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Um Misterioso Combate

Dom Henrique Soares da Costa
Reze o Salmo 119/118,25-32
Agora, leia com piedade, com atenção e um coração que escuta Dt 20

1«Quando saíres para a guerra contra os teus inimigos e vires cavalos, carros de guerra e um exército mais numeroso que o teu, não tenhas medo deles, porque o SENHOR, teu Deus, está contigo, Ele que te fez subir da terra do Egipto. 2Quando estiveres a começar a batalha, o sacerdote se adiantará para falar ao povo 3e lhe dirá: ‘Escuta, Israel! Ides hoje travar batalha com os vossos inimigos. Não vos assusteis em vossos corações, não temais, não vos aterrorizeis nem vos perturbeis diante deles, 4porque o SENHOR, vosso Deus, vos acompanha para combater por vós contra os vossos inimigos e para vos dar a vitória!’

5Também os oficiais falarão assim às tropas: ‘Quem construiu uma casa nova e ainda não a inaugurou, esse que parta e regresse a sua casa, pois poderia morrer na batalha e outro a inauguraria. 6Quem plantou uma vinha e ainda não a vindimou, esse que parta e regresse a sua casa, pois poderia morrer na batalha e outro a vindimaria. 7Quem desposou uma mulher e ainda a não tomou consigo, esse que parta e regresse a sua casa, pois poderia morrer na batalha e outro a tomaria.’ 8Os oficiais dirão ainda às tropas: ‘Quem for medroso e de coração tímido, esse que parta e regresse a sua casa, para que o coração de seus irmãos não desfaleça como o dele.’ 9Quando os oficiais tiverem acabado de falar às tropas, os chefes das divisões colocar-se-ão à frente do exército.

10Quando te aproximares de uma cidade para a atacar, propõe-lhe primeiro a paz. 11Se ela aceitar a paz e te abrir as portas, toda a população que nela se encontrar te pagará tributo e te servirá. 12Mas se não fizer a paz contigo e quiser entrar em guerra contra ti, pôr-lhe-ás cerco. 13E quando o SENHOR, teu Deus, a entregar nas tuas mãos, passarás todos os seus varões ao fio de espada. 14Só poderás tomar para ti as mulheres, as crianças, o gado e o que se encontrar na cidade, todo o seu espólio; comerás dos despojos dos teus inimigos, que o SENHOR, teu Deus, te deu.

15Procederás assim para com todas as cidades muito afastadas de ti, que não fazem parte das cidades destas nações. 16Só das cidades destes povos, que o SENHOR, teu Deus, te há-de dar por herança, é que não deixarás nelas alma viva. 17Votarás à destruição, o hitita, o amorreu, o cananeu, o perizeu, o heveu, o jebuseu, como te ordenou o SENHOR, teu Deus, 18para que eles vos não ensinem a fazer as abominações que praticam em honra dos seus deuses. Pecaríeis contra o SENHOR, vosso Deus.

19Quando tiveres de pôr cerco a uma cidade durante muito tempo e tiveres de lutar contra ela, a fim de a conquistares, não destruirás as suas árvores derrubando-as à machadada; comerás delas e não as cortarás. Porventura a árvore do campo é um homem, para a atacares durante o assédio? 20Só as árvores que souberes que não servem para alimentação é que poderás destruir e cortar, a fim de as utilizares no cerco contra a cidade que está em guerra contigo, até a venceres.»

1. Neste capítulo reaparece o tema do combate, tão presente em toda a Escritura. Já falei sobre isto nas meditações passadas. Nas Escrituras Santas, esse combate vai cada vez mais aparecendo como um combate espiritual: está no nosso coração, mas também no coração do mundo. Veja, por exemplo, Ef 6,10-20. Aí, o cristão aparece apetrechado como um soldado, pronto para o combate! Recorde do Apocalipse: todo ele aparece como um combate entre o Senhor Deus e as forças do Maligno. A nossa fé ensina, com efeito, que toda a história é atravessada por um misterioso combate entre dois mistérios tremendos: o Mistério da Piedade, manifestado em Cristo Senhor (cf. 1Tm 3,16), e o mistério da iniquidade (cf. 2Ts 2,1-8). Este tremendo duelo foi vencido pelo Cristo Jesus e tal vitória pascal é definitiva. Mas, isto somente aparecerá de modo pleno no final dos tempos. Até lá, toda a realidade deste mundo, desde o mais íntimo de nós até o mais amplo da criação aparece perpassada por esta luta tremenda e misteriosa! Por isso também a dureza com a qual o Texto Sagrado manda combater e tratar os inimigos. Aqui, o sentido é teológico: trata-se da guerra santa! Os inimigos devem ser aniquilados pela raiz “para que não vos ensinem a praticar todas as abominações que praticavam para os seus deuses: estaríeis pecando contra o Senhor teu Deus” (v. 18). Pense:

Você procura, de verdade, eliminar na sua vida, no seu coração, todas as marcas de infidelidades ao Senhor?

Que realidade no seu coração, na sua vida, atrapalham o Reinado de Deus na sua existência?

Cuidado: você não entrará no Reino se não deixar o Reino entrar em você!

2. Outra ideia que aparece neste capítulo é a confiança no Senhor quando temos de enfrentar as batalhas e dificuldades da vida:

“Não fiques com medo, pois contigo está o Senhor teu Deus, que te fez subir da terra do Egito” (v. 1)

Aquele que conhece o Senhor e conhece o seu próprio coração, aquele que já tem experiência da vida e é humilde, sabe muito bem que ninguém se basta a si mesmo: precisamos do Senhor, do Seu auxílio, do Seu socorro, da Sua graça! Pensando nos combates da vida, reze o Sl 18/17… Coloque-se, realmente, nas mãos Daquele que é capaz de baixar o céu para socorrer o Seu fiel, o Seu amigo, desde que confie Nele com todo o coração!

3. Quando sabemos ler as Escrituras, encontramos nelas passagens comoventes. Veja os vv. 5-9… Como o Senhor é compassivo, como é cuidadoso, como é compreensivo com o Seu Povo: quem construiu uma casa, quem plantou uma vinha, quem está recém-casado ou, simplesmente, quem está com medo, que fique em casa e não vá combater. Aprendamos do Coração de Deus a não ser duros, intransigentes, regidos pelo “dura lex, sed lex” (a lei é dura, mas é lei)… Sejamos compreensivos com as situações e os limites dos demais!

4. Por último, a interessante recomendação de, no combate e no cerco a uma cidade, não cortar as árvores frutíferas (cf. vv. 19s)… O Senhor ensina o Seu Povo a fazer as coisas com medida, com parcimônia, não agindo simplesmente pelos impulsos, pelos instintos, pela violência… E você: sabe agir com justa medida, com prudência ou, ao invés, é impulsivo e, passando da conta, arruína até o que era justo e bom? Lembre do que diz o Livro da Sabedoria, elogiando o Santo:

“Tudo dispuseste com medida, número e peso” (11,20)

Isto aparece muito bem no Apocalipse: ali, quando Deus castiga, pune com medida, sem destruir tudo de uma vez, dando sempre a oportunidade para a emenda, a correção, a salvação. Leia Ap 8,6-12…

5. Agora reze o Sl 103/102.