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Cristo morreu e ressuscitou por nós!

Dom Henrique Soares da Costa

Meditação II – Sexta-feira depois da cinzas

Por Dom Henrique Soares da Costa

Reze o Salmo 118/119, 9-16:

9Como poderá um jovem manter puro o seu caminho?
Só guardando as tuas palavras.
10Eu procuro-te com todo o coração;
não deixes que me afaste dos teus mandamentos.
11Guardo no meu coração as tuas promessas,
para não pecar contra ti.
12Bendito sejas, SENHOR!
Ensina-me as tuas leis.
13Anuncio com os meus lábios
todos os decretos da tua boca.
14Alegro-me mais em seguir as tuas ordens,
do que em possuir qualquer riqueza.
15Meditarei nos teus preceitos
e prestarei atenção aos teus caminhos.
16Hei-de alegrar-me com as tuas leis;
não esquecerei as tuas palavras.

Leitura da Epístola de São Paulo aos Gálatas 1, 6-10:

6Estou admirado de que tão depressa vos afasteis daquele que vos chamou pela graça de Cristo, para seguirdes outro Evangelho. 7Que outro não há; o que há é certa gente que vos perturba e quer perverter o Evangelho de Cristo. 8Mas, até mesmo se nós ou um anjo do céu vos anunciar como Evangelho o contrário daquilo que vos anunciámos, seja anátema. 9Como anteriormente dissemos, digo agora mais uma vez: se alguém vos anuncia como Evangelho o contrário daquilo que recebestes, seja anátema.

10Estarei eu agora a tentar persuadir homens ou a Deus? Ou será que estou a procurar agradar aos homens? Se ainda pretendesse agradar aos homens, não seria servo de Cristo.

1. De modo direto e franco, o Apóstolo queixa-se dos gálatas em tom de repreensão: eles haviam recebido o Evangelho pela pregação de Paulo. Do Apóstolo aprenderam que Jesus, o Cristo, fora enviado pelo Pai, que O entregara pelos nossos pecados e O ressuscitara dentre os mortos, de modo que Nele, o Salvador, estamos livres do mundo de pecado.
Um belo resumo do Evangelho, isto é, da pregação de Paulo, encontra-se em 1Cor 15,3s. Leia! É este o núcleo duro da nossa fé: Cristo morreu e ressuscitou por nós; Nele estamos salvos, por graça de Deus que O entregou!

a) Pense bem: A salvação é, fundamentalmente, graça de Deus através de Jesus Cristo. A Morte e Ressurreição do Senhor são eventos salvíficos, isto é, são gestos, atos salvadores de Deus. O homem precisa dessa salvação que nos vem pela Páscoa do Senhor. Sem entrar em contato com a Sua Morte e Ressurreição, é impossível receber a salvação (cf. At 4,8-12; Rm 8,1-4)

b) O modo ordinário de entrar em contato com a graça salvífica que o Senhor nos obteve com a Sua Páscoa é a participação nos Seus sacramentos, sobretudo e de modo especial na Eucaristia, memorial do Seu Sacrifício pascal. Esta consciência era bem presente e profunda na Igreja primitiva. Basta ver o quanto ela está presente nos escritos do Novo Testamento como algo já conhecido e praticado. Eis alguns exemplos. Vale a pena conferir:

1Cor 10,10-22 => o cálice abençoado e o pão repartido, comunhão com o Senhor ressuscitado;

1Cor 11,23-34 => a Ceia eucarística, memorial da Morte e Ressurreição do Senhor, sacramento da unidade e da comunhão na Igreja;

1Cor 12,13 => os cristãos, batizados no único Espírito do Cristo para formarem um só Corpo do Senhor na Eucaristia;

Jo 3,5s; 6,51-58 => O Batismo e a Eucaristia, que dão a Vida no Espírito de Cristo;

1Jo 5,5-13 => Cristo que venceu o mundo e Se faz presente na força do Seu Espírito pela água do Batismo e o Sangue da Eucaristia.

c) Atenção que estas afirmações são centrais para a nossa fé, fazem parte da essência mesma do cristianismo! É por isso mesmo que do lado do Cristo pascal saem a água do Batismo e o Sangue da Eucaristia, que jorram depois que o Senhor Jesus entregou o Seu Espírito como prenúncio da salvação que seria dada continuamente nos sacramentos celebrados pela Igreja para a Vida do mundo. Compare Jo 19,31-37 com 1Jo 5,5-8.

Aqui, vale a pena perguntar: Você tem consciência da centralidade da vida sacramental na nossa vivência cristã? Como vai a sua participação no Sacrifício eucarístico? Como vai a sua prática do sacramento da Confissão?

d) Pare um pouco. Medite, contemple, reze tão grandes mistérios de amor e salvação!

2. O que fizeram os gálatas? Depois que Paulo pregara o Evangelho e se fora, apareceram irmãos judeus-cristãos, isto é, cristãos de origem judaica, provavelmente antigos fariseus, vindos da Judeia, sem mandato dos Apóstolos, dizendo aos gálatas que Paulo não havia pregado o Evangelho com inteireza: seria preciso para os pagãos que abraçaram a fé em Jesus que eles também cumprissem a Lei de Moisés, a Torá dos judeus, a começar pela circuncisão! A questão era seríssima: se os pagãos convertidos tivessem que cumprir a Lei de Moisés, então, para que Cristo teria vindo? A humanidade é salva pelo Cristo ou pelas práticas da Lei que o Senhor Deus dera aos judeus? Quem salva é Cristo com Seu mistério pascal ou as práticas, as obras determinadas pela Torá?

Os gálatas de deixaram levar por esses irmãos vindos da Judeia! Começaram a duvidar se Paulo havia ou não pregado inteira e fielmente o Evangelho de Cristo! Daí a indignação de São Paulo!

3. O Apóstolo acusa esses irmãos de corromperem o Evangelho de Cristo. Atenção, que não se trata dos quatro escritos que hoje chamamos “evangelhos”, que nem existiam nesta época. “Evangelho”, aqui, é o anúncio do Cristo morto e ressuscitado para o perdão dos nossos pecados e nossa salvação!

4. Paremos por aqui. Na próxima meditação, continuaremos ainda a meditar sobre estes mesmos versículos. Por agora, com fé e devoção, escute o Evangelho e, novamente, acolha-o na fé: leia Mt 28,16-20; Mc 16,9-20; At 2,29-41; At 5,29-32; At 10,37-44; At 13,26-39.

5. Reze o Sl 96/95. Aí já aparece predito o anúncio da salvação a todos os povos, com o Evangelho que proclama o Reino de Deus que o Cristo veio anunciar e instaurar: “O Senhor é Rei” (v. 10).