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Por que Buscas Descanso?

Meditação para o Dia 17 de Agosto

Segundo a Imitação de Cristo, Cap. X – L. II

Para que buscas descanso se nasceste para o trabalho? Dispõe-te à paciência, mais do que à consolação, e a levar a cruz antes do que ter alegria. Que homem mundano não receberia de boa vontade a consolação e alegria espiritual se delas sempre pudesse gozar? As consolações espirituais excedem a todos os prazeres do mundo e os deleites da carne. Porque todas as delícias do mundo ou são torpes ou vãs, e só as espirituais são alegres e honestas, geradas pelas virtudes e infundidas por Deus nos corações puros. Mas ninguém pode lograr continuamente estas consolações divinas à medida do seu desejo, porque breve é o tempo em que não há tentação.

Um grande obstáculo às consolações celestes é a falsa liberdade da alma e a presunçosa confiança em si mesmo. Deus faz bem ao homem dando-lhe a graça da consolação; o homem faz mal não atribuindo tudo a Deus e não Lhe dando graças. E, se em nós não abundam os dons da graça, é porque somos ingratos a seu Autor, não Lhos atribuindo como à fonte de todo o bem. Porque nunca recusa Deus a graça a quem dignamente é agradecido, e nega ordinariamente ao soberbo o que costuma dar ao humilde. Não quero consolação que me tire a compunção, nem contemplação que me faça cair em desvanecimento. Pois nem tudo o que é elevado é santo, nem tudo o que é doce é bom, nem todo desejo é puro, nem tudo o que nos agrada, agrada a Deus. De boamente aceito a graça que me faz humilde e timorato e que melhor me dispõe para renunciar a mim mesmo. O homem instruído pela graça e escarmentado em tê-la perdido, não ousará atribuir-se a si bem algum, antes se confessará pobre e sem merecimento. Dá a Deus o que é de Deus e atribui a ti o que é teu; isto é, dá graças a Deus pelos auxílios que te concede e só a ti atribui à culpa e reconhece que, não havendo em ti senão pecado, nada te é devido senão a pena do pecado. Põe-te, pois, no último lugar e alcançarás o primeiro, porque o que é mais alto se apoia sobre o que é mais baixo.

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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 248)

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