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Sentimento de Maria Santíssima na Ascensão de seu Filho

Compre o livro Flores a Maria!

Maria só desejava o céu

Transportemo-nos hoje ao monte das Oliveiras com a Santíssima Virgem e os discípulos de Jesus, e consideremos com os olhos da fé, o adorável Salvador, depois de ter lançado uma última benção sobre todo aquele santo ajuntamento, e dado a Sua divina Mãe as demonstrações da mais afetuosa ternura, elevar-Se ao céu, todo resplandecente de glória, e acompanhado de milhares de espíritos angélicos e de todos santos, que tirara lá do limbo. O nosso espírito, limitado como é, não pode compreender quais foram os afetos do Filho e da Mãe neste soleníssimo momento. Podemos todavia dizer que, se o corpo de Maria ficou na terra para cumprir a vontade de Deus, o seu espírito e coração subiram ao céu com Jesus Cristo.

Imitemos os sentimentos de nossa divina Mãe. Seguindo o seu exemplo, olhemos paro a terra como para um lugar de desterro, suspiremos sem cessar pela celeste pátria. Contemplemos com fé viva as corôas imortais, que ali nos estão preparadas, e trabalhemos por merecê-las, caminhando pelos passos de Maria.

Só pensava no céu

Consideremos qual era a ocupação da Santíssima Virgem depois da Ascensão de seu Filho. Todos os seus pensamentos, afetos e desejos se dirigiam ao céu, para onde O tinha visto subir, e aonde sabia que lhe fora preparar uma felicidade infinita. Inteiramente desapegada da terra, onde já não via o objeto do seu amor, Maria não cessava de suspirar pela celeste pátria, onde esperava unir-se com Ele para sempre. Não é verdade que em vez de imitarmos a nossa divina Mãe e elevarmos como ela o espírito e o coração ao céu, rastejamos tristemente neste vale de lágrimas, nos prendemos a esta miserável vida, trabalhando só por sermos felizes no mundo, sem nada fazermos para assegurar a posse da suprema felicidade? Que loucura a nossa! Que desatino!

Só falava do céu

A Santíssima Virgem não falava senão do céu. Era ele o único objeto de suas conversações com os apóstolos e com os primeiros fiéis. Com esta esperança os animava e consolava em suas penas, trabalhos e perseguições; fazia-lhes contemplar o paraíso como verdadeira pátria, herança e termo de todas as suas fadigas. Maria não trabalhava senão para o céu; todas as suas ações eram outros tantos passos que dava para se aproximar desta cara pátria, outros tantos novos títulos para ornar a sua corôa de rainha do paraíso. Também nós podemos merecer o céu; nisso devemos trabalhar constantemente, porque só para esse fim estamos no mundo: mas há! Que fazemos para o merecer? Nunca nos esqueçamos de que tudo o que não fizermos pelo céu é perdido para nós e perdido sem remédio.

ORAÇÃO

Ó divina Maria! Quanto é doce e consoladora a promessa do Salvador, quando dizia ao pequeno rebanho de seus queridos discípulos: “É verdade que por enquanto estais tristes; mas eu vos tornarei a ver, o vosso coração se regozijar, e ninguém poderá roubar a vossa alegria”. Ó minha terna Mãe! Esta suave esperança faz palpitar de prazer o meu coração! Que ventura, quando for passado este breve momento de prova e eu entrar, na cidade santa dos bem-aventurados! Quando me vir a vossos pés, sem perigo de me perder e na segura posse de uma felicidade eterna! Se tanto consola e deleita servir-vos neste mundo, amar-vos, pronunciar o vosso nome santíssimo; que delícias não inundarão o meu coração, quando puder ver esse rosto divino, contemplar em vós tantos prodígios e maravilhas, que neste mundo só conheço pela fé; quando puder falar-vos, ouvir a vossa doce voz e amar-vos sem reserva! Sustentai-me, Virgem Santíssima, até esse ditoso momento, e não me abandoneis enquanto me não virdes em segurança no porto da salvação.

