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Sexta-feira da I Semana da Quaresma

Oração

Retome hoje, nesta sexta-feira de especial penitência e oração, o capítulo 11 da Epístola aos Hebreus.

À luz do que já meditamos sobre a fé, deixe que o Senhor o interpele…

Agora, complete e meditação de Hebreus com estas palavras inspiradas no Papa Bento XVI, na Carta Apostólica Porta Fidei:

Pela fé, Maria abandou-se nas mãos do Senhor e acolheu a palavra do Anjo, acreditando no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1, 38). Pela fé saiu de seus sonhos e planos, caminhando na presença do Altíssimo, a Ele seguindo como se visse o Invisível! Pela fé, ao visitar Isabel, elevou, exultante, o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e serena ansiedade, na pobreza e incerteza das situações, deu à luz o seu Filho unigênito, mantendo intacta a sua virgindade (cf. Lc 2, 6-7). Pela fé foi Virgem no corpo, Virgem no parto, Virgem no coração, tornando-se ela própria, na própria carne, uma parábola de uma vida totalmente entregue ao Senhor! Pela fé, ela, em meio à angústia e incerteza, confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egito a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cf. Mt 2, 13-15).

Com a mesma fé, seguiu no silêncio do coração o Senhor Jesus nos trinta anos de vida silenciosa em Nazaré, acreditou na Sua pregação e permaneceu a Seu lado mesmo no Gólgota, na duríssima dor da Cruz, quando se fez treva sobre a terra (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria a Virgem iluminou aquelas trevas, mantendo firme no coração a memória das promessas e, assim, saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando ainda uma vez no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. At 1, 14; 2, 1-4).

Pela fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre (cf. Mc 10, 28). Acreditaram nas palavras com que Ele anunciava o Reino de Deus presente e realizado na Sua Pessoa (cf. Lc 11, 20). Viveram em comunhão de vida com Jesus, que os instruía com a Sua doutrina, deixando-lhes uma nova regra de vida pela qual haveriam de ser reconhecidos como Seus discípulos depois da morte d’Ele (cf. Jo 13, 34-35). Pela fé, viveram uma vida de privações, caminhando neste mundo como errantes que não têm cidade permanente. Pela fé, foram pelo mundo inteiro, obedecendo ao mandato de levar o Evangelho a toda a criatura (cf. Mc 16, 15) e, sem temor algum, anunciaram a todos a alegria da ressurreição, de que foram fiéis testemunhas.

Pela fé, os discípulos formaram a primeira comunidade reunida em volta do ensino dos Apóstolos, na oração, na celebração da Eucaristia, pondo em comum aquilo que possuíam para acudir às necessidades dos irmãos (cf. At 2, 42-47). Eram pobres, viviam na apreensão de serem perseguidos e presos, de perderam seus bens e familiares. Pela fé, afastaram-se dos costumes do mundo, pela fé viveram segundo Cristo, pela fé colocaram toda a sua esperança no Autor da Promessa.

Pela fé, os mártires deram a sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho que os transformara, tornando-os capazes de chegar até ao dom maior do amor com o perdão dos seus próprios perseguidores. Pela fé, enfrentaram o natural temor da morte e venceram o instinto de salvar a própria vida, abandonando-se nas mãos do Senhor, a Ele entregando a própria existência e dando o mais belo testemunho de sua fé e de seu amor! Assim, pela fé, foram semente de fé para novos cristãos, vestiram a Igreja de púrpura e ainda hoje lhe são motivo de glória e de honra!

Pela fé, homens e mulheres consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade, sinais concretos de quem aguarda o Senhor, que não tarda a vir. Viveram uma vida na simplicidade e, muitas vezes na privação, com os olhos e o coração fixos na recompensa prometida. Pela fé, muitos cristãos se fizeram promotores de uma ação em prol da justiça, para tornar palpável a Palavra do Senhor, que veio anunciar a libertação de toda opressão e um ano de graça para todos (cf. Lc 4, 18-19). Pela fé choraram, enfrentaram tremendas provações e esperaram de esperança em esperança, certos de que o Reino de Deus vire, um Dia, na plenitude da Glória! Assim, pela fé, encheram os desafios do presente com a certa esperança do Futuro, quando o Senhor virá em Sua Glória para julgar os vivos e os mortos e o Seu Reino não terá fim!

Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (cf. Ap 7, 9; 13, 8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados. Pela fé viveram, pela fé se sacrificaram, pela fé pautaram seus valores e construíram suas vidas, pela fé combateram, na fé perseveraram e à luz da fé entregaram a alma ao Autor da Promessa.

Pela fé, vivemos também nós, reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na história. Pela fé perseveramos e, de fé em fé, esperamos ir até o fim, entre as tribulações e provas da vida, esperando um dia passar da penumbra da fé para a luz da visão plena na Glória que nos foi prometida e preparada que já vemos resplandecer na Face gloriosa do Cordeiro imolado e ressuscitado.