Skip to content Skip to footer

Terça-feira da I Semana da Quaresma

Cristo, Homem das Dores (Carlo Dolci)
Cristo, Homem das Dores (Carlo Dolci)

<< Esta é uma continuação da Meditação da Segunda-feira da 1ª Semana da Quaresma, se você perdeu, recomenda-se que a faça antes de iniciar esta >>

Continuemos a nossa meditação do capítulo quarto da Epístola aos Romanos.

Ontem, sublinhávamos alguns aspectos importantes do raciocínio de São Paulo. Prossigamos:

(2) Com um tipo de raciocínio próprio dos rabinos no seu modo de explicar as Escrituras, o Apóstolo coloca uma questão curiosa sobre Abraão:

Como em Abraão a fé foi levada em conta de justiça:

“Estando circuncidado ou quando ainda incircunciso?
Não foi quando estava circuncidado, mas quando ainda era incircunciso! Assim, ele se tornou pai de todos aqueles que creem, sem serem circuncidados… e pai dos circuncisos…” (Cf. vv. 10-12)

Com isto, São Paulo deseja mostrar que a fé que torna alguém justo diante do Senhor Deus vem antes e independente da circuncisão que coloca dentro e debaixo da Lei de Moisés! Efetivamente, entra-se no Povo da Lei, Israel, pela circuncisão…

E aqui, a conclusão do raciocínio: judeu circuncidado ou pagão incircunciso, todos agora são chamados à mesma atitude de fé de Abraão para poderem ser justificados diante do Senhor, isto é, serem considerados justos, santos, amigos, pelo Senhor Deus; e esta atitude de fé refere-se a crer em Jesus como Messias-Cristo enviado pelo Deus de Israel pela salvação de todos – judeus ou pagãos! É em virtude dessa fé em Jesus nosso Senhor que a promessa de ser herdeiros de Deus nos é feita, como fora feita ao Pai de todos os crentes, Abraão! (Cf. v. 13)

Pense um pouco: De um modo misterioso e forte, a Escritura insiste na verdade de que é preciso crer em Jesus como Messias-Cristo para alcançar a amizade com o Senhor Deus, isto é, a salvação!

Um cristão, ainda que respeitando a todos, amando a todos, tendo como sagrada a consciência de todos, jamais poderá abdicar dessa verdade!

É preciso voltar a perguntar: diante do relativismo da nossa cultura atual, você tem mantido firme e defendido com doce certeza a sua fé de que
somente Jesus nosso Senhor é o Enviado de Deus,
o Caminho para Deus,
a Verdade que revela Deus e revela o homem,
a Vida que nos faz existir em Deus?

Lembre, nunca esqueça:

“Se bem que existam aqueles que são chamados deuses, quer no céu, quer na terra – e há, de fato, muitos ‘deuses’ e muitos ‘senhores’! -, para nós, contudo, existe um só Deus, o Pai, de Quem tudo procede e para o Qual caminhamos, e um só Senhor, Jesus Cristo, através de Quem tudo existe e para Quem caminhamos” (1Cor 8,5s).

Repita com os lábios, repita com o coração, repita com a inteligência, repita com o afeto, repita com todo o seu ser:

Creio em um só Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus,
Nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus nascido de Deus,
Luz originada da Luz,
Deus verdadeiro procedente de Deus verdadeiro,
Gerado de modo incompreensível, indizível, inimaginável, inexplicável,
Não criado!
Consubstancial ao Pai,
Co-divino com o Pai,
Através Dele todas as coisas foram feitas no Céu e na terra,
E por nós homens, e para nossa salvação,
Desceu do Céu
E Se encarnou pelo Espírito Santo no seio de Maria, a Virgem,
E Se fez homem!
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos,
Padeceu e foi sepultado,
Ressuscitou ao Terceiro Dia conforme as Escrituras
E subiu aos Céus, onde está sentado à Direita do Pai
E de novo há de vir em Sua Glória
Para julgar os vivos e os mortos,
Os que creem e os que não creem,
Os que O amam e os que O odeiam,
E o Seu Reino não terá fim!

