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História da Igreja 4ª Época: Capítulo III

São Tomas de Aquino

Entre os santos que brilharam neste tempo por grande saber e virtu­de, merecem singular menção os doutores. São Boaventura, toscano, e Santo Tomas de Aquino. Este último, nascido, de nobre família napolitana aos cinco anos de idade entrou para ser educado no convento dos Beneditinos do Monte Cassino. Mais tarde, ao manifestar seus desejos de se consagrar a Deus na ordem dos Pregadores, os parentes para impedi-lo encerraram-no em um calabouço. Pessoas infames tentaram-no ali gravemente para ver se lhe faziam perder a pureza, porém saiu Tomas vencedor, afugentando-as com um tição aceso. Saindo do cárcere, foi a Paris, onde estudou teologia sob a direção do célebre Alberto Magno. Ainda que fizesse maravilhosos progressos nas Ciências e na piedade, sabia ocultar de tal sorte seu talento, que seu silêncio era julgado necessidade, pelo que seus condiscípulos chamavam-lhe boi mudo. Mas o mestre, que bem o conhecia, dizia aos que mofavam dele, que algum dia os sábios mugidos do boi mudo ressoariam em toda a terra. Aos 25 anos tomou a seu cargo a cadeira de filosofia e teologia na universidade de Paris. Os ouvintes que corriam para aprender em tão célebre mestre, apelidaram-no o Anjo das Escolas.

Certo dia, estando em Nápoles, falou-lhe a Imagem de Jesus Cristo e disse-lhe:

“Tomas tens escrito bem de mim; que prêmio desejas?”

Respondeu-lhe:

“A Ti somente, ó meu Deus!”

Sentado um dia à mesa de São Luiz, rei da França, recordando uma questão teológica, encontrou de pronto a solução e dando um golpe com a mão sobre a mesa, exclamou:

“Achei o argumento contra Manés”

Lembrando-lhe seu superior que se achava em presença do rei, pediu humildemente perdão; porém o príncipe chamou logo um secretário, a quem ordenou escrevesse os argumentos do Santo Doutor. Ofereceram-lhe o arcebispado de Nápoles, que ele por humildade jamais quis aceitar. O Papa Gregório o convidou para o concílio ecumênico que devia reunir-se em Lion. O santo já se encaminhava para aquela cidade, ao chegar, porém, ao mosteiro de Fossanova adoeceu pediu o viático e completamente absorto em pensamentos celestiais, descansou no Senhor no ano 1274 aos 49 de idade.

São Boaventura

Boaventura chamou-se João até os quatro anos. Nessa idade foi curado de grave enfermidade pelas orações de São Francisco, que, ao vê-lo são, exclamou:

“Ó boa ventura!”

Desde então o menino se chamou Boaventura. Aos vinte e um anos professou as regras de São Francisco. Alexandre de Rales, seu mestre admirando a candura e inocência de seus costumes, costumava dizer:

“Parece não ter entrado em Boaventura o pecado de Adão”

Conhecido o talento e a rara prudência que o adornavam, foi eleito geral de sua ordem. Em seguida o Papa Clemente IV o elevou ao arcebispado de Iorque. na Inglaterra, porém fez o santo tantas instâncias junto ao Papa, que este o dispensou de tal encargo. Gregório X o obrigou a aceitar a dignidade de cardeal e de bis­po de Albano. Quando lhe Comunicaram a notícia, acharam-no lavando o material da cozinha. Continuou em sua tarefa como se nada tivesse acontecido; tomou depois a carta e tendo-a exa­minado, prorrompeu em sinais de repugnância, e só para obedecer ao Papa aceitou a dignidade que este lhe propusera. O mesmo Pontífice ordenou-lhe que se preparasse sobre as matérias do concílio de Lion. Falou nele na segunda e terceira sessão, porém depois da quarta foi surpreendido por uma enfermidade que em pouco tempo causou-lhe a morte. Morreu no ano de 1274, aos 53 anos de idade.

Tendo ido visitá-lo um dia seu grande amigo Santo Tomás de Aquino, achou-o escrevendo a vida de São Francisco.

