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Maria última Esperança dos pecadores

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Meditação para o dia 08 de Maio. Maria última Esperança dos pecadores

Meditação para o dia 08 de Maio

Diz São Tomás de Vilanova:

“Ó Maria, nós, miseráveis pecadores, não sabemos achar outro refúgio fora de vós. Sois nossa única esperança a quem confiamos a nossa salvação; perante Jesus Cristo sois nossa única advogada, a quem nos dirigimos”

Astro precursor do sol é Maria, nas revelações de Santa Brígida. Quer isto dizer: Quando em uma alma pecadora desponta a devoção a Maria, é sinal certo que dali a pouco Deus a virá enriquecer com a Sua graça. Para avivar nós pecadores a confiança na proteção de Maria, recorre o glorioso São Boaventura à imagem de um mar agitado pela tempestade. Os pecadores já caíram da nau divina graça e são carregados, de todos os lados, sobre as ondas, pelos remorsos de consciência e pelo temor da justiça de Deus, sem luz nem guia. Já estão próximos de perder toda a esperança, prestes a desesperar. Eis que neste momento o Senhor lhes mostra Maria chamada comumente Estrela do mar, e brada-lhes: Pobres pecadores, que já estais quase perdidos, não desesperais; volvei os olhos para esta formosa Estrela e confiai; pois Maria vos livrará desta tempestade e vos conduzirá ao porto da salvação.

O mesmo diz São Bernardo: se não queres ficar submergido das tempestades, olha para a Estrela e chama por Maria para que te socorra. Pois, como diz Blósio, é ela a única salvação de quem ofendeu a Deus, o único refúgio de todos os tentados e atribulados. Esta Mãe de misericórdia é toda benigna, toda suave, não só para com os justos, mas também para com os pecadores e desamparados. Logo que os vê recorrer a ela, pedindo de coração seu auxílio, prontamente os socorre, acolhe-os e obtém-lhes o perdão de seu Filho. A ninguém desdenha, por mais indigno que seja. A ninguém sonegam a sua proteção, todos consola e, apenas é chamada, já está presente. Com a sua bondade muitas vezes atrai à sua devoção os afastados de Deus.

Maria é, às vezes, a última esperança dos pecadores

Lê-se no livro de Rut (2, 3) que Booz permitiu a uma mulher por nome Rut respigar, indo atrás dos segadores. Aqui sugere Conrado de Saxônia:

“Como Rut achou graça aos olhos de Booz, assim Maria achou graça diante de Deus, para recolher as espigas abandonadas pelos segadores”

Estes últimos são os operários evangélicos, os missionários, os pregadores, os confessores, que com as suas fadigas continuamente colhem e amealham almas para Deus. Almas há, porém, rebeldes e obstinadas que são abandonadas por eles. Só a Maria é dado salvar, por sua poderosa intercessão, essas espigas largadas no campo. Mas quão infelizes são as almas que nem por esta doce Senhora se deixam apanhar! Estas, sim, serão com efeito perdidas e amaldiçoadas. Bem-aventurado, ao contrário, quem recorre a esta boa Mãe. Pecador algum, tão perdido e tão viciado há no mundo, diz Blósio, que Maria o aborreça e despreze. Não; se lhe vier pedir socorro, ela sabe e pode reconciliá-lo com seu Filho e alcançar-lhe o perdão.

É, pois, com razão, ó minha Rainha, que São João Damasceno vos saúda como esperança dos desamparados. Com razão vos chama São Lourenço Justiniano esperança dos delinquentes; e Pseudo-Agostinho, único refúgio dos pecadores; Santo Efrem, porto seguro dos náufragos, ajuntando que sois até protetora dos réprobos. Finalmente tem razão São Boaventura, ao exortar à esperança até os mais desesperados.

E Maria comparada ao plátano:

“Eu cresci como o plátano” (Eclo 24, 14)

A isso bem atendam os pecadores. O plátano oferece agasalho ao viandante que em sua sombra pode repousar, livre dos raios do sol. Também Maria, quando vê acesa contra eles a irá da divina justiça, os convida a refugiarem-se à sombra da sua proteção. Lamentava-se o profeta Isaías em seu tempo, dizendo:

“Eis aí está que tu te iraste Senhor, porque nós pecamos; não há quem se levante e te detenha” (64, 5, 7)

Senhor estais justamente irado contra os pecadores, queria ele dizer, não há quem por nós vos possa aplacar. Assim gemia o profeta, diz Conrado de Saxônia, porque então Maria ainda não era nascida. Mas agora, se Deus está irado contra qualquer pecador e Maria toma à sua conta protegê-lo, ela detém o Filho, para que não o castigue, e salva-o. Ninguém há, continua Conrado, mais apto do que ela para suspender a espada da divina justiça, para que não descarregue o golpe sobre os pecadores. Sobre este mesmo pensamento diz Ricardo de São Lourenço que Deus, antes de no mundo existir Maria, se queixava de não haver quem o impedisse de punir os pecadores; mas agora é Maria quem o aplaca.

Ó pecador — exclama Basílio de Selêucia — não percas a confiança, mas recorre a Maria em todas as necessidades; chama-a em teu socorro, pois a encontrarás sempre pronta para te valer, porque é vontade de Deus que ela nos valha em todos os nossos apuros. Tem esta Mãe de misericórdia mui vivo desejo de salvar os pobres pecadores. Por isso vai pessoalmente em busca deles para os ajudar e sabe como reconciliá-los com Deus, se a ela recorrem.

