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O Trono da Misericórdia

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Meditação para o dia 06 de Maio. O Trono da Misericórdia

Meditação para o dia 06 de Maio

Durante sua vida na terra, tinha a Virgem um coração cheio de piedade e ternura para com os homens, observa São Jerônimo; mas tinha-o de tal forma que ninguém pode sentir tão vivamente suas próprias aflições, como Maria sentia as alheias. Bem o mostrou nas bodas de Caná, de que já temos falado. Na falta de vinho, diz São Bernardino de Sena, a Senhora assumiu espontaneamente o ofício de compassiva consoladora. Compadecida da aflição dos noivos, empenhou- se junto ao Filho e obteve o milagre que fez abundar o vinho nas talhas de água.

Ainda mais misericordiosa é Maria no céu

Dirige-lhe São Pedro Damião a pergunta: Por ventura vos esquecestes de nós, miseráveis, agora que estais exaltada à dignidade de Rainha do céu? Longe de nós tal pensamento! É incompatível com a grande piedade do vosso coração o olvido de uma tão grande miséria como a nossa. — As honras mudam os costumes, afirma um conhecido adágio. Mas ele não é aplicável a Maria. Vale dos homens no mundo, que se ensoberbecem e esquecem os antigos amigos pobres, logo que se veem elevados a alguma dignidade. Assim não procede Maria Santíssima. Justamente, por melhor ajudar os miseráveis é que se rejubila com sua grandeza. Em vista disso, aplica-lhe Conrado as palavras de Booz a Rut:

“Filha, bendita sejas do Senhor, que excedeste a tua primeira bondade com esta de agora” (Rut. 3, 10)

Por outra queria dizer o autor: Se grande foi a piedade de Maria para com os miseráveis, quando vivia no mundo, muito maior é ela agora no céu. E a prova está em que agora a Virgem melhor conhece nossas misérias. Sua misericórdia aumentou com esse conhecimento, como o demonstram as inumeráveis graças que nos alcança. Como em esplendor o sol supera a lua, assim a compaixão de Maria, no céu, excede a que tinha durante sua vida na terra. E quem há que neste mundo não goze da luz do sol? E onde haverá um homem sobre cuja cabeça não caiam os esplendores da misericórdia de Maria? Assim termina Conrado suas considerações. É por esta razão que lemos ser Maria “fulgurante como o sol” (Ct. 6, 9). Pois, segundo Raimundo Jordão, não há quem não sinta o calor desse astro:

“Ninguém pode esconder-se de seu calor” (Sl. 18, 7)

Foi o que Santa Inês revelou a Santa Brígida: Nossa Rainha, ao lado de seu Filho no céu, não pode se esquecer de sua natural bondade. Até os pecadores mais ímpios são obsequiados com provas de sua misericórdia. Tal como a terra e outros planetas são iluminados pelo sol, também por intercessão de Maria, todos os homens participam da divina misericórdia, desde que a peçam.

Escreve São Bernardo que Maria se faz tudo para todos e lhes abre o seu compassivo coração, para que todos dele recebam: o escravo, o resgaste; o enfermo, a saúde; o pecador, o perdão; Deus, a glória. É o sol e assim ninguém fica sem sentir seu calor. — E quem não amaria essa amabilíssima Rainha? pergunta São Boaventura. Ela é mais bela que o sol, mais doce que o mel; é um tesouro de bondade, para todos é amável, com todos afável. Salve, pois, prossegue o inflamado Santo, ó minha Santíssima Senhora e Mãe! Salve, ó meu coração e minha alma! Perdoai-me, se vos declara meu amor. Se de amar-vos não sou digno, muito digna, entretanto, sois vós de meu amor.

Quando se dizem devotamente à Santíssima Virgem estas palavras: “Eia, pois, advogada nossa, a nós volvei esses vossos olhos misericordiosos”, não pode Maria deixar de volver os olhos para quem a invoca. Assim foi revelado a Santa Brígida. Ó soberana Senhora, exclama São Bernardo, como é grande vossa misericórdia; dela a terra inteira está cheia! Declara, por isso, São Boaventura que essa Mãe amorosíssima tem o mais vivo desejo de fazer bem a todos; que se julga ofendida não só por quantos a injuriam, como por aqueles que não solicitam seus favores. Vós mesma nos ensinais, ó Senhora, exclama Santo Hildeberto, a esperar por graças superiores a nossos merecimentos, já que; sem cessar continuais dispensando-nos tais favores.

Para todos Maria é um trono de misericórdia

Predissera Isaías profeta que pela grande obra da redenção nos devia ser preparado um sólio de misericórdia.

