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Zelo em ouvir ou dizer Missa

Meditação para o Sábado depois de Pentecostes. Zelo em ouvir ou dizer Missa

Meditação para o Terceiro Sábado depois de Pentecostes

SUMARIO

Meditaremos os motivos do zelo que devemos ter em ouvir ou dizer Missa:

1.º Porque de todos os exercícios religiosos, é o mais agradável à Santíssima Trindade;

2.º Porque é o mais útil para nós e para a Igreja.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De não deixarmos nenhum dia, sendo possível, de dizê-la ou ouvi-la;

2.° De a dizermos ou ouvirmos sempre com viva fé e profunda devoção.

O nosso ramalhete espiritual será este belo versículo da Imitação:

“Quando o sacerdote celebra, honra a Deus, alegra os anjos, edifica a Igreja, socorre os vivos e os mortos e obtém para si toda a sorte de bens” – Quando sacerdos celebrat, Deum honorat, angelos laetificat, Ecclesiam aedificat, vivos adjuvat, defunctis requien praestat et sese omnium bonorum participem efficit (IV imitação 5, 3)

Meditação para o Dia

Adoremos Nosso Senhor, o sumo pontífice, consumando no altar, pelo ministério do sacerdote, tão bem como na cruz em Sua própria pessoa, o sacrifício, que glorifica a Deus e salva o mundo. Demos-Lhe graças por nos admitir todos a participar dos méritos deste solene ato: Vinde todos a mim (1), nos diz Ele; e prometamos-Lhes responder a este amável convite de pronto e com amor.

PRIMEIRO PONTO

A Missa é de todos os atos religiosos o mais Agradável à Santíssima Trindade

É só à Santíssima Trindade que pode oferecer-se o augusto sacrifício (2); e que podemos nós oferecer-Lhe melhor que um ato, que Lhe alcança uma glória infinita, que Lhe tributa por todos os Seus benefícios uma ação de graças infinita, e satisfaz à Sua justiça com uma reparação infinita? Ora o sacrifício da Missa reúne estas três grandes vantagens, como já o meditamos nas nossas precedentes orações: de onde devemos concluir, que nada podemos fazer, que seja mais agradável a Deus, do que assistir ao Santo Sacrifício quando o não oferecemos, do que vir receber o Seu eterno Filho no momento em que desce dos esplendores dos santos ao altar, do que ali o cercar dos nossos louvores e do nosso amor, unir a nossa oração à Sua, o sacrifício de nós mesmos ao sacrifício que faz da Sua própria Pessoa, e de adorar, amar, bendizer por Ele a Santíssima Trindade, a quem se oferece.

Um grande monarca, que mandasse o seu filho visitar as suas províncias, se reputaria ofendido com o descuido dos seus súditos em vir receber esse amado filho; e ao contrário ficaria lisonjeado com a solicitude, que empregassem em vir ao seu encontro e fazer retumbar os ares com gritos entusiásticos de amor e dedicação. Sucede o mesmo com o Santo Sacrifício: tanto vê com desprazer a Santíssima Trindade a negligência dos que deixam quase só na Igreja o celebrante com o seu acólito, como com delícias um numeroso povo reunido em redor do altar, orando e adorando com o celebrante. Maria e João, junto à cruz, assistindo à morte do Salvador no Calvário, eram o objeto da complacência da Santíssima Trindade; é a imagem dos cristãos assistindo ao sacrifício da Missa, pios no altar é o mesmo sacrifício que no Calvário.

Aprendamos daqui a assistir as mais vezes, que for possível, à Missa, e detestemos a negligência dos que não assistem a ela, podendo.

SEGUNDO PONTO

O Santo Sacrifício é, de todos os atos religiosos, o mais Útil a nós e à Igreja

1.º É evidente que nenhuma oração, até a de todos os anjos juntos, pode valer a oração de Jesus Cristo imolando-Se sobre o altar e fazendo falar por nós todas as Suas chagas como outras tantas vozes suplicantes. Desprezarmos com a nossa ausência não motivada uma oração tão poderosa, é sermos inimigos de nós mesmos, é pecar contra os nossos mais preciosos interesses.

2.° Oferecer o Santo Sacrifício ou somente unir-nos ao sacerdote, que o oferece, assistindo a ele, conformando-nos com o seu espírito e as suas intenções, é, como já o meditamos, procurar a alegria da Igreja triunfante, o alívio da Igreja padecente, o socorro mais eficaz da Igreja militante: ora pode haver coisa mais útil à Igreja universal? Por pouco que amemos os nossos irmãos do céu, não devemos nós julgar-nos felizes de os ajudar a glorificar e a agradecer ao Senhor? Por pouco que nos comovam os sofrimentos das almas do Purgatório, não devemos nós alegrar-nos de as aliviar com este divino Sacrifício?

Finalmente, se somos insensíveis aos males da Igreja militante, às dores de toda a espécie, que padecem os filhos de Adão, que felicidade para nôs socorrê-los com este mesmo sacrifício! Oh! Quanto estes doces pensamentos elevem tornar-nos cada dia assíduos à Missa, quando isso nos seja possível! Temos nós este zelo em ouvi-la ou em assistir a ela piamente?

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Venite ad me omnes (Mt 11, 28)

(2) Suscipe, Sancta Trinitas… Placeat tibi, Sancta Tritus (Orações do Ofertório e antes da bênção do sacerdote)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo III, p. 206-209)