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História da Igreja 5ª Época: Capítulo III

Concílio Tridentino (Concílio de Trento)

A guerra encarniçada que os protestantes tinham declarado a Igreja, e a necessidade urgente de reanimar no clero e no povo a santidade dos costumes, tornavam necessária a convocação de um concílio ecumênico. Convocou-o, efetivamente, o Papa Paulo III, em Trento, cidade do Tirol italiano, donde, tomou o nome de Concílio Tridentino. Este é o décimo nono concílio ecumênico. Durou mais de dezoito anos, por ter sido interrompido diversas vezes, por causa da epidemia ou das guerras. Abriu o concílio o Papa Paulo III, no ano 1545; foi continuado sob Júlio III, e levado a feliz termo, no ano 1563, no pontificado de Pio IV, graças ao zelo do infatigável São Carlos Borromeu.

Presidiram-no os Papas por meio de seus legados, e tomaram parte nele muitos prelados e insígnes teólogos. À sua conclusão se achavam presentes 255 padres, isto é, 4 legados, 2 cardeais, 3 patriarcas, 25 arcebispos, 168 bispos, 7 abades, 39 procuradores de padres ausentes e 7 superiores gerais de ordens religiosas. O fim principal deste concílio era condenar e refrear as heresias de Lutero, Calvino e outros hereges daqueles tempos, E fazer igualmente novas leis disciplinares concernentes particularmente ao clero. Convidaram também para assisti-lo aos protestantes, e foi-lhes dado plena liberdade para discutir e garantias plenas de que não seriam molestados, porém nenhum deles se apresentou, porque as trevas fogem da luz, e quem está interessado em sustentar o que e falso, teme ser convencido da verdade. Foram condenados todos os erros inventados e suscitados naquela idade por Satanás, porém não se condenou herege algum pessoalmente, indicando seu nome. Foram dados muitos decretos dogmáticos relativamente à graça, aos sacramentos, ao purgatório às indulgências e a outros pontos de fé e foram estabelecidos muitos preceitos de moral cristã. Celebraram-se 25 sessões, em que se encerra a doutrina e a disciplina de quase todos os concílios celebrados anteriormente. Neste, o Espírito Santo iluminou de tal modo sua Igreja que ao redigir as definições dogmáticas, e ao expor a doutrina católica, foram previstos os erros que pudessem ser suscitados no futuro. Mui dificilmente, pois, aparecerão heresias, que direta ou indiretamente não tenham já sido condenadas neste concílio. Com o fim de não se interpretarem mal as decisões do Concílio Tridentino, instituiu a Santa Sé uma congregação chamada: Congregação do Santo Concilio de Trento, composta de cardeais e prelados, para velar para que não se violem os cânones e decretos, e para definir sua interpretação nos casos de controvérsia.

São Pio V

Ao Papa Pio IV morto no ano 1565, sucedeu São Pio V, um dos pontífices mais ilustres que ocuparam o trono de São Pedro. Nascido em Bosco, perto de Alexandria, no Piemonte, na idade de doze anos encontrou-se por casualidade com dois religiosos Dominicanos, os quais, admirados da precocidade do menino, o levaram para seu convento. Ali progrediu tanto na ciência e na virtude, que, a seu pesar, o Papa o quis chamar a seu lado para servir-se dele em muitos assuntos da Igreja. Primeiramente o fez cardeal e depois o nomeou bispo de Mondovi. Sua pureza de costumes e a energia com que pregava, unidas à sua rígida mortificação, atraíram para a fé a muitos hereges, converteram obstinados pecadores e remediaram gravíssimas desordens.

Foi eleito Papa a 7 de janeiro do ano 1566.

Pode-se dizer, que bastaram os seis anos de seu pontificado, para mudar o aspecto do mundo. Ao passo que os hereges causavam enormes males às almas na Alemanha, na França e nos Países Baixos, ele, com a palavra, com seus escritos, e com a obra de zelosos missionários, combateu os erros e conservou a pureza da fé. Acometido por uma enfermidade que lhe causava agudíssimas dores, não proferia senão estas palavras:

“Senhor, aumentai meu mal, mas igualmente a minha paciência”

Já próximo à morte repetia com frequência:

“Estou cheio de prazer, pois alimento a esperança de entrar preparado na casa do Senhor”

Este grande santo pontífice morreu no ano 1572. Tinha muita devoção à Mãe do Salvador; e para eternizar a memória da insígne e esplêndida vitória alcançada por sua intercessão no ano 1571, pelos Cristãos contra os Turcos, nas águas de Lepanto, instituiu a festa do Santíssimo Rosário e mandou que nas Ladainhas Lauretanas se acrescentassem as palavras: Auxilium Christianorum, ora pro nobis.

Santa Teresa

Santa Teresa nasceu em Ávila, cidade da Espanha. Os cuidados que lhe prodigalizaram seus pais contribuíram eficazmen­te para elevá-la a um grau heroico de virtude. Como agradassem muito a seu pai os livros de piedade, fazia, dando um belo exemplo, ler todos os dias a vida, de algum santo no seio da família. As atas dos mártires que tinham derramado seu sangue pela fé, produziram tão viva impressão em Teresa, que aos sete anos de Idade fugiu secretamen­te de casa com o irmãozinho, para ir em busca do martírio, porém, tendo-os encontrado um seu tio, os trouxe a casa paterna. A consideração de uma eternidade feliz ou desgraçada fazia-a exclamar com frequência:

“Como! Para sempre feliz? Como! Padecer para sempre?”

Este pensamento a fez tomar a resolução de se santificar, ou antes, de fazer quanto estivesse em seu poder para chegar ao mais alto grau de santidade. Construiu no Jardim, com ramos de árvores, uma pequena cela, onde se retirava para rezar.