EXEMPLO

É célebre a história de Teófilo, escrita pelo clérigo Eutiquiano de Constantinopla, como testemunha ocular que foi do fato que passo a relatar. Segundo o padre Crasset, confirmam-no São Pedro Damião, São Bernardo, São Boaventura, Santo Antônio e outros.

Era Teófilo arcediago da igreja de Adanas, na Cilicia. Tanto o estimava o povo que o quis para bispo, dignidade que ele por humildade recusou. Caluniado, porém, por alguns malvados, e por isso destituído de seu cargo, ficou de tal maneira desgostoso, que, fora de si pela paixão, se foi valer do auxílio de um mágico judeu. Pô-lo este em comunicação com o demônio, o qual prometeu a Teófilo auxiliá- lo, mas sob a condição de assinar ele, de próprio punho, um papel pelo qual renunciava a Jesus e Maria, sua Mãe. Acedeu Teófilo e assinou a execranda renúncia. No dia seguinte o bispo reconheceu a falsidade das acusações contra Teófilo e pediu-lhe perdão, restituindo-lhe o cargo que ocupara. Mas o infeliz chorava sem cessar, tendo a consciência dilacerada de remorso pelo enorme pecado que havia feito. Finalmente vai à igreja, ajoelha-se diante da imagem de Maria e lhe diz:

“Ó Mãe de Deus, não quero desesperar; ainda vós me restais, vós que sois tão compassiva e poderosa para me ajudar”

Durante quarenta dias viveu chorando e invocando a Santíssima Virgem. Uma noite apareceu-lhe a Mãe de misericórdia e disse-lhe: Que fizeste, Teófilo? Renunciaste á minha amizade e à de meu Filho e te entregaste àquele que é teu e meu inimigo! Senhora, respondeu Teófilo, haveis de me perdoar e de me obter o perdão de vosso filho.

Vendo Maria tão grande confiança, acrescentou:

“Consola-te, que vou rogar a Deus por ti”

Reanimado, redobrou Teófilo as lágrimas, as preces e as penitências, conservando-se sempre aos pés da imagem de Maria. Reapareceu lhe a Mãe de Deus e amavelmente lhe diz:

“Teófilo enche-te de consolação. Apresentei a Deus tuas lágrimas e orações: de hoje em diante guarda-lhe gratidão e fidelidade”

“Senhora minha, replicou o infeliz, ainda não estou plenamente consolado; ainda conserva o demônio o ímpio documento em que renunciei a vós e a vosso Filho; podeis fazer que mo restitua”

E eis que três dias depois, acordando Teófilo à noite, achou sobre o peito o referido documento. No dia seguinte foi à igreja e ajoelhando-se aos pés do bispo que justamente oficiava, contou-lhe por entre soluços tudo quanto havia acontecido. Entregou-lhe o ímpio documento, que o bispo fez queimar imediatamente diante dos fiéis presentes, enquanto choravam todos de alegria, exaltando a bondade de Deus, e a misericórdia de Maria para com aquele pobre pecador. Teófilo, entretanto, voltou à igreja de Nossa Senhora, onde no fim de três dias morreu contente e cheio de gratidão para com Jesus e sua Mãe Santíssima.

ORAÇÃO

Ó Maria, advogada nossa, falai então em favor dos miseráveis pecadores. Lembrai-vos de que é para nossa felicidade também que recebestes de Deus tão grande poder e dignidade. Se um Deus dignou fazer-se vosso devedor pela natureza humana que de vós assumiu, é para que possais a vosso grado dispensar aos miseráveis os tesouros da divina misericórdia. Vossos servos somos, dedicados de modo especial a vosso serviço, e nos gloriamos de viver sob vossa proteção. Se fazeis bem a todos os homens, ainda aos que não vos conhecem ou honram, e até aos que vos ultrajam e blasfemam, que não devemos esperar de vossa benignidade que busca os miseráveis para os socorrer, nós que vos honramos, amamos e confiamos em vós?

Grandes pecadores nós somos, porém Deus vos deu misericórdia e poder que ultrapassam nossas iniquidades. Quereis e podeis salvar-nos; e nós tanto mais queremos esperar nossa salvação, quanto mais indignos dela somos para mais vos glorificar no céu, quando lá entrarmos por vossa intercessão. Ó Mãe de misericórdia, nós vos apresentamos nossas almas, outrora aformoseadas e lavadas pelo sangue de Jesus Cristo, mas depois enegrecidas pelo pecado. Nós vo-las oferecemos; purificai-as. Alcançai-nos uma sincera conversão, o amor de Deus, a perseverança, o paraíso. Grandes favores vos pedimos; mas não podeis obter tudo? Seria muito para o amor que Deus vos tem? Bastante vos é abrir a boca e implorar vosso Filho: ele nada vós recusa. Rogai, pois, ó Maria, rogai por nós, intercedei por nós e sereis atendida e nós seremos salvos com certeza.

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(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. Um Mês com Nossa Senhora ou Mês de Maria, segundo Santo Afonso Maria de Ligório. Edições Paulinas 1ª ed., 1949, p. 66-71)