Agora se faz o Ato após a Meditação

EXEMPLO

Uma cura por intercessão de Nossa Senhora de Lourdes

Em 1890, como em outros anos, o mês de Maria, na igreja de Santa Maria in Aquiro, Roma, foi consagrado à Santíssima Virgem, sob o título de Nossa Senhora de Lourdes.

Acabou por um tríduo solene; e o pregador, concluiu o sermão pela seguinte narração de uma cura obtida por intervenção da Virgem Imaculada de Lourdes, escrita pela mesma miraculada. Ei-la:

— Na primavera de 1886 — tinha eu então 22 anos — comecei a sentir uma dor no estômago, seguida de um mal estar geral que todavia me dava muito cuidado. Passou-se assim um ano completo. Mas pouco a pouco o mal e as dores aumentaram, e vi-me forçado a chamar o médico que julgou ser uma insignificante indisposição de estômago, que, com alguns cuidados, brevemente desapareceria. O mal, porém, aumentava sempre, as dores de estômago tornavam-se cada vez mais intensas, e quase sempre, eram seguidas de longos delíquios. Foi chamado outro médico que, de harmonia com o primeiro, declarou que a doença era grave.

Segui o regímen que eles me prescreveram, durante dois anos, sem sentir melhoras.

Quis consagrar todo o mês de maio de 1889 à Santíssima Virgem, suplicando- lhe que me assistisse e restituísse a saúde durante este tempo que lhe é consagrado; e propus-me assistir aos exercícios do mês de Maria nesta intenção. Era firme a minha esperança. Mas qual não foi o meu desânimo quando, no dia 26 de maio, sentindo que o mal aumentava sempre, imprevistamente me vi apoquentado com um forte vômito de sangue misturado de água! Chamaram-se os médicos à toda a pressa, que julgaram o caso gravíssimo e receitaram novos medicamentos, mas o estômago não os conservou. Oito dias depois, a 3 de junho, veio-me de madrugada outro vômito de sangue e água seguido de um longo desmaio, e depois do meio dia, novo vômito de sangue espesso. Vendo os médicos o progresso da doença e a ineficácia dos medicamentos, reconheceram que a minha vida estava seriamente em perigo e declararam-no francamente. Então resolvi-me a pedir a minha cura por intercessão de Nossa Senhora de Lourdes.

Procurei água miraculosa, fiz algumas vezes uso dela misturando algumas gotas nas bebidas que, tomava e supliquei que, o mais cedo possível, se fizesse um tríduo pela minha cura. Começou no dia seguinte, e eu fiz, com todo o ardor de meu coração, esta oração e este voto:

— Santíssima Virgem, ardentemente vos peço que me conserveis a vida e restituais a saúde; não por minha causa, pois sou muito indigna, mas por causa de meus queridos pais, de quem sou a filha única, aos quais eu desejo aliviar e consolar na velhice. Se me curardes prometê-lo vestir-me de preto durante um ano e usar na cinta as insígnias da vossa cor.

Começou o tríduo, e o meu estado piorou sensivelmente durante ele. Tendo-me os médicos visitado depois das 12 horas do terceiro dia, julgaram-me em perigo iminente, e disseram que se chamasse o confessor. Neste tempo caí eu num profundo sono, durante o qual tive o seguinte sonho:

— Parecia-me estar numa alameda muito estreita, cheia de espinhos, onde eu sofria toda a espécie de mal-estar. A alguns passos deste lugar, havia uma capela dedicada à Santíssima Virgem. Entre tantos espinhos havia ali também flores, e entre elas rosas formosíssimas. Fiz um ramalhete para oferecer à Virgem.

Entrei na capela que estava toda iluminada; encaminhei-me para a imagem, e de pé, porque a dor me impedia de ajoelhar, renovei a oração e o voto:

— Minha boa Mãe por amor dos meus queridos pais conservai-me a vida, restitui-me a saúde e eu farei o que vos prometi.

Apenas acabei de pronunciar estas palavras, conheci que tinha a meu lado uma velha, e venerável senhora, que me disse:

— Se souberas as graças que a Virgem te há de conceder!..