“E será estabelecido um sólio de misericórdia” (16, 5)

Mas qual é esse sólio? É Maria, na qual acham confortos de misericórdia, não só os justos mas também os pecadores, responde Conrado de Saxônia. Assim como o Salvador é cheio de piedade, também o é Nossa Senhora; à semelhança do Filho, a Mãe nada pode recusar a quem a chama em seu socorro. Guerrico, abade, faz Jesus dizer a Maria:

“Minha Mãe, em vós quero colocar a sede do meu reino é por intermédio vosso hei de espalhar as graças que me foram solicitadas. Vós me destes o ser humano, e eu vos darei ter parte em minha onipotência, com a qual possais ajudar e salvar a quem quiserdes”

Com grande afeto dirigia Santa Gertrudes certa vez as sobreditas palavras à Virgem Santíssima:

“A nós volvei esses vossos olhos misericordiosos”

Apareceu-lhe então a Senhora com o Menino Jesus nos braços e, mostrando-lhe os olhos de seu divino Filho, disse:

“São estes os olhos misericordiosos que posso inclinar, a fim de salvar a todos aqueles que me invocam”

Chorando uma vez um pecador diante de uma imagem de Maria, e pedindo-lhe que lhe alcançasse de Deus o perdão de seus pecados, viu a bem-aventurada Virgem voltar-se para o menino que tinha nos braços e lhe dizer:

“Filho perder-se-ão estas lágrimas?”

Reconheceu o infeliz que Jesus Cristo lhe concedera o perdão.

E como poderia perecer quem se encomenda a esta boa Mãe? Não lhe prometeu seu Divino Filho usar de misericórdia por seu amor e segundo seu desejo, para com todos que a ela recorrem?

EXEMPLO

Conta-se nas Crônicas Franciscanas, que frei Leão viu uma vez em visão duas escadas, uma branca e vermelha a outra. Sobre a última estava Jesus Cristo e sobre a primeira estava sua Mãe Santíssima. Reparou como alguns tentavam subir pela escada vermelha. Mas caiam logo depois de subirem alguns degraus; tornavam a subir e outra vez caiam. Foram avisados de que deviam subir pela escada branca, e por essa viu-os subir felizmente, porquanto a Santíssima Virgem lhes dava a mão, e assim chegavam seguros ao paraíso.

Nota — Essa visão é como um comentário para as palavras que Leão XIII e Bento XV haviam de escrever:

“Como só pelo Filho nós chegamos ao Pai, assim ao Filho ninguém chega senão por meio de sua Mãe”

— Nota do tradutor.

ORAÇÃO

Ó Maria, ó Mãe caríssima, em que abismo de males me havia de achar, se não me tivésseis salvado tantas vezes com vossas mãos piedosíssimas? Há quantos anos estaria no inferno, se vossa poderosa intercessão dele não me houvesse preservado? Para lá me impeliram meus gravíssimos pecados; a justiça divina já me havia condenado; os demônios bramiam, procurando executar a sentença. Vós, porém, correstes sem eu vos chamar, ó Mãe; sem vo-lo pedir, me salvastes. Ó minha querida libertadora, que vos darei eu por tantas graças e por tanto amor? Vencestes a dureza do meu coração e me levastes a amar-vos e a confiar em vós. Ai! em que abismo de males teria caído mais tarde, se com vossa mão piedosa não me tivésseis auxiliado tantas vezes nos perigos em que tenho estado próximo a cair! Continuai a livrar-me do inferno, e primeiramente do pecado que para lá me pode levar. Não permitais que haja de amaldiçoar-vos no Inferno. Ó Senhora minha diretíssima, eu vos amo. Será possível que vossa bondade sofra que um servo vosso, que vos ama, seja condenado? Ah! Obtende-me a graça de não ser mais ingrato para convosco, nem para com meu Deus, que por amor vosso tantas graças me tem dispensado. Ó Maria, que dizeis? Será possível que eu venha a me condenar? Condenar-me-ei se vos abandonar. Mas como terei jamais a presunção de abandonar-vos? Como poderei esquecer vosso amor para comigo? Sois, depois de Deus o amor de minha alma. Eu não quero viver mais sem amar-vos. Eu hei de vos querer bem, eu vos amo e espero que sempre vos hei de amar, no tempo e na eternidade, ó criatura a mais bela, a mais santa, a mais doce, a mais amável deste mundo. Amém.

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(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. Um Mês com Nossa Senhora ou Mês de Maria, segundo Santo Afonso Maria de Ligório. Edições Paulinas 1ª ed., 1949, p. 53-58)