desgraçados, de ideias e pensamentos inúteis: A experiência no-lo diz de sobejo.

2.° A vida de oração é o segredo da felicidade. Há coisa mais aprazível do que viver em companhia das três Pessoas Divinas, de derramar o nosso coração no coração do Pai que nos criou, do Filho, que nos remiu, que ora incessantemente por nós no tabernáculo como no céu, e do Espírito Santo, que nos persegue com o Seu amor e com as Suas santas inspirações? Há para a alma ocupação mais nobre, mais deliciosa do que conversar com seu Pai? Sejam quais forem as nossas aflições, venhamos dizer-lhas, e seremos consolados. Sejam, quais forem os embaraços que se encontrarem no nosso caminho, venhamos implorar a Sua assistência e seremos socorridos. A vida de oração fará do nosso desterro um paraíso; será para nós o começo do céu. Acreditemos na experiência. As pessoas que não oram, são cheias de tristeza; e as que oram, trazem nas feições de seu rosto uma doce e amável serenidade, que é o reflexo de sua felicidade interior.

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Ego ostendam omne bonum tibi (Ex 28, 19)

(2) A quo descendit omne domun perfectum (Tg 1, 17)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 104-107)