Crescida já, entrou para o mosteiro das Carmelitas, que fez voltar mais tarde a seu primitivo rigor e fundou muitos outros, em que se mostrou luminoso modelo de perfeição cristã. Cilícios, disciplinas, orações, contemplações, frequentes colóquios com Jesus, eis as coisas que se admiram no decurso de sua vida. Com muita frequência ouvia-se-lhe exclamar:

“Divino esposo, ou aumentai a capacidade do meu coração, ou ponde termo às vossas graças!”

Gozava tanto nos sofrimentos que repetia com frequência:

“Ou padecer, ou morrer por vós, meu Jesus! Aut pati, aut mori

Ao che­gar ao termo de sua vida dizia:

“Já é tempo, ó meu Deus, de vos ver, pois tanto me há consumido este desejo”

Entregou sua alma ao Criador no ano 1582.

São Carlos Borromeu

Este brilhantismo luminar da Igreja, nasceu em Arona, nas margens do Lago Maior. Um resplendor celestial que rodeou e iluminou o lugar de seu nascimento, pressagiava que havia de ser um grande santo. Jovem ainda, fugia da companhia dos mundanos e dos que se mostravam vãos em suas ações ou imodestos em suas palavras. Fazer pequenos altares, adorná-los, rezar diante deles, imitar as cerimônias da santa Igreja, eram seus melhores divertimentos. Tanto em Milão como em Pavia, onde cursou seus estudos não conheceu senão dois caminhos, o da Igreja e o da escola. Um santo sacerdote, ao contemplar seu devoto comportamento, exclamou: “Este jovem será um dia o reformador da disciplina na Igreja”. Na idade de 23 anos apenas foi feito cardeal e nomeado arcebispo de Milão. Seu zelo no ministério episcopal, sua caridade e fervor em tudo o que podia ser de utilidade para as almas, os trabalhos que venceu e seus numerosos escritos foram bastantes para fazer dele uma das mais firmes colunas da Igreja. Foi ele quem trabalhou com grande ardor para se levar a termo, secundando o ardente desejo de todos, a obra do Concílio de Trento. Em seguida, com o fim de promover a publicação e a aplicação prática dos decretos do mesmo, convocou vários concílios provinciais e sínodos diocesanos por cujo meio desarraigou não poucas desordens de sua vastíssima diocese e das de seus sufragâneos da Lombardia. Tendo uma espantosa epidemia infestado a cidade de. Milão se fez Carlos o pai de todos. Vítima da caridade, considerava a morte como um prêmio; por isso não descansava de dia nem de noite levando a todas as partes palavras de confiança, de amor e de consolação. Ele mesmo às vezes, administrava os sacramentos aos atacados da peste, e quisera estar continuamente com eles para servir-lhes se não lho impedissem seus eclesiásticos que temiam que a peste privasse a diocese de seu pai e pastor.

Trabalhava sem descanso, tomava alimento mui escasso e frequentemente comia a cavalo para não perder tempo. Em um só dia deu em esmolas uma herança de 40 mil escudos de ouro em outra ocasião deu 20 mil. Não se pode conceber como um só homem tenha podido efetuar tantas e tão grandes empresas. Gasto pelos trabalhos e pelas austeridades, sentindo chegar seu fim, pediu que o dei­tassem sobre um cilício e que o cobrissem de cinza. Depois de algumas horas de pacífica agonia, voou ao céu, tendo somente 47 anos de idade para receber o prêmio eterno de que se tinha feito credor com suas virtudes. (Ano 1584).

São Luiz Gonzaga

Enquanto se achava São Carlos fazendo a visita pastoral de sua diocese, apresentaram-lhe um tenro jovem, chamado Luiz cuja santidade angelical percebeu logo o santo arcebispo. Este jovem, primogênito dos marqueses de Gonzaga, nasceu em Castiglione. Chama-se angélico pela candura de seus costumes e pela união fervorosa de sua alma com Deus. Aos quatro anos já amava tanto a solidão, que com frequência se escondia em algum canto de sua casa ou em qualquer lugar oculto, e ali, de joelhos, com as mãos juntas orava com grande fervor. A devoção acrescentou austeras penitências. Nunca se aproximava do fogo para se aquecer por mais frio que fizesse e por mais cruel que fosse a estação; jejuava com tal rigor, que com frequência reduzia seu alimento ao peso de uma onça por dia. Punha pedaços de madeira na cama para atormentar-se também durante o sono; açoitava-se, às vezes, de tal modo que seus vestidos e a terra ficavam salpicados de sangue e cingia suas carnes com cinturões armados de rodas de esporas. Tendo entrado para a Companhia de Jesus levou a penitência, a virtude e o fervor até o heroísmo. Desejava ardentemente morrer mártir e alcançou efetivamente em Roma o martírio da caridade. Aparecendo nesta cidade uma horrível epidemia, pediu permissão a seus superiores para ir servir aos infectos da peste, e ele também foi vítima da doença fatal. Conhecendo que se aproximava seu fim, exclamava cheio de alegria: “Quão bela notícia me deu o médico! Dentro de oito dias estarei no paraíso!” E dizia a outros:

“Vamos ao paraíso, cantai um Te Deum por mim”

Faltando-lhe a palavra e fazendo esforços para pronunciar o Santíssimo nome de Jesus, adormeceu docemente no Senhor em 1591, aos 23 anos e 6 meses de idade. Foi beatificado pelo Papa Paulo V, no ano de 1612, em vida ainda de sua mãe, a qual conseguiu assim o melhor prêmio que podia esperar pela boa educação que lhe dera. Canonizou-o, mais tarde, o Papa Bento XIII que o propôs como modelo e o declarou protetor da juventude.

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