Desapareceu e não a vi mais.

Senti logo um bem-estar extraordinário; já não sofria, e no excesso da alegria despertei. Acordando, vi minha mãe a meu lado, e compreendendo que o bem-estar que sentia não era sonho, mas realidade, exclamei:

— Mamãe, a Virgem obteve-me a graça! Estou curada! Dê-me os vestidos, quero levantar-me: tenho fome, dê-me de comer.

E fui eu mesmo que sustei a vinda do confessor, porque já não era necessário.

Terminaram então as orações do terceiro dia de tríduo.

Minha mãe supôs que eu delirava, não deu crédito ao que eu dizia, nem me quis dar os vestidos nem de comer. Chegaram os médicos e, apesar de altamente admirados das melhoras que viam, não quiseram ainda assim reconhecer a minha cura.

Receitaram novo remédio: uma pequena chávena de caldo uma só vez ao dia. Eu que me sentia boa, que estava devorada de fome, via-me constrangida, por obediência, a permanecer no leito e a não tomar outra coisa. A Santíssima Virgem me fez outro milagre, o de viver assim durante 55 dias! Todos terminaram enfim por se convencerem da minha perfeita cura, permitindo-me que me levantasse e comesse, conforme o meu apetite.

No dia 25 de julho, saí pela primeira vez, vestida com o vestido votivo e a primeira visita foi à minha querida Benfeitora, Nossa Senhora de Lourdes, na igreja de Santa Maria in Aquiro.

Como primeira e humilde homenagem de meu ilimitado reconhecimento, ofereci-lhe um coração, para lhe exprimir que o meu lhe pertencia todo. Prometi voltar para lhe fazer outra visita, e, como ato de humildade por tão grande favor, caminhei de joelhos desde a entrada da igreja até ao seu altar, e cumpri o mais que havia prometido. Desde então estou perfeitamente curada; nunca mais tive vestígios de doença.

Agora para exprimir meu ilimitado reconhecimento para com tão boa mãe, quisera que toda a terra soubesse o imenso favor que ela me fez, restituindo-me a vida, que eu sentia havia perdido; quisera que todos os corações, na terra e no céu, se unissem a mim para lhe oferecerem todo o amor de que estão inflamados. Por mim só que posso eu fazer? Ah! Minha boa mãe, tende piedade de meu pouco valimento, considerai só o meu mais ardente desejo que não é outro senão amar-vos e a Jesus com todo o afeto. E para melhor o conseguir abandono-vos todo o meu coração. Aceitai-o, guardai-o cuidadosamente, e não permitais que ele vos fuja, minha boa Mãe!

Roma, 6 de junho de 1890, dia aniversário da minha cura.

Josephina Félon, romana.
Rua de São Vicente, n.° 3 1.° andar.

OUTRO EXEMPLO

Mais uma prova da misericórdia da Augusta Rainha do Céu

O pobre velho que foi agora o objeto das complacências da Santíssima Virgem, tinha sido educado por um pastor protestante.

Era um homem de bem, muito inteligente, instruído, gostava de praticar a moral da religião, não acreditando todavia na necessidade das práticas do culto; e, como estava muito firme nas suas ideias, queria convencer a todos de que andava no bom caminho.

Adoeceu gravemente e, passados alguns dias, os médicos declararam o enfermo em perigo de vida.

A família consternada falou-lhe na necessidade de receber os sacramentos, mas ele recusou formalmente.

Um sacerdote, seu íntimo amigo, que o visitava, inquietou-se deveras, porque humanamente falando julgava impossível tal conversão. O doente piorava cada vez mais, chegando mesmo a declarar que apenas teria um ou dois dias de vida.

A família vendo-o em tão criticas circunstâncias, apelou como último recurso para a misericórdia da bendita Mãe de Deus e mandou celebrar na igreja de Nossa Senhora das Vitórias uma missa por sua intenção.

Nesse dia o sacerdote que sempre tinha acompanhado o enfermo, despediu-se dizendo:

— Vou pedir a Deus por si e volto amanhã.

