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Segunda-feira da II Semana da Quaresma

Sacrifício de Isaac (Caravaggio)
Sacrifício de Isaac (Caravaggio)

Caro Amigo, retomemos Rm 4,22-25.

22. Eis por que sua fé lhe foi contada como justiça.

23. Ora, não é só para ele que está escrito que a fé lhe foi imputada em conta de justiça.

24. É também para nós, pois a nossa fé deve ser-nos imputada igualmente, porque cremos naquele que dos mortos ressuscitou Jesus, nosso Senhor,

25. o qual foi entregue por nossos pecados e ressuscitado para a nossa justificação.
(Fonte: Bíblia Católica Online)

Depois de elogiar a fé da Abraão, o Apóstolo chega ao ponto que lhe interessa: “Eis por que isto lhe foi levado em conta de justiça” (v. 22). Em outras palavras, Abraão foi considerado justo, amigo de Deus, santo, porque acreditou que o Senhor, fiel à Sua promessa, era capaz de, a partir de um casal praticamente morto, gerar a vida, formar um povo, cumprindo a Sua promessa!

Abraão não fora justificado, tornado justo, por causa da Lei de Moisés, que sequer fora dada ainda no Monte Sinai – só o seria seiscentos anos depois de Abraão! Nosso Pai fora justificado pela fé no Deus da promessa!

Ora, São Paulo insiste que o aconteceu com Abraão – ser justificado pela fé, ter sido em conta de justo, amigo de Deus pela fé –, está reservado também para nós: “Para nós que cremos Naquele que ressuscitou dos mortos Jesus, nosso Senhor!” (v.24)

Compreenda a importância desta afirmação:

Deus fez de Abraão, já praticamente morto, um povo porque nosso Pai acreditou no Senhor;

Deus faz de nós um povo, deu-nos vida, porque acreditamos Nele, que ressuscitou, deu Vida ao Filho Jesus, arrancando-O dentre os mortos!

Portanto, é a fé no Deus vivo e vivificante, que nos torna justos! E esta fé em Deus é fé no Seu grande ato de amor e fidelidade: Ele nos enviou o Seu Filho Jesus!

Então, alguém não se torna amigo de Deus por cumprir a Lei de Moisés, como pensam os judeus ainda hoje, mas pela fé em Jesus Cristo, o novo Isaac, o verdadeiro Isaac, filho de Abraão (cf. Jo 8,56; Hb 11,17-19)!

Daqui se vê o erro das seitas que leem as Escrituras santas de modo fundamentalista: ao invés de reler os textos da Antiga Aliança à luz do Cristo, vão lá e se amarram aos preceitos pinçados do Antigo Pacto: questões alimentares, questões de imagens, questões de sábado, questões de transfusão de sangue! Todas estas observâncias caducaram, são preceitos para quem vive debaixo da Lei de Moisés, procurando nela sua segurança e sua justificação! São Paulo dir-lhes-ia:

“É para a liberdade que Cristo nos libertou! Rompestes com Cristo, vós que buscais a justiça da Lei; caístes fora da graça. Nós, com efeito, aguardamos, no Espírito, a esperança da justiça que vem pela fé!” (Gl 5,1.4-5)

Por isso, o Apóstolo conclui, no v. 25, falando do Cristo a Quem aderimos pela fé:

“o Qual foi entregue pelas nossas faltas e ressuscitou para a nossa justificação!”

Eis o que o texto da Epístola nos está dizendo: é justificado por Deus, é amigo de Deus todo aquele que crê em Jesus Cristo, o Enviado do Pai, do Deus de Abraão, nosso Pai na fé! E por quê? Porque esse Jesus, nosso Senhor, foi entregue na cruz pelos nossos pecados e foi ressuscitado pelo Pai no Espírito para nossa justificação, isto é, para que nós, crendo Nele, através Dele sejamos feitos justos, amigos de Deus, como Abraão nosso Pai!

O Pai deu-nos o Seu Filho, como Abraão sacrificou o seu Isaac! O Pai entregou-nos Jesus como expiação, salvação pelos nossos pecados! Não crer nisto, continuar procurando apoio fora de Jesus é desprezar o dom de Deus, é fechar-se para a graça, preferindo procurar apoio em si mesmo e na sua justiça, isto é, na sua própria prática da Lei de Moisés!

Pense um pouco, procurando realmente compreender com o coração:

1. O Deus de Abraão é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele, que pediu o sacrifício de Isaac, entregou o Seu próprio Filho amado por nós, para nos fazer descendência de Abraão (cf. Rm 8,32). Lembre das comoventes palavras do Salvador nosso:

“Deus amou tanto o mundo que entregou o Seu próprio Filho, a fim de que não pereça quem Nele crê, mas tenha a Vida eterna, pois Deus não enviou o Seu Filho para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele! Quem Nele crê não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus!” (Jo 3,16-18)

2. A esta entrega tão amorosa e radical do Pai, nós devemos responder com a fé em Jesus Cristo: crendo que Ele é o Filho amado entregue por nós! Nele o Pai nos deu tudo, a começar pelo perdão dos pecados, penhor da Vida eterna! Pense:

“A obra de Deus é que creiais Naquele que Ele enviou!” (Jo 6,29)

3. Crer, aqui, não é simplesmente proclamar ou aderir racionalmente. Crer é um ato total, que toma e forma toda a nossa existência, plasmando nosso modo de ser e viver! “Mostra-me a tua fé sem as obras e eu te mostrarei a fé pelas minhas obras! Tu crês que há um só Deus? Ótimo! Lembra-te, porém, que também os demônios creem, mas estremecem!” (Tg 2,18s); “Tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes, enganando-vos a vós mesmos!” (Tg 1,22); “Por que Me chamais ‘Senhor, Senhor’ e não fazeis o que Eu digo” (Lc 6,46)

4. Até que ponto a fé em Cristo Jesus é adesão de todo o seu ser a Ele? Cristo é horizonte, o alicerce, o fundamento da sua existência?

5. Reze o Salmo 4