(3) Muitas vezes o Apóstolo, de modo unilateral – porque está no meio de uma disputa e deseja acentuar um determinado aspecto -, afirma que a Lei de Moisés leva à condenação: “O que a Lei produz é a ira” (v. 15).

Paulo deseja, assim, sublinhar que a Lei de Moisés, mesmo sendo santa e boa, é letra: mostra o caminho, mas não dá a força para trilhá-lo… Assim, provoca a ira de Deus nos desobedientes. E, ao fim das contas, somos sempre infiéis, de um modo ou de outro… Então, é colocando nossa esperança na fé em Cristo e não nos preceitos da Lei de Moisés que se pode ser justificado pelo Senhor Deus!

Todo este pensamento, bastante unilateral, exagerado mesmo, é um modo apaixonado – como era o temperamento do Apóstolo – de gritar: judeu, deixa de endeusar a Lei é de achar que ela é que te salva! Crê no Cristo Jesus, o Salvador, de Quem a própria Lei dá testemunho!

(4) Outro aspecto muito belo: por que crer assim, nesse Deus e no Seu Filho Jesus? Porque Ele “faz viver os mortos e chama à existência as coisas que não existem” (v. 17):

Ele é o Deus potente e vital, que tirou tudo do nada e do nada da morte pode arrancar a minha vida!

Ele é o Vivente, Ele é a fonte da Vida, Ele é a Vida eterna, imperecível, plena, em superabundância!

“Em Ti está a fonte da Vida e na Tua luz veremos a Luz!” (Sl 35/36,10)

Nele podemos alicerçar e apostar a nossa pobre e incerta existência, como admiravelmente estão fazendo hoje tantos cristãos mártires, aniquilados pelos muçulmanos pelo mundo afora, sobretudo no Oriente Médio:

morrem porque creem em Jesus,
morrem porque não negam Jesus,
morrem porque proclamam Jesus,
Morrem porque amam Jesus,
morrem porque sabem que a pior morte é viver sem Jesus!

Que exemplo eles são para mim!
Que vergonha eles causam em mim, tão frio, tão frouxo, tão cômodo!
No Dia de Cristo, eles nos julgarão!
Que pelas suas preces e pelas preces de nosso Pai Abraão , o Senhor Jesus tenha piedade de nós!

Amanhã continuaremos…
Reze todo o capítulo 11 da Epístola aos Hebreus…
Preste atenção, sobretudo, nos versículos 32-40… São comoventes, de fazer chorar, de nos envergonhar…

1. A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê.

2. Foi ela que fez a glória dos nossos, antepassados.

3. Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível.

4. Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício bem superior ao de Caim, e mereceu ser chamado justo, porque Deus aceitou as suas ofertas. Graças a ela é que, apesar de sua morte, ele ainda fala.

5. Pela fé Henoc foi arrebatado, sem ter conhecido a morte: e não foi achado, porquanto Deus o arrebatou; mas a Escritura diz que, antes de ser arrebatado, ele tinha agradado a Deus (Gn 5,24).

6. Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram.

7. Pela fé na palavra de Deus, Noé foi avisado a respeito de acontecimentos imprevisíveis; cheio de santo temor, construiu a arca para salvar a sua família. Pela fé ele condenou o mundo e se tornou o herdeiro da justificação mediante a fé.

8. Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança. E partiu não sabendo para onde ia.

9. Foi pela fé que ele habitou na terra prometida, como em terra estrangeira, habitando aí em tendas com Isaac e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa.

10. Porque tinha a esperança fixa na cidade assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus.

11. Foi pela fé que a própria Sara cobrou o vigor de conceber, apesar de sua idade avançada, porque acreditou na fidelidade daquele que lhe havia prometido.

12. Assim, de um só homem quase morto nasceu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como os grãos de areia da praia do mar.