O infeliz compreendeu provavelmente nestas palavras uma segunda intenção, e, não obstante a sua extrema delicadeza, respondeu com certo enfado:

— Amanhã estarei muito mais fraco, é possível que o não possa receber.

Esta resposta era desanimadora, mas os que o rodeavam, confiados em Maria, continuaram orando sempre.

Efetivamente no dia seguinte o doente mostrou alguma repugnância em receber o sacerdote que, apesar disso, entrou, conservando-se algumas horas junto dele, sem lhe falar em confissão.

Apenas, porém, se retirou, o enfermo voltando-se para sua nora disse-lhe:

— Queriam então que eu me confessasse, não é verdade? O pior é que se eu dissesse a um sacerdote todos os meus pecados, com toda a certeza me não absolveria!

Estas palavras eram uma esperança, e o digno sacerdote, avisado, voltou no dia seguinte dizendo-lhe logo ao entrar:

— Meu amigo, venho oferecer-lhe os socorros da religião.

O doente ficou por momentos pensativo e por fim respondeu:

— E eu que os aceito; estou pronto, quando quiser.

Isto passava-se à noite. No dia seguinte confessou-se com mostras do mais sincero arrependimento, recebendo em seguida a Comunhão e Extrema-Unção.

Era tempo; a fraqueza aumentava, e passadas algumas horas, não seria possível confessar-se.

Sua nora voltando-se então para o sacerdote disse-lhe:

— Foi quase um milagre!

— Efetivamente, respondeu este, foi um milagre da graça! O moribundo está em perfeito juízo porque acaba de me dizer que a nossa santa religião, é a melhor das religiões!

Horas depois adormecia no sono eterno, pronunciando resignado e contrito os nomes de Jesus e Maria!

LIÇÃO
Sobre o desejo de nos unirmos com Jesus no Céu

Se o vosso coração ardesse em chamas de amor divino, quão desprezível vos pareceria a terra! Que ardentes suspiros arrancaríeis pondo os olhos no céu!

Um coração, cheio de amor de Jesus, tem acaso na terra mais que desejar, senão possuir o mesmo Jesus?

Quando mesmo todos os bens deste mundo se apresentassem para vos tornar o mais feliz dos homens, sempre devereis dizer: Melhor me é morrer e estar com Jesus Cristo.

Que valem esses bens para quem conhece e ama a Jesus? Jesus é o sumo bem:  Jesus só compreende todos os bens.

Estar com Jesus, com um Pai tão terno, com um Senhor tão liberal, com o amável Salvador! Estar com Jesus, gozar de Sua presença! Pode oferecer-vos o mundo e a terra bens comparáveis a estes ?

É verdade que a lembrança de que tendes de comparecer no tribunal deste retíssimo Juiz dos vivos e dos mortos, vos deve fazer estremecer!

Mas esperai na misericórdia do amável Jesus; confiai na intercessão de Maria, nossa Mãe terníssima!

Conservai o temor dos seus juízos, mas vença este temor a esperança e a caridade. Temei; mas amai ainda mais. Dareis a Jesus um belo testemunho de que o amais, desejando vê-lO logo no céu, e deixar a terra onde é tão fácil faltar à fidelidade, devida a este Senhor.

Estai possuídos destes sentimentos e Jesus vos defenderá contra os inimigos na vida e na morte.

Máxima Espiritual

“Quem ama a Deus está impaciente de O ver no céu” – Santo Afonso Maria de Ligório

Jaculatória

Salus infirmorum, Refugium peccatorum, Consolatrix afflictorum, Auxilium christianorum, ora pro nobis

Saúde do enfermos, Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Auxílio dos cristãos, rogai por nós

Agora se faz as Encomendações e outras Orações


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(SILVA, Pe. Martinho António Pereira da. Flores a Maria ou Mês de Maio consagrado à Santíssima Virgem Mãe de Deus. Tipografia Lusitana, Braga, 1895, 7.ª ed., p. 313-325)