“Que não o interrompam, disse: deixemos que um santo escreva a vida de outro santo”

Em outra ocasião perguntou-lhe o mesmo, onde tinha aprendido aquelas coisas admiráveis que ensinava em seus escritos: e ele apontando para o crucifixo respondeu-lhe:

“Eis o livro onde aprendo o que ensino”

Segundo Concílio de Lion

O XIV concílio geral, II de Lion, foi convocado na cidade deste nome, no mês de maio do ano de 1274. Principal fim deste Concílio era a reunião da Igreja grega cismática com a Igreja católica. Já havia quatro séculos que a Igreja grega, como já dissemos, por obra de Fócio, se tinha separado da Santa Sé apostólica. Ainda que pouco depois tivesse voltado à unidade, todavia pela soberba de Miguel Cerulário, patriarca de Constantinopla, tornou a separar-se completamente da obediência ao romano Pontífice. Porém Deus, no século XIII a chamou de novo à verdade por meio de gravíssimos castigos. Ameaçavam-na continuamente os Turcos e para não cair em suas mãos, necessitava da assistência do Papa. Por isto, o Imperador Miguel Paleólogo mandou uma carta por um legado seu, ao bem-aventurado Gregório X, protestando que ele e todos os seus súditos desejavam tornar a fazer parte da unidade católica. Alegrou-se muitíssimo o Papa e, para que se tratasse o assunto com a maior, circunspeção, convocou o Concílio de Lion. Assistiram a ele, além dos patriarcas latinos, os representantes do Imperador de Constantinopla e vários patriarcas e bispos orientais, 500 bispos e 1070 abades e insígnes teólogos. Os Gregos abjuraram seus erros, declararam acreditar que o Espírito procede não somente do Pai senão também do Filho, admitiram a existência do purgatório, a validade do Sacramento da Eucaristia consagrada com pão ázimo, e confessaram finalmente, que o romano Pontífice é o verdadeiro e legítimo sucessor de São Pedro, e que é impossível se salvar quem não permanecer unido a ele. O Papa que presidia o Concilio em pessoa, vendo voltar ao redil de Jesus Cristo, a tantos filhos extraviados, em um transporte de alegria, entoou um solene Te Deum, que a uma voz cantaram todos os presentes.

O jovem Vicente Verner

Naqueles tempos aconteceu um fato atroz que deu a conhecer quan­to ódio abrigavam os Judeus contra nossa santa religião. Um jovem camponês de Treves (França) chamado Vicente Verner, tinha-se empregado, na idade de 15 anos, com alguns judeus de Vesel, pa­ra trabalhar a pagamento em uma adega. Um dia a mulher que caritativamente lhe dava morada lhe disse:

“Verner, chegou a sexta-feira san­ta, os judeus te vão matar”

O inocente jovem respondeu-lhe:

“Eu não posso viver senão trabalhando; minha vida está nas mãos do Senhor”

Na quinta-feira santa confessou e comungou e depois voltou para seu trabalho. Os judeus desceram com ele à adega: puseram-lhe uma bola de chumbo na boca para não se ouvirem os gritos, e em seguida ataram-no a um pau de cabeça para baixo, para que vomitasse a santa Hóstia; porém não podendo consegui-lo, açoitaram-no cruelmente. Abriram-lhe logo as veias e o espremeram com tenazes para que saísse todo o sangue de seu corpo. Foi conservado suspenso no ar durante três dias, já pelas pernas, já pela cabeça, até que exalou o último suspiro. Isto se deu no ano 1287. Seu cadáver ainda que enterrado em uma gruta, foi descoberto por luz portentosa que apareceu no lugar onde se achava sepultado. Foi tirado dali e com a honra devida, enterrado em uma capela. Martírio parecido a es­te sofreu em Damasco o Pe. Tomas de Sardenha, nos últimos anos do pontificado de Gregório XVI.

São Celestino V

Foi São Celestino um dos Papas que deram mui singular exemplo de humildade. Nascido em Sulmona; desde jovem dedicou-se inteiramente à contemplação das coisas celestiais e ao exercício da penitência. Depois de ter levado setenta anos de vida austera e penitente, em um deserto tiraram-no, quase à força, dali no ano 1294 para torná-lo Papa em lugar de Nicolau IV que falecera em 1292. De todas as partes acudiam as multidões para verem o novo Pontífice, que com a fama de suas virtudes e milagres atraia a admiração de todos. Mas cinco meses depois de ocupar o trono pontifício, levado por sua humildade e amor ao retiro, renunciou ao Papado, coisa nunca vista até então; e apesar das vivas instâncias dos cardeais, quis tornar a vestir os humildes hábitos de anacoreta; no fim de dez meses morreu em Sulmona, na Campania, com fama de santidade. Ano 1296. Foi ele fundador dos monges chamados Celestinos.