13. Foi na fé que todos (nossos pais) morreram. Embora sem atingir o que lhes tinha sido prometido, viram-no e o saudaram de longe, confessando que eram só estrangeiros e peregrinos sobre a terra (Gn 23,4).

14. Dizendo isto, declaravam que buscavam uma pátria.

15. E se se referissem àquela donde saíram, ocasião teriam de tornar a ela…

16. Mas não. Eles aspiravam a uma pátria melhor, isto é, à celestial. Por isso, Deus não se dedigna de ser chamado o seu Deus; de fato, ele lhes preparou uma cidade.

17. Foi pela sua fé que Abraão, submetido à prova, ofereceu Isaac, seu único filho,

18. depois de ter recebido a promessa e ouvido as palavras: Uma posteridade com o teu nome te será dada em Isaac (Gn 21,12).

19. Estava ciente de que Deus é poderoso até para ressuscitar alguém dentre os mortos. Assim, ele conseguiu que seu filho lhe fosse devolvido. E isso é um ensinamento para nós!

20. Foi inspirado pela fé que Isaac deu a Jacó e a Esaú uma bênção em vista de acontecimentos futuros.

21. Foi pela fé que Jacó, estando para morrer, abençoou cada um dos filhos de José e venerou a extremidade do seu bastão.

22. Foi pela fé que José, quando estava para morrer, fez menção da partida dos filhos de Israel e dispôs a respeito dos seus despojos.

23. Foi pela fé que os pais de Moisés, vendo nele uma criança encantadora, o esconderam durante três meses e não temeram o edito real.

24. Foi pela fé que Moisés, uma vez crescido, renunciou a ser tido como filho da filha do faraó,

25. preferindo participar da sorte infeliz do povo de Deus, a fruir dos prazeres culpáveis e passageiros.

26. Com os olhos fixos na recompensa, considerava os ultrajes por amor de Cristo como um bem mais precioso que todos os tesouros dos egípcios.

27. Foi pela fé que deixou o Egito, não temendo a cólera do rei, com tanta segurança como estivesse vendo o invisível.

28. Foi pela fé que mandou celebrar a Páscoa e aspergir (os portais) com sangue, para que o anjo exterminador dos primogênitos poupasse os dos filhos de Israel.

29. Foi pela fé que os fez atravessar o mar Vermelho, como por terreno seco, ao passo que os egípcios que se atreveram a persegui-los foram afogados.

30. Foi pela fé que desabaram as muralhas de Jericó, depois de rodeadas por sete dias.

31. Foi pela fé que Raab, a meretriz, não pereceu com aqueles que resistiram, por ter dado asilo aos espias.

32. Que mais direi? Faltar-me-á o tempo, se falar de Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e dos profetas.

33. Graças à sua fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, viram se realizar as promessas. Taparam bocas de leões,

34. extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio de espada, triunfaram de enfermidades, foram corajosos na guerra e puseram em debandada exércitos estrangeiros.

35. Devolveram vivos às suas mães os filhos mortos. Alguns foram torturados, por recusarem ser libertados, movidos pela esperança de uma ressurreição mais gloriosa.

36. Outros sofreram escárnio e açoites, cadeias e prisões.

37. Foram apedrejados, massacrados, serrados ao meio, mortos a fio de espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de cabra, necessitados de tudo, perseguidos e maltratados,

38. homens de que o mundo não era digno! Refugiaram-se nas solidões das montanhas, nas cavernas e em antros subterrâneos.

39. E, no entanto, todos estes mártires da fé não conheceram a realização das promessas!

40. Porque Deus, que tinha para nós uma sorte melhor, não quis que eles chegassem sem nós à perfeição (da felicidade).
(Fonte: Bíblia Católica Online)

Depois, com coragem leia, tomando para você e tomando vergonha, Hb 12,1-4.

1. Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus.

2. Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus.

3. Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo.

4. Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado.
(Fonte: Bíblia Católica Online)