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Que somos em comparação dos Santos?

Meditação para a Undécima Segunda-feira depois de Pentecostes. Sétima razão de sermos Humildes: Que somos em comparação dos Santos?

Meditação para a Undécima Segunda-feira depois de Pentecostes

Sétima razão de sermos Humildes

SUMARIO

Meditaremos sobre a sétima razão de sermos humildes, que é perguntarmos muitas vezes a nós mesmos: Que sou eu em comparação dos santos? E para compreendermos esta razão, consideraremos:

1.° Que para nos avaliarmos com exatidão, devemos tomar para pontos de comparação as virtudes dos santos;

2.° Que esta comparação é profundamente humilhante para nós.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De perguntarmos a nós mesmos:

Como faria um santo esta oração, esta obra; como empregaria este dia?

2.° De nos humilharmos cada dia, dizendo conosco:

Ó! Quão longe estou do que foram os santos!

O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Davi:

“Eu me farei mais humilde do que me tenho feito” – Vilior fiam plus quam factus sum (2Rs 6, 22)

Meditação para o Dia

Adoremos e bendigamos a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que desde toda a eternidade nos elegeu e chama para sermos santos (Ef 1, 3). Agradeçamos-Lhe tão bela e gloriosa vocação, e imploremos-Lhe a graça de bem a cumprir.

PRIMEIRO PONTO

Para nos avaliarmos com exatidão devemos tomar para pontos de comparação as virtudes dos Santos

O orgulho inspira-nos algumas vezes pérfidas comparações. Confrontamos a nossa vida com a dos grandes pecadores, ou das pessoas mundanas e pouco religiosas, e dizemos conosco:

“Não sou como este ou aquele; a minha vida não tem sido escandalosa; não podem arguir-me de grandes desmanchos”

Outras vezes comparamo-nos com certas pessoas piedosas e devotas, que a malignidade acusa de alguns defeitos e imperfeições, de que nos gloriamos de ser isentos. Depois disto, julgamo-nos ainda melhores que essas pessoas devotas, e louvamo-nos a nós mesmos. Deplorável raciocínio! Porquanto, que nos importa a nós, que queremos salvar-nos, a conduta daqueles que arriscam a sua salvação? Se não temos os mesmos defeitos que certas pessoas piedosas, temos as virtudes que os compensam? Julgamos nós que seremos justificados ante o tribunal do supremo Juiz, porque poderemos dizer-lhe:

“Não cometi culpas como este, não tive os defeitos daqueles?”

Se aspiramos ao céu, devemos saber que ele está reservado somente aos santos, e que quem não for santo não entrará nele. Se queremos pois salvar-nos, comparemo-nos com os santos, e corrijamos, seguindo estes belos modelos de santidade, o bom conceito que formamos de nós mesmos. É isto o que fazemos?

SEGUNDO PONTO

A comparação da nossa vida com a dos Santos é profundamente humilhante para nós

Com efeito, temos nós os mesmos sentimentos e virtudes que os santos? Temos a humildade de um São Domingos, que olhava os desprezos como a mais deliciosa coisa do mundo; que, às portas das cidades, onde ia entrar, caía de joelhos, com as lágrimas nos olhos, conjurando o céu que não lançasse o raio sobre elas, quando recebessem dentro de seus muros tão grande pecador?

Temos a viva fé de um São Gregório Taumaturgo, que transportava os montes?

Temos o espírito de oração de um Santo Antão que, achando muito curtas as longas noites de inverno, se queixava de que o dia viesse distraí-lo de seus colóquios com Deus?

Temos o espírito de mortificação de uma Santa Catarina de Sena, que lamentava a necessidade de conceder algum descanso ao seu corpo?

Temos tanto apego à cruz como Santa Tereza, que não podia viver sem padecer? (1)

Temos tanto amor a Jesus crucificado como São Vicente Ferrer, que se desfazia em lágrimas ouvindo ler três palavras da Paixão?

Sendo estas as virtudes dos santos, onde estão as nossas? Façamos a comparação diante de Deus, que nos há de julgar. Santo Antão, depois de ter conversado um dia com São Paulo eremita, retirou-se com os olhos pregados no chão, o coração soluçando, o rosto desfigurado, declarando que não merecia o nome de religioso, e que lhe era preciso mudar de vida. Que devemos pois fazer à vista de tantos santos extraordinariamente exalçados pela graça, cheios de humildade? Sirva-nos ao menos esta consideração para reconhecermos a nossa pobreza, nos humilharmos, nos confundirmos, e termos uma melhor vida (2).

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Aut pati aut mori

(2) In spiritu humilitatis et in animo contitort (Oração do ofertório)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo VI, p